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Segurança Pública não é assunto para amadores

Você provavelmente já ouviu esta afirmação e concordou com ela.

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Araújo Gomes

Por Araújo Gomes

Foto: GMF | Divulgação
Foto: GMF | Divulgação

Não é por acaso que o tema da segurança pública sempre ocupa uma posição destacada nas pesquisas para identificar preocupações e prioridades das pessoas, afinal concordamos que ela é importante para a qualidade de vida nos lugares onde vivemos, estudamos, trabalhamos e visitamos. Por isso mesmo, um desafio para os governantes é controlar de forma sistematicamente eficiente a criminalidade e seus desdobramentos, construindo e consolidando uma combinação de aumento da confiança e redução do medo.

Entretanto, diante da diversidade de crimes ou mesmo de eventos de violência e desordem a serem prevenidos e controlados, são necessários modelos conceituais com bases científicas para identificar e avaliar as ações a serem realizadas ou teremos iniciativas amadoras, improvisadas e provavelmente ineficientes.

Um modelo utilizado pelos gestores de segurança pública é a análise dos componentes do chamado triângulo do crime. Segundo esta abordagem, para que um crime ocorra é necessário que estejam presentes as três pontas de um triângulo imaginário, compostas pelo alvo vulnerável ao crime ou violência, pelo ofensor ou criminoso disposto e capaz de cometer o crime e o ambiente desprotegido ou favorável ao cometimento do crime ou violência. Assim, se os três componentes não estiverem presentes ou forem atenuados, o triângulo do crime é desfeito e a possibilidade de ocorrer um crime ou violência se reduz ou até mesmo é eliminada.

Imagine uma carteira com dinheiro e cartões de banco sobre a mesa de um restaurante enquanto seu dono conversa distraidamente. Apesar de ser um alvo perfeito, em um ambiente desprotegido, não será furtada se não houver alguém, não apenas disposto a subtrair o objeto como também com as habilidades necessárias fazer isso.

Faltará uma ponta do triângulo e o furto não acontecerá.

Agora, imagine um ladrão experiente no mesmo ambiente, entre os distraídos frequentadores de um restaurante, mas onde não há nenhum objeto dando sopa ou acessível. Apesar da presença de alguém com vontade e habilidade para cometer o crime e do ambiente favorável, ele é dificultado pela ausência de um alvo de valor visível.

Faltará outra ponta do triângulo do crime e da mesma forma o crime não vai ocorrer.

O mesmo se aplica a um carro estacionado, uma pessoa que caminha na rua, a uma mulher envolvida em um relacionamento violento, a uma praça de bairro, a um comércio ou qualquer outro cenário que se possa imaginar.

Se as três pontas do triângulo estiverem presentes é grande a probabilidade de que as oportunidades de crime ou violência se concretizam, mas basta atuar sobre uma ou mais delas para que sejam prevenidas. Assim, as estratégias de prevenção ao crime, às violências e até mesmo às desordens que degradam a convivência no ambiente urbano buscam exatamente compreender a dinâmica de cada um dos componentes do triângulo do crime em cada tipo de ocorrência, atuando sobre estes elementos para que ao final as intervenções tenham efeito preventivo.

Às vezes, o mais indicado é atuar sobre o criminoso ou agressor fazendo com que ele mude de ideia, reduza sua motivação, não tenha acesso aos meios para realização do crime ou mesmo seja neutralizado por uma prisão. Outras vezes, é preciso implementar mudanças no ambiente melhorando a iluminação, monitorando com câmeras, aumentando a circulação de pessoas ou controlando sinais de desordem. Por fim, pode ser necessário mudar o comportamento da possível vítima ou proteger melhor o alvo potencial do crime. Muitas pessoas aprenderam a ser mais cuidadosas na hora de chegar em casa, estacionar o carro, fechar a casa ou andar pela rua.

Não é raro que se faça um pouco de cada coisa para que no final a quantidade e gravidade de determinados crimes sejam reduzidos. Entretanto a eficácia está relacionada com a capacidade de reunir e analisar as informações, utilizar estratégias adequadas e diversificadas, avaliar corretamente os resultados alcançados e se melhorar as ações sempre que necessário. Afinal, não é assunto para amadores.


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