Homem que queimou corpo da esposa em fogueira diz que era “sonho” da vítima
O crime aconteceu em 2019, o réu assassinou a companheira e depois queimou o corpo dela em uma fogueira e ocultou os restos mortais em um matagal no bairro Ribeirão da Ilha, em Florianópolis
• Atualizado
O homem que matou a companheira e queimou o corpo em uma fogueira foi condenado a 14 anos e oito meses de prisão no regime fechado pelos crimes de feminicídio e ocultação de cadáver. José Odair da Rold foi condenado pelo Tribunal do Júri da Capital nesta quarta-feira.
O réu matou, queimou e ocultou o corpo da companheira em um matagal próximo a residência do casal localizada em um sítio no Ribeirão da Ilha, no Sul de Florianópolis. No dia seguinte, enterrou as cinzas e fragmentos carbonizados do cadáver em um matagal próximo ao sítio onde moravam. O marido justificou tal ato como a realização de um sonho da companheira, que, segundo ele, queria ser cremada e ter suas cinzas espalhadas na natureza.
A ação penal ajuizada pela da Promotoria da 36ª Promotoria de Justiça da Comarca da Capital relata o crime ocorreu na noite de 15 de abril de 2019, na moradia do casal, um sítio no bairro Ribeirão da Ilha, em Florianópolis. No dia seguinte ao crime, o réu registrou o desaparecimento da vítima. Ao longo das investigações do desaparecimento, o acusado confessou e descreveu como realizou o assassinato à Polícia Civil.
Segundo ele, após discussão, agrediu a vítima, ela caiu no chão e chocou a cabeça em uma pedra, o que causou a morte da companheira, tese essa que foi combatida pelo ministério público e também afastada pelos jurados. Rold declarou que após conferir que a vítima não estava mais respirando, montou uma fogueira com pedaços de madeira, colchão e entulhos, jogou gasolina e colocou o corpo da companheira em cima dos objetos e em seguida ateou fogo e fez uma grande fogueira até destruir totalmente os restos mortais da vítima.
“O Ministério Público de Santa Catarina consegue a condenação do indivíduo que matou e queimou a companheira, até não restar absolutamente nada, dentro de uma fogueira. A sensação é de dever cumprido e resposta dada pela sociedade. O Ministério Público de Santa Catarina elogia e parabeniza os jurados, que bem representaram a Capital, e demonstra que juntos poderemos sempre estar combatendo esse gravíssimo crime que é o feminicídio. A sensação que tive ontem foi a de que éramos o Ministério Público e os jurados contra tudo e contra todos e deixei isso bem claro para o Conselho de Sentença. E é por isso que a sociedade tem que contar com um Ministério Público forte e combatente, pois somos a última trincheira no Tribunal do Júri. Mais. Somos a palavra da vítima que teve a vida ceifada”, considerou o promotor de Justiça.
Para ele, mais importante, além da condenação do réu, foi que, agora, os filhos conseguirão obter a certidão de óbito da mãe, tendo em vista que até o julgamento, todos os laudos foram inconclusivos em afirmar se os restos mortais encontrados eram da vítima. “O Ministério Público comprovou que, sim, eram da vítima. Hoje, a justiça foi feita, especialmente em relação à vítima e seus familiares, que, infelizmente, parecem ser esquecidos pelo processo penal brasileiro”, finalizou o Promotor de Justiça.
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