Queridos homens: precisamos de vocês, para dar um basta de uma vez por todas nesse absurdo
A responsabilidade dos homens no combate à violência contra as mulheres
• Atualizado

O mês de agosto vai chegando ao fim e, junto com ele, a campanha Agosto Lilás, que relembra a importância do combate à violência contra a mulher. No Brasil, temos a Lei Maria da Penha, um marco na proteção das mulheres contra a violência doméstica e familiar. Mesmo com alguns avanços, os números continuam alarmantes: mulheres seguem morrendo e sofrendo violência física, sexual, moral, patrimonial e psicológica e, na maioria das vezes, essa violência é praticada por quem poderia protege-las: marido,
namorado, pai, tio, amigo.
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Em uma palestra que dei semana passada tratei da igualdade entre homens e mulheres e a importância do fim da violência, ao final, um homem me perguntou qual a solução para o problema, uma vez que a maioria das violências são praticadas por homens que a vítima conhece, que estão perto dela. Fiquei muito tocada, pois refletindo sobre o assunto cheguei a conclusão de que o assunto é muito complexo, mas a solução passa principalmente pela informação e pela educação de homens e mulheres sobre isso.
Por isso, precisamos falar muito sobre o tema e então resolvi escrever sobre o papel que cada pessoa, especialmente os homens, pode assumir nessa luta. Afinal, sem a participação ativa de cada homem de bem, não conseguiremos erradicar a violência contra as mulheres. Começamos do começo: violência não é só agressão física. Muita gente ainda acha que violência contra a mulher só acontece quando há uma
agressão física. Mas existem muitas outras formas de violência:
- Psicológica: chantagem, humilhação, ameaças, manipulação.
- Moral: calúnia e difamação.
- Sexual: constrangimento, abuso ou relação forçada.
- Patrimonial: controle do dinheiro, destruição ou retenção de bens.
- Política: descredibilizar mulheres em cargos de liderança.
- Feminicídio: quando uma mulher é morta simplesmente por ser mulher.
Existem também as micro agressões, que parecem pequenas, mas são parte do mesmo sistema que sustenta a violência. E normalmente as violências mais graves começam por elas. Existem vários tipos de micro agressões (inclusive desincentivar a mulher a abrir seu negocio, a pleitear um cargo maior na empresa), mas trago como exemplo:
- Gaslighting: quando o homem manipula para que a mulher duvide de si mesma
- (você tá exagerando, isso nunca aconteceu).
- Mansplaining: explicar o óbvio para deslegitimar a fala da mulher.
- Manterrupting: interromper constantemente a fala dela.
- Bropriating: apropriar-se da ideia de uma mulher e apresentá-la como sua.
Essas atitudes corroem a autoestima da mulher e naturalizam a desigualdade entre homens e mulheres.
Mas qual o papel dos homens? Não adianta não agredir, os homens tem que ajudar a combater qualquer tipo de violência contra as mulheres.
Muitos homens acreditam que não têm nada a ver com esse problema, mas a verdade é que a mudança depende deles. Mais do que não ser agressor, é preciso ser ativo na construção de um ambiente seguro e igualitário. Alguns passos simples (e muito importantes) que todo homem pode adotar:
- Faça uma autoanálise. Questione suas atitudes: você divide as tarefas
domésticas da casa que você mora ou ainda acha que “ajuda”? Você apoia
emocionalmente sua parceira tanto quanto ela apoia você? Se teu filho precisa ir
ao médico, você também falta ao trabalho para leva-lo, ou somente a mãe da
criança faz isso? - Ouça as mulheres. Sem interromper, sem minimizar, sem duvidar. A
experiência de vida delas é real, mesmo que você não a viva. - Confronte seus amigos. Não ria de piadas machistas, não normalize
comentários de assédio, não se brinca com isso. Diga claramente: isso
não é aceitável. - Use seu privilégio. Muitas vezes, quando uma mulher denuncia uma situação,
ela é chamada de exagerada. Se você é homem, sua voz pode ecoar de forma
diferente, use-a para apoiar. - Seja corresponsável em casa e na família. Divida igualmente os cuidados com
os filhos, as tarefas e os compromissos familiares (principalmente se a mulher
trabalha fora). - Eduque pelo exemplo. Mostre aos seus filhos, netos e sobrinhos que respeito,
empatia e cuidado não têm gênero. - Se posicione sempre. Se ouvir ou presenciar violência, não se cale. Proteja.
Ligue para a polícia (190), denuncie no 180, ofereça ajuda e acolhimento à
vítima. - Aprenda continuamente. Leia sobre o tema, converse, busque informação.
Desconstruir padrões machistas é um processo diário.
Educar meninas e meninos
Outro ponto essencial é a educação das novas gerações. Precisamos ensinar nossas meninas a reconhecer o abuso, a saber que nunca são culpadas quando sofrem violência ou abuso, e a ter coragem de pedir ajuda, mesmo quando o agressor está dentro de casa.
E, tão importante quanto isso, precisamos ensinar nossos meninos a não serem agressores. Isso passa por quebrar estereótipos, mostrar que cuidar, chorar, respeitar e dividir responsabilidades não os torna menos homens, mas sim mais humanos. Meninos (e homens) precisam aprender que consentimento é inegociável, que piadas machistas não têm graça e que proteger meninas e mulheres é também papel deles.
A violência contra as mulheres é uma violação dos direitos humanos. Não é um problema “delas”, é um problema de toda a sociedade. E, por mais dura que seja essa conversa, ela só terá resultado quando os homens se envolverem de verdade, mudando seus comportamentos, apoiando as mulheres ao redor e educando os meninos de hoje para que não repitam os erros do passado. Termino esta coluna com uma certeza: não basta que as mulheres gritem, resistam denunciem.
Precisamos que os homens escutem, ajam e transformem. Erradicar a violência contra a mulher só será possível quando caminharmos juntos, mulheres e homens, lado a lado, com respeito e igualdade. Com os mesmos direitos, deveres e mesma carga de obrigações diárias.
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