Maria Ester

Jornalista, apresentadora do SBT Meio-dia e especialista em Gestão de Comunicação.


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Dia Mundial de Conscientização do Autismo após um ano de pandemia

Especialistas explicam sobre a importância do cuidado emocional com os pais e cuidadores de crianças autistas nesse período.

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Foto: Pixabay
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Após um ano de pandemia e distanciamento social muitas famílias de crianças com autismo têm sentido diretamente as consequências das mudanças de rotina na vida dos filhos. E ainda, em isolamento social, dentro das casas, os desafios são maiores. O medo de contrair o vírus, o stress causado pelo trabalho, angústias de distanciamento do convívio social, todo desgaste psicológico dos pais e cuidadores dentro do contexto de uma pandemia tem chamado a atenção de especialistas. A busca por apoio e orientação parental tem crescido cada vez mais durante esse período:

“Com o aumento das restrições ocasionadas pela pandemia, muitas famílias tiveram seu volume de trabalho aumentado. Enquanto precisam manter seus empregos, ainda há a necessidade de fornecer cuidados em casa e treinamento complementar. Aproveitando o Dia Mundial de Conscientização do Autismo precisamos olhar também para os pais e cuidadores. Para aqueles que dedicam a sua vida ao tratamento dos filhos, divididos entre a rotina do trabalho e da casa. A saúde mental da família, juntamente com o desenvolvimento de habilidades que possam promover o desenvolvimento de independência de seus filhos e filhas, especialmente num momento como esse, precisa ser prioridade. Por isso, além do cuidado às pessoas com autismo, o cuidado aos cuidadores é essencial – a busca pelo acompanhamento psicológico é importantíssima”, explica o Dr. Adriano Barboza, Mestre e Doutor em Teoria e Pesquisa do Comportamento.

Tatiana Teixeira Takasu é advogada, tem 41 anos, mãe do Miguel de 10 anos – diagnosticado com autismo desde os dois anos e meio. Ela comenta que tem sido desafiador manter as crianças em casa nesse período de pandemia:

“Além do Miguel, tenho também uma filha de 3 anos. Tentamos fazer o máximo para que eles não se sintam tão presos – sei que é difícil porque a gente mesmo se sente preso e estressado, com a criança é pior ainda. A casa ficou uma bagunça – meio escola, meio parquinho – mas estamos nos adaptando da melhor maneira que podemos para que eles sintam o menos possível toda essa pressão. Não vejo a hora que tudo isso passe para ele voltar à rotina que era antes”.

Rotina em casa

A psicóloga e analista do comportamento, Karina Frizzi, explica que as principais dificuldades relatadas pelos pais e cuidadores de crianças autistas após um ano de pandemia é mesmo em relação à nova rotina da casa:

“Muitos pais nos buscam dizendo que as atividades diárias das crianças estão diferentes agora. Por exemplo: muitas não estão frequentando a escola e recebem atividades para fazer em casa, ou então precisam acompanhar a aula on-line. Além disso, a visita a familiares, viagens ou passeios também deixaram de acontecer nesse período. Dar conta de toda as tarefas de casa, trabalho e ainda estar 24 horas buscando uma forma de estimular a criança pode ser muito desgastante para as famílias”

Laura Marsolla é professora e mãe da Ana Clara – que é autista e tem 14 anos. Ela fala que no início foi bastante complicado se adaptar à nova rotina da pandemia, mas encontrou um caminho para tentar diminuir o stress e criar atividades que fizessem bem a todos de casa:

“Criamos algumas pausas para tomar lanche, como se fosse o nosso recreio, e fazemos todos juntos. Um importante momento para não passarmos a tarde inteira sem conversar. Além disso, optamos por um passeio de moto no final da tarde, com todos os cuidado de higiene para a nossa proteção. Isso ajudou muito, porque a paixão da Ana Clara é moto. Essa foi uma forma de liberar o stress, porque ela estava tensa. Com o passeio, ela dá gargalhadas, levanta as mãos, abre os braços: é libertador! Um grande escape para a gente. Aqui em casa sempre falamos que a vida tem que ser leve, e que precisamos nos cobrar menos.”

É muito importante que as clínicas, escolas e instituições que cuidam das crianças com autismo acompanhem também as famílias e os cuidadores. “Primeiro de tudo, é importante que cada família possa desenvolver estratégias de autocuidado – saúde mental é extremamente essencial neste momento. Cada cuidador precisa ter uma perspectiva clara de quais são as expectativas de ensino para seu filho ou filha. Essas expectativas precisam ser alinhadas com o que é possível atingir, dentro do plano de ensino de cada indivíduo. Além disso, identificar que estratégias podem ser continuadas em casa é essencial, mas precisa ser feito de forma equilibrada. Ao mesmo tempo que é necessário investir em estabelecer condições para a promoção de comportamentos funcionais, é também preciso investir em criar relações positivas entre mães, pais e filhos(as). Não há aprendizado sem motivação.” 


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