Autor da tragédia em Saudades queria largar estudos e guardava dinheiro em casa
Informalmente, os familiares relataram que Mai teria costume de maltratar animais domésticos - embora nenhuma denúncia tenha sido registrada.
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A Polícia Civil trabalha para traçar o perfil de Fabiano Kipper Mai, de 18 anos, autor do ataque à creche em Saudades (SC). Com a motivação ainda desconhecida, foram mortas duas mulheres e três bebês, feridos a golpes de facão na terça-feira, 3.
A polícia colheu depoimentos de pessoas próximas, mas algumas informações ainda são tratadas pelos investigadores como preliminares ou até mesmo boatos. A Justiça converteu a prisão em flagrante em preventiva e liberou a quebra de sigilo de dados, para que a polícia analise computadores, videogame e pen drive apreendidos.
Segundo apurou o Estadão, não consta no inquérito qualquer evidência que pudesse indicar histórico de violência de Mai até o momento. Natural de Saudades, o agressor tem ficha criminal limpa, sem antecedentes ou registro de ato infracional – crimes cometidos por pessoas com menos de 18 anos.
Ele atingiu a maioridade no último dia 3. Apesar da idade, ainda cursava o 9º ano do ensino fundamental e trabalhava de menor aprendiz em uma indústria, com unidade instalada no município, responsável por confeccionar roupas e calçados para marcas famosas.
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Introspectivo e reservado
Colegas de trabalho o descrevem como introspectivo e reservado. Jogos no computador seriam o seu assunto preferido. Também era solteiro, mantinha poucas relações sociais e evitava festas. Guardava todo o dinheiro do trabalho em casa.
Mais afastada do centro, a residência não tem muros e é considerada simples. Ele morava com uma irmã mais nova, além do pai, jardineiro, e da mãe, afastada do trabalho para tratar um câncer. Após a repercussão do caso, os parentes deixaram o local por temer represálias.
Segundo relatam policiais, a família estava surpresa e liberou a entrada dos investigadores. Lá, foram apreendidos R$ 11 mil em espécie, que seriam as economias do jovem, mas não foi achado qualquer registro – diário ou carta, por exemplo – que sinalizasse o ataque.
“Até agora, não temos nada que ateste problemas de qualquer natureza sobre a conduta pessoal dele”, afirmou o delegado Ricardo Casagrande, da regional de Chapecó. “Os depoimentos coletados vão dar um norte em relação à conduta do jovem e isso vai ser confrontado com provas técnicas, como objetos e bens apreendidos.”
Informalmente, os familiares teriam relatado que Mai teria costume de maltratar animais domésticos – embora nenhuma denúncia tenha sido registrada. Também teriam dito que, ao questionar sobre a compra da arma empregada no ataque à creche, o agressor teria dito que era para usar nos bichos.
Responsável pelo inquérito, o delegado Jerônimo Ferreira declarou que os pais também relataram que o rapaz gostava de jogos online, teria problemas em casa e não desejava mais estudar. O motivo alegado seria bullying. “Espero conseguir interrogá-lo. Quero ver o que ele vai contar”, disse.
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No hospital, jovem tem quadro de saúde grave
No dia do atentado, Mai chegou de bicicleta à creche Pró-Infância. Eram por volta das 10 horas. No portão, foi atendido pela professora Keli Adriane Aniecevski, de 30 anos, a primeira a ser atacada. Mesmo ferida, ela tentou correr para avisar os colegas e proteger as crianças.
O criminoso conseguiu, ainda, ferir e matar a agente educadora Mirla Renner, de 20 anos, além de três bebês. Outra criança foi esfaqueada e, atingida no pulmão, está na UTI.
Foto: Eduardo Grassi/Arquivo Pessoal Foto: Kleber Rita/SCC SBT Foto: Kleber Rita/SCC SBT
Professores conseguiram trancar as portas da creche em Saudades
Outras professoras que estavam no local conseguiram se trancar nas salas e gritaram por socorro. Vizinhos que ouviram o barulho foram os primeiros a chegar e conseguiram deter o agressor até a chegada da Polícia Militar. “Ele, ao perceber que seria contido, começou a se auto-lesionar”, disse Casagrande.
Uma professora da creche relatou à reportagem que Mai é pouco conhecido na cidade e não tinha relação com funcionários da instituição de ensino. Familiares das vítimas também afirmam não conhecer o agressor.
No local, Mai ainda teria perguntado quantas pessoas ele conseguiu matar, de acordo com um bombeiro que atendeu a ocorrência. Com ele, os policiais ainda encontraram uma segunda arma branca, menor, que não chegou a ser usada no crime.
Preso em flagrante, Mai sofreu um ferimento profundo no pescoço e foi levado ao Hospital Regional do Oeste, em Chapecó, onde passou por cirurgia e é mantido sob custódia. O estado de saúde é grave.
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