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Perimenopausa

Como lidar com os odores da menopausa durante o verão

Estudo mostra que 4 em cada 5 mulheres sofrem com fortes odores, em especial, na perimenopausa

• Atualizado

Redação

Por Redação

Foto: Freepik | Banco de Imagens
Foto: Freepik | Banco de Imagens

Da mesma forma que acontece na puberdade, as alterações hormonais da menopausa podem modificar ou agravar o odor das axilas, dos pés e da vagina, principalmente na fase da perimenopausa, quando as ondas de calor (os famosos fogachos) e os suores noturnos são mais intensos.

De acordo com um estudo publicado no International Journal of Behavioral Medicine, os sintomas são comuns em 75% a 80% das mulheres, sendo que quatro em cada cinco delas sofrem com os fortes odores, em especial, as que permanecem na perimenopausa por dois anos ou mais.

As causas do mau cheiro na menopausa

Segundo Carlos Moraes, ginecologista e obstetra pela Santa Casa de São Paulo, médico no Hospital Albert Einstein e membro da FEBRASGO; a perimenopausa é marcada por uma queda gradual do estrogênio, principal hormônio feminino.

O ginecologista explica que este declínio passa a desregular uma série de funções orgânicas na mulher, incluindo as glândulas sudoríparas (que produzem o suor) e o hipotálamo, região do cérebro que controla a temperatura corporal.

“Com o corpo mais quente, principalmente no verão, a sudorese aumenta em uma tentativa natural do organismo de equilibrar e manter a temperatura física. Só que junto com o suor excessivo (bromidrose) vem o odor corporal mais intenso. As substâncias liberadas normalmente não têm cheiro, mas em contato com as colônias de bactérias da pele podem provocar um aroma desagradável”, afirma Carlos Moraes.

Outro ponto, segundo ele, é o pH da vagina. Normalmente ácido, mantendo-se entre 3.8 e 4.5, pode ser alterado com a queda dos níveis de estrogênio e de progesterona. “Isso desequilibra a microbiota vaginal e suas bactérias benéficas (lactobacilos), favorecendo o crescimento de bactérias nocivas e, consequentemente, o mau odor da vagina”.

“Além disso, o desequilíbrio das glândulas sudoríparas pode aumentar a produção de sebo, substância oleosa da pele. Essa mudança, combinada com outros sintomas, como ondas de calor e suores noturnos, pode realmente ampliar o problema do odor corporal”, complementa Claudia Chang, doutora e pós-doutora em Endocrinologia e Metabologia pela USP, e membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM)

Como se livrar dos odores

Embora o cenário pareça assustador durante a menopausa, há soluções para lidar com o problema, envolvendo desde a Terapia de Reposição Hormonal (TRH), até modificações no estilo de vida. Confira algumas dicas a seguir:

Informe-se sobre a reposição hormonal: como abordagem de linha de frente, a reposição do estrogênio pode ajudar a regular a produção de suor e sebo do corpo. “Vale lembrar que nem todas as mulheres têm indicação para a reposição hormonal. Daí a importância de se consultar com seu médico para avaliar essa possibilidade”, alerta Claudia Chang.

Cuide da higiene geral: é fundamental promover a higiene cuidadosa da pele, principalmente das mãos, dos pés e das axilas. “Essas regiões têm mais glândulas sudoríparas e, naturalmente, a sudorese é mais intensa. A ideia é restringir a proliferação dos micro-organismos. Por isso, lave essas partes do corpo com mais frequência, preferencialmente com sabonete antisséptico e antibacteriano”, reforça Carlos Moraes.

Atenção à higiene íntima: o ginecologista diz ainda que se deve evitar a ducha vaginal sem a recomendação do médico. “A região interna da vagina é autolimpante. Ela produz uma secreção que ajuda a eliminar germes e bactérias. Portanto, o uso de duchas pode interferir no pH natural e eliminar as bactérias benéficas, propiciando o risco de infecções, como as causadas por fungos”.

Segundo ele, a parte externa da vagina (onde ficam a vulva, os grandes e pequenos lábios) pode ser higienizada com água morna e sabonete, de preferência, líquido, neutro e sem perfume.

“Se quiser diversificar, uma boa opção é o uso de hidratantes vaginais. Muitos contêm ingredientes como vitamina E, vitamina C e proteína de colágeno. Mas consulte seu médico antes de utilizar esses produtos, para que ele possa recomendar o mais adequado para você”, frisa Carlos Moraes.

Antitranspirante/antibactericida: use desodorantes antitranspirantes e, se for necessário, o médico pode prescrever produtos com ação bactericida, fungicida e antimicótica. Eles contêm concentrações mais altas de ativos se comparados às opções de venda livre, e podem ser aplicados em várias partes do corpo para controlar o suor excessivo e o odor associado.

“Quando usado na pele limpa e seca à noite, antes de dormir, tem a ação potencializada. Isso porque as glândulas sudoríparas ficam menos ativas, o que possibilita que os princípios ativos do produto se fixem melhor e inibam a transpiração com mais eficácia”, explica Claudia Chang.

Aposte em roupas adequadas: use peças leves e confortáveis que não apertem e prejudiquem a circulação sanguínea. Opte por roupas de algodão, ao invés dos sintéticos, pois esquentam menos, especialmente em relação às roupas íntimas; e lave sempre a lingerie separadamente das demais peças, usando produtos mais suaves. Também utilize calçados abertos ou que absorvam o suor, permitindo que a pele respire durante os dias mais quentes.

Botox para casos específicos: segundo Luís Maatz, cirurgião plástico, especialista em Cirurgia Geral e Cirurgia Plástica pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, e membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP); o botox (toxina botulínica) é uma alternativa para casos extremos.

“Após a utilização de um anestésico tópico, a aplicação do botox, por meio de injeções, diminui a ação das glândulas sudoríparas devido ao bloqueio da neurotransmissão. A duração de seus efeitos varia de oito a dez meses e, em alguns casos, pode até ultrapassar um ano. A aplicação é praticamente indolor e o efeito começa a ser notado aproximadamente cinco dias após o procedimento”, afirma Maatz.

Mudanças na dieta: adote uma alimentação rica em frutas, legumes e grãos integrais, além de fibras, que ajudam a eliminar toxinas acumuladas. “Também evite o consumo de alimentos condimentados, álcool e cafeína, pois estas substâncias fazem o corpo transpirar mais. Além disso, aposte em alimentos que são fonte de antioxidantes, como as vitaminas E, C, bem como ômega 3 e 6”, diz Claudia Chang.

Pratique exercícios: embora possa parecer contraintuitivo, a prática de exercícios pode ajudar a regular a temperatura do corpo e reduzir a transpiração excessiva e o odor corporal ao longo do tempo. Além disso, é um ótimo alívio para o estresse.

“Não hesite em procurar ajuda médica. O especialista buscará a abordagem mais adequada para suas necessidades e circunstâncias individuais, proporcionando uma melhor qualidade de vida em todas as fases da menopausa”, finaliza Carlos Moraes.

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