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Discussão

“Vem como se fosse um ‘aerolook’”: roupa causa discussão entre deputados na Câmara

Erika Hilton criticou postura de deputado: "Vem vestido da forma como quer e ainda quer tumultuar"

• Atualizado

SBT News

Por SBT News

Designação de Eliziane Gama como relatora da CPMI foi questionada | Edilson Rodrigues/Agência Senado. Via: SBT News
Designação de Eliziane Gama como relatora da CPMI foi questionada | Edilson Rodrigues/Agência Senado. Via: SBT News

A reunião de instalação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de janeiro, realizada nesta quinta-feira (25), foi marcada por interrupções de falas de parlamentares e discussões entre integrantes.

Durante a sessão, a deputada federal Erika Hilton (Psol-SP) fez um questionamento sobre a forma de se vestir que o regimento do Senado prevê para que deputado se senadores possam se manifestar. Isso por causa do comportamento de Abilio Brunini (PL-MT). 

“O deputado vem vestido da forma como quer, como se fosse um ‘aerolook’, e ainda quer tumultuar os trabalhos da CPMI. Então eu pediria a vossa excelência que se fizesse cumprir o regimento, para que o deputado respeitasse os trabalhos da CPMI, o deputado não está nem inscrito e fica interpelando a fala dos colegas?! Ah, pelo amor de Deus. O decoro, o bom senso”, afirmou Erika.

Assista:

Discussão sobre vestimenta continuou

“Como é que ela está vestida?”, questionou outra parlamentar, em forma de provocação. O presidente da CPMI, Arthur Maia (União-BA) concordou com Erika. “Deputado [Abilio], veja bem, vossa excelência está provocando. Eu vou fazer um apelo a vossa excelência para que a gente possa… a deputada Erika falou com toda a propriedade, porque não podemos ter interrupções permanentes. Vossa excelência está escrito, vai ser ouvido”, pontuou.

Abilio estava vestido com camiseta e, aparentemente, calça jeans. Posteriormente, na reunião, uma discussão dele com Chico Alencar (Psol-RJ) interrompeu discurso do deputado Pastor Henrique Vieira (Psol-RJ) logo no início. Arthur Maia interviu: “Eu faço um apelo ao deputado Abílio, para que a gente possa continuar o trabalho. Vossa excelência oportunamente terá a sua vez de falar”. O presidente do colegiado solicitou ao deputado do PL que ouvisse respeitosamente a fala dos demais.

Deputado trocou de roupa

Próximo do final da reunião, Abilio discursou, agora trajando terno, camisa social e gravata. “Essa CPMI que surgiu a partir de um pedido do André [Fernandes] para que a gente pudesse investigar os atos do dia 8, ao meu ver, parece que está indo por goela abaixo. Parece uma grande marmelada, uma chapa-branca, por mais que o Magno Malta esteja aí compondo como segunda vice”.

Para ele, a comissão vai apoiar “narrativas” dos governistas: “Eu já até imagino o momento que o Cid [Gomes] vai presidir essa comissão junto com a relatora [Eliziane Gama] do lado dele. Vai ser uma comissão para apoiar as narrativas deles e você vai ter muita dificuldadde de conseguir impor um posicionamento a favor das pessoas de bem que estavam ali [nos atos do 8 de janeiro], levadas de gaiato dentro da situação”.

Depois, ele falou sobre sua vestimenta: “Não é uma camiseta que vai impedir a gente de participar de falar. O regimento tem que ser até mais justo nesse quesito, de querer falar ‘olha, o deputado abílio está de camiseta, não pode participar’. Mas o passeio não permite calça jeans, o passeio não permite outros parlamentares virem do jeito que vem. Só a camiseta não é um critério para impedir”.

Discursos

Arthur Maia disse que a instalação da CPMI “é um momento da mais extrema importância para o Congresso Nacional e para cada um dos membros que estão na comissão”. “Nós temos que fazer aqui uma inestigação sobre o que de fato aconteceu no dia 8 de janeiro. Essa comissão estará prestando um trabalho à democracia. Porque não é razoável nós termos vivido aquilo, com a invasão da sede dos Três Poderes, e nada disso ser investigado por essa própria Casa”.

Ele prosseguiu: “Nós sabemos que há uma narrativa de que tudo que aconteceu está envolvido em uma orquestração maior para um possível golpe para interromper a democracia no Brasil. Isso precisa ser investigado, isso não pode passar em branco. Por outro lado, eu sei também que existe a narrativa de que houveram facilitações, etc., enfim, todos esses discursos existem, e a nós, 64 senadores e deputados, teremos obrigação de, com toda a honestidade, colher as provas e fazer isso publicamente”. De acordo com o deputado, o “grande mérito” da CPMI é “fazer as coisas em praça pública”.

Eliziane Gama, por sua vez, falou que lhe enche de honra ser desiganada para a relatoria, mas também de “muita responsabilidade, sobretudo pelo foco do objeto da investigação dessa CPMI, que é exatamente um dos atos mais terríveis da história brasileira”. Em suas palavras ainda, “houve uma tentativa de golpe [em 8 de janeiro], mas não consguiram o golpe”. “Mas um fato é claro: todos nós aqui somos contra aquilo que aconteceu, independentemente do que é base ou oposição, mas todos aqui nós temos um objetivo: nós queremos garantir ao Brasil a democracia cada vez mais forte, cada vez mais firme”.

Na próxima reunião do comissão, às 9h de 1º de junho, ela apresentará uma proposta de plano de trabalho para deliberação do colegiado. A designação de Eliziane como relatora foi criticada por Marcos do Val.  Segundo ele, verá se é possível protocolar recursos no Supremo Tribunal Federal (STF) para a troca da relatora. “Não pela pessoa da senadora, mas pela parcialidade”, justificou.

O deputado André Fernandes (PL-CE) criticou o fato de a parlamentar ter referido ao ataque de 8 de janeiro como tentativa de golpe de Estado. “Quando a relatora aqui diz que houve uma tentativa de golpe, até parece que já se concluiu a CPMI, já tem relatório, nem precisa mais da presença. Porque a gente está para investigar, ela parece que já investigou”, afirmou.

Fernandes falou ter “total interesse” que seja investigado o episódio de 8 de janeiro no colegiado, “linha por linha, pessoas por pessoas, detalhes por detalhes, e não que aconteçam investigações dentro de quatro paredes, onde ninguém sabe o que está acontecendo”. Conforme ele, “essa CPMI terá parlamentares lutando pela verdade, por transparência”.

Izalci Lucas (PSDB-DF) defendeu que sejam feitas subcomissões no colegiado. Já Erika Hilton fez críticas ao governo anterior, de Jair Bolsonaro (PL): “Nós estamos aqui porque o povo brasileiro precisa de resposta do que ocorreu no dia 8 de janeiro, mas não apenas no dia 8. Ao longo dos últimos meses e dos ultimo anos, com tentativas e encenações golpistas durante toda a gestão do ex-governo. Que atacou a lisura das urnas, atacou a soberania do voto popular”.

De acordo com ela, os integrantes da comissão não podem se confundir “com narrativas falaciosas, com tentativas de ridicularização desses epaço, com tentativa de transformar os trabalhos dessa CPMI num circo”. “Num circo para confundir o povo brasileiro daquilo que importa: não poderá haver espaço no país para o fascismo, que a democracia venceu e vencerá. E esta CPMI terá a responsabildiade de provar, sim, que houveram encenações golpistas durante todo o tempo”.

O discurso foi aplaudido, ao término. Nele, Erika disse ainda que há “homens sentados nessa CPMI que são investigados pelo STF como agentes também responsáveis pelo terrorismo baixo, cruel que aconteceu no último dia 8 de janeiro neste país”.

Posteriormente, o deputado Rogério Correia (PT-MG) afirmou que, no caso do “golpe”, como se referiu ao ataque do início do ano, “tinha um interessado. Ou é Jair ou é Bolsonaro”. Segundo o parlamentar, o final do trabalho da comissão “não pode ser passar as mãos na cabeça daqueles que fizeram a tentativa de golpe e de abolir a democracia no Brasil”.

O deputado Filipe Barros (PL-PR) destacou que a oposição queria a CPMI “desde o início. O governo não”. Já Marco Feliciano (PL-SP) reforçou o entendimento da oposição de que “houve omissão, houve facilitação” para a entrada dos golpistas nas sedes dos Três Poderes.

“Dados surpreendentes”

Conforme a deputada Duda Salabert (PDT-MG), a CPMI “chegará a dados surpreendentes”. Porque pessoas que atuaram aqui no dia 8 de janeiro, tentando um golpe de Estado, quando fazemos os cruzamentos, vemos que essas pessoas atuaram ou financiando campanhas eleitorais, ou trabalhando nessas campanhas de parlamentares que estão aqui agora inclusive”.

A senadora Damares Alves (Republicanos-DF) falou achar que a comissão poderá “dar grandes contribuições para o Brasil, sobre a garantia dos direitos humanos, inclusive de quem está sendo investigado, dos acusados”. “Então nós vamos trabalhar nesse sentido”.

Subrelatorias

No final da reunião, Arthur Maia disse que, na próxima, junto à apresentação do plano de trabalho, será discutida a possibilidade de serem designadas subrelatorias e de serem feitas mais reuniões por semana; por enquanto, será uma semanal.

Os deputados Evair Vieira de Melo (PP-ES) e Delegado Ramagem (PL-RJ), e o senador Eduardo Girão pediram para haver sub-relatorias. “O tema é muito grande, o prazo é muito curto”, justificou o primeiro. Para o segundo, com elas designadas e predomínio de deputados nela — outra solicitação feita pelo parlamentar –, seria estabelecida isonomia e proporcionalidade partidária na comissão.

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