Gado Crioulo Lageano é símbolo histórico e cultural
A medida busca valorizar a raça no contexto cultural e econômico
• Atualizado
No dia 9 de outubro, o Prefeito Antonio Ceron formalizou a Lei número 4766, que designa o gado da raça Crioula Lageana como símbolo histórico e cultural do município de Lages. Segundo a Prefeitura Municipal de Lages, essa medida visa valorizar e reconhecer a importância desta raça no contexto cultural e econômico da região.
A história do Gado Crioulo Lageano vem desde o século XVIII, quando os primeiros rebanhos foram transferidos para os Campos de Cima da Serra, influenciados pela movimentação de pioneiros como Joaquim José Pereira e Antonio José Pereira, que trouxeram gado das planícies gaúchas para as fazendas de Lages.
A tradição se fortaleceu ao longo dos anos, alcançando em 2003 a fundação da Associação Brasileira de Criadores de Bovinos da Raça Crioula Lageana (ABCCL), liderada por Edison Martins, Antônio Camargo, Nelson de Araújo Camargo e Jairo Roberto Duarte. A formação da ABCCL é resultado de décadas de estudos realizados pela Embrapa e pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) sobre a raça.
O reconhecimento da raça Crioula Lageana vai além da rusticidade e resistência. A produção de leite e derivados, como os famosos queijos serranos, é altamente valorizada tanto no mercado local quanto internacional. O gado, conhecido por impressionantes chifres que podem medir quase dois metros de ponta a outra, representa uma das mais antigas linhagens bovinas do Brasil, destacando-se pela qualidade superior da carne e leite.
A Raça Crioula Lageana e a Variedade Mocha foram oficialmente reconhecidas em 2008, quando o então Ministro da Agricultura assinou a portaria número 1048, designando a ABCCL como o Serviço Genealógico Oficial. Essa validação reafirma a importância da raça na pecuária brasileira e sua contribuição para a cultura local.
Segundo o livro “Crioulo Lageano – As Qualidades de um Rústico”, de Vera Maria Villamil Martins, os tropeiros tiveram grande influencia no desenvolvimento do gado na região. A movimentação constante desses mercadores ajudou a introduzir reprodutores de outras áreas, enriquecendo a genética do rebanho local.
Edison Martins, um dos fundadores da ABCCL, enfatiza que os animais da raça Crioula Lageana representam a primeira atividade econômica da região. Segundo ele, os primeiros ocupantes portugueses encontraram um vasto rebanho deixado pelos jesuítas após a expulsão destes, em decorrência do Tratado de Madri em 1750. Edison continua ativo em projetos de pesquisa e desenvolvimento, colaborando com instituições como a Embrapa e universidades.
Para o Prefeito Antonio Ceron, a realização da lei é um passo importante para fortalecer a identidade cultural de Lages. “Importante que nossa comunidade lageana e serrana conheçam mais sobre o gado crioulo lageano. A lei exalta além da excelência da qualidade da raça crioula, mas destaca um contexto histórico na formação da nossa serra”, afirmou Ceron.
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