Sol Urrutia

Primeira mulher comentárista política do grupo SCC10 SBT. Jornalista especializada em gestão de comunicação pública e privada. Atua em comunicação política e eleitoral desde 2002.


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Morro abaixo ou morro acima, o recado de LHS que vale para Jorginho

LHS arquitetou um projeto a longo prazo, descentralizando muito mais que a forma administrativa da gestão, mas também o poder

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Foto: Reprodução/Redes Sociais.
Foto: Reprodução/Redes Sociais.

O senador Luiz Henrique da Silveira costumava dizer que existem dois jeitos de ir para uma eleição: morro abaixo ou morro acima. Em uma alusão a eleições com dificuldade, sozinho, ou facilidade, somando forças.

O falecido líder emedebista sabia bem o que era encarar um processo eleitoral propalado impossível. Depois de 2002, quando renunciou ao cargo de prefeito de Joinville para enfrentar o então governador Esperidião Amin e vencer por 21 mil votos, LHS arquitetou um projeto a longo prazo, descentralizando muito mais que a forma administrativa da gestão, mas também o poder. Ele queria um futuro de eleições morro abaixo e assim o fez.

O então governador não só valorizou aliados dentro do governo; ele usou todas as estruturas políticas para tecer as vitórias futuras. Se resgatar a história, veremos Volnei Morastoni, na época deputado estadual do PT, eleito presidente da Alesc em 2003, um gesto para o partido que foi decisivo no segundo turno da sua primeira eleição estadual.

As próximas eleições do parlamento também foram marcadas pela presença de aliados, tendo o então PFL de Raimundo Colombo, de 2005 a 2008, no comando legislativo, e Jorginho Mello, na época no PSDB, eleito presidente da Casa em 2009. Não por acaso, os partidos que passaram a compor a tríplice aliança, com LHS. Uma escalada de um projeto governista e visionário, que só teve fim com a onda bolsonarista que colocou o outsider Carlos Moisés no comando do governo estadual, em 2018.

As eleições morro abaixo, que LHS construiu após 2002 e que resultaram na sua reeleição; na sua eleição ao Senado em 2010, bem como na duas eleições de Raimundo Colombo (PSD) ao governo e no protagonismo de aliados e dos emedebistas na política estadual, por mais de duas décadas, tiveram em sua liderança partidária a arma mais eficiente.

Em 2010, por exemplo, o MDB tinha projeto próprio, com Eduardo Moreira. Abraçar a candidatura de Raimundo Colombo, que criticava a maior bandeira emedebista, a descentralização, como cabides de emprego, foi uma imposição para muitos difícil. LHS perdeu os anéis para preservar os dedos. Abriu espaços nas eleições, fatiou o governo, distribuindo não só secretarias, mas o poder aos aliados. Só não estava nos planos a sua morte em 2015, deixando um vácuo de líder estadista para Santa Catarina e principalmente no MDB.

Agora em 2024, Jorginho Mello, eleito em chapa pura em 2022 pelo PL, começa o desenho de sua reeleição ciente de que o modelo morro abaixo de LHS é o caminho necessário para 2026. O novo projeto precisa mais do que espaços para aliados; é necessário outorgar-lhes poder. Há um PSD disposto a alicerçar uma eleição com linha, pano e agulha para dificultar os planos do atual governador.

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