Projeto “VOAR: nas mãos dos anjos” leva arte produzida por crianças em vulnerabilidade para a CASACOR SC
Crianças em situação de vulnerabilidade social participaram da confecção de obra de arte que compõe o ambiente
• Atualizado
“Há uma parte do meu infinito que habita neles, há uma parte deles que habita em mim”. Foi com essa frase de fundo que a arquiteta e urbanista Carolina Pellenz, da RCK Integradas, convidou 47 crianças em situação de vulnerabilidade social de Santa Catarina para sonharem com ela e construírem a muitas mãos um dos ambientes da CASACOR SC 2022.
Ao longo de cinco meses, Carol e a equipe do escritório de arquitetura que ela é sócia, trabalharam ao lado de crianças e funcionários da Organização não governamental Ações Sociais Amigos Solidários (ASAS) no projeto VOAR • nas mãos dos anjos. O projeto inclusivo, humanizado e inspirador foi pensado para que não refletisse apenas o “Infinito Particular”, tema do evento de 2022, da arquiteta, mas que tentasse melhorar, de alguma maneira, o infinito de outras pessoas.
“O nosso eu mais íntimo é formado pela influência de outras pessoas, de lendas, de mitos, conceitos e da sociedade. Tudo isso molda a nossa maneira de ser e de viver. Eu tive a ideia de tentar melhorar um pouco o infinito de outras pessoas em vez de focar só no meu. E aí veio a ideia de trazer alguém que talvez nunca tivesse a oportunidade de estar em uma CASACOR”, relembra Pellenz.
A ideia de trazer crianças para dentro da produção do projeto, desenvolvido em um dos eventos mais importantes da arquitetura no Brasil, surgiu da percepção de que crianças ainda estão aprendendo, moldando o íntimo e constituindo quem serão no futuro. Para a arquiteta: “Inserir elas em um meio tão privado, tão difícil de chegar, é algo para elas lembrarem para a vida toda, e também para elas saberem que vão se esforçar, colocar a mão na massa e vão ser recompensadas”.
Um sonho que se sonhou junto
Raul Seixas diz na música Prelúdio que “sonho que se sonha só é só sonho, mas sonho que se sonha junto é realidade”. E o sonho de Carol de participar de uma CASACOR ganhou forma e apoio não de uma, mas de muitas mãos de crianças da ONG ASAS, que se uniram para pintar os quadros ‘’Nas Mãos dos Anjos”, que compõe o Empório do Vinho, ambiente de estreia de Carol na CASACOR.
Para Pellenz, a pintura das asas, assim como o nome “Voar”, está relacionada a ser uma alavanca na vida das pessoas e colocá-las em voo para que os sonhos sejam mais altos. “O nome ‘Nas mãos dos anjos’ reflete o que queremos, que é tocar a realidade dessas crianças e colocar nosso futuro nas mãos delas. Queremos trazer novas memórias, novas realidades e inseri-las em um contexto social melhor para que o nosso futuro seja melhor porque, no fim, é nas mãos delas que está esse poder”, afirma a arquiteta. As obras de arte produzidas pelas crianças da ONG fazem parte da casa de vinhos, que conta com parte do mobiliário assinado por designers brasileiros e outra parte produzida por artesãos locais. Os quadros estão à venda e já contam com mais de 40 interessados na lista de espera.
Novos sonhos
O processo de produção das obras de arte incluíram encontros na sede da ONG, no bairro Canasvieiras, e no escritório da RCK Integradas. Durante os encontros, enquanto aprendiam sobre arquitetura, funções de arquitetos e engenheiros, algumas crianças contaram estarem pensando em ser arquitetas após vivenciarem a experiência.
“Inserir as crianças foi algo que me marcou e não tem como esquecer. Escutamos várias histórias e não é tão simples para elas. No dia a dia escutamos algumas pessoas falarem ‘É só se esforçar’ e nem sempre é só se esforçar, elas precisam de abertura, precisam ser recebidas e valorizadas”, expõe Carol.
Além das crianças, que se divertiram na criação das telas, uma grande equipe, envolvendo arquitetos, engenheiros e fornecedores, atuou com Pellenz para executar o Empório do Vinho. “Todos abraçaram o projeto da CASACOR, que é o nosso trabalho, mas também o projeto social que a gente fez. Tivemos muitos fornecedores incríveis. A nossa equipe do escritório abraçou de uma maneira muito legal e muito positiva. Além disso, vimos os visitantes se envolvendo, postando e assim incentivando o projeto social”, conclui Carol.
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