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POLÊMICA

Mãe luta contra expulsão de filho autista do Colégio Militar em Lages

A família do adolescente está buscando apoio para reverter a decisão da escola

• Atualizado

Rádio Clube

Por Rádio Clube

Foto: PGE/SC
Foto: PGE/SC

Um adolescente de 13 anos com autismo e QI (Quociente de Inteligência) elevado está enfrentando um processo de expulsão do Colégio Policial Militar Feliciano Nunes Pires em Lages após se envolver em uma briga com outro aluno. A mãe do jovem, que também é autista, questiona a decisão da instituição, alegando que a direção não levou em consideração o diagnóstico do filho e nem ofereceu o suporte adequado durante o episódio, que aconteceu no final do ano passado.

A mãe do adolescente, em entrevista ao repórter Evandro Gioppo da Rádio Clube de Lages, relatou que seu filho, até então, era um aluno exemplar, com bom desempenho acadêmico e sem histórico de problemas disciplinares.

“Ele é considerado um aluno destaque, medalhista. Nunca deu problema na escola”, afirmou a mãe. “Ele estava muito nervoso e acabou pedindo ajuda na monitoria, mas a monitora não pôde dar a ajuda necessária para ele, nem fazer uma ligação para eu ir buscá-lo”.

Segundo ela, o filho teve um surto durante o recreio e acabou agredindo o colega. Após a briga, a família buscou ajuda médica e o jovem foi diagnosticado com autismo, condição que pode afetar a comunicação, a interação social e o comportamento. O autismo é um transtorno do neurodesenvolvimento que se manifesta na infância e se caracteriza por dificuldades na comunicação e interação social.

A mãe apresentou o laudo à escola, mas a direção manteve a decisão de expulsão.

“Eles não tiveram nenhuma consideração com meu filho por ele ser autista e ter tido um surto. Eles alegam que o colégio segue critérios rigorosos e que a agressão foi física, mas meu filho precisa de apoio e compreensão, não de punição”, desabafa a mãe.

A mãe do aluno agredido, por sua vez, demonstrou solidariedade à família do adolescente autista. Ela enviou mensagens à mãe do jovem expressando seu desejo de que ele não fosse expulso e afirmando que ele sempre foi um aluno exemplar.

O Colégio Policial Militar Feliciano Nunes Pires é conhecido por sua disciplina rigorosa e por ser uma instituição de ensino de referência em Lages. A direção do colégio se manifestou sobre o caso, afirmando que a decisão de expulsar o aluno foi tomada com base nos regulamentos da instituição e que o processo de expulsão seguiu todos os ritos, incluindo ampla defesa e contraditório. O comandante e diretor do colégio, Rodrigo Stadtlober Pedroso, afirmou que a escola não tinha conhecimento do diagnóstico de autismo do aluno até o momento da briga e que a agressão foi violenta.

“O estudante agrediu violentamente um colega, que caiu de cabeça no chão, e ele ainda tentou aplicar um golpe de jiu-jitsu para deixá-lo desacordado, até que uma policial militar nossa do colégio que estava próxima acabou intervindo na situação e retirando o estudante agressor de cima da vítima”, disse o diretor.

A família do adolescente está buscando apoio para reverter a decisão da escola e garantir que ele possa continuar seus estudos no colégio militar. A mãe entrou com um processo judicial e administrativo para tentar manter o filho na instituição. Por enquanto, ele está frequentando a escola normalmente.

“Ele nunca incomodou e sempre foi um aluno exemplar, tanto pedagogicamente quanto na disciplina. Então, agora por um erro, por uma falha, ele está sendo julgado como um adulto, como se ele tivesse feito uma monstruosidade, eles estão tratando o meu filho como se ele fosse um monstro. Isso não é certo. Eu vou fazer de tudo o que eu posso e o que eu não posso para ele continuar na escola, porque ele quer, ele gosta da escola, ele tem amigos lá”, desabafou a mãe.

O diretor do colégio disse ainda que a decisão pela expulsão já foi tomada, mas agora abriu o prazo para eventual recurso administrativo.

“O comandante imediato, que é o comandante da Academia da Polícia Militar da Trindade em Florianópolis, já está ciente de todos os fatos e irá se manifestar sobre qualquer decisão que seja tomada a partir de agora”, concluiu o diretor.

***Matéria em colaboração com o repórter Evandro Gioppo da Rádio Clube de Lages

Foto: Polícia Militar SC

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