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Startups catarinenses

Compostagem inteligente, fazendas verticais e abelhas: conheça ideias que aliam inovação e sustentabilidade

Segmento de inovação para a sustentabilidade tem atraído pessoas interessadas em ter o próprio negócio e inovar, sem perder a responsabilidade social de vista

• Atualizado

Redação

Por Redação

Foto: Cocretion Labes | Divulgação
Foto: Cocretion Labes | Divulgação

Aliar inovação e sustentabilidade é o objetivo de muitos empreendedores conscientes dos problemas socioambientais que o planeta enfrenta e com vontade de contribuir para um mundo melhor. Para o professor e criador do laboratório de ideação Cocreation Lab Luiz Salomão Ribas Gomez, o segmento de inovação para a sustentabilidade tem atraído pessoas interessadas em ter o próprio negócio e inovar, sem perder a responsabilidade social de vista.

“Temos percebido um aumento de projetos voltados para a sustentabilidade, com ideias criativas que vão desde tecnologias complexas a soluções simples, mas de grande impacto positivo. É um mercado onde ainda há muito a ser explorado”, opina.

Compostagem inteligente

De Joinville, a startup Organa, de biotecnologia, oferece soluções ambientais para empresas por meio da compostagem acelerada dos resíduos orgânicos, para quem quer se adequar ao Aterro Zero e implementar práticas ESG (Environmental, Social and Governance).

A Organa foi criada pelo administrador Guilherme Ottoni e pelo oceanógrafo Rodrigo Gomes, que já atuava na pesquisa por soluções para o resíduo do pescado. Os dois participaram de um Startup Weekend com um projeto de economia circular que saiu vencedor daquela edição. Logo em seguida, entraram no Cocreation Lab para desenvolver melhor a ideia.

A startup foca na maior redução possível da destinação dos resíduos orgânicos para os aterros sanitários e industriais, transformando este resíduo em adubo, que volta para o ciclo de produção de alimentos no menor espaço de tempo e com a menor movimentação e utilização de combustível fóssil. Em seis semanas, o resíduo é transformado no adubo, que é trocado em um ecoponto com engajamento da comunidade do entorno.

“A compostagem é uma coisa muito rudimentar, então fomos atrás de tecnologias de compostagem acelerada por meio de microrganismos eficientes. Enquanto a tradicional leva quatro meses, a nossa leva seis semanas. Também trabalhamos com redução de espaço e volume. E o composto do fim do processo pode ser utilizado em ambientes de horta, jardim, doações para a comunidade interna ou externa”, explica Gomes.

A solução pode ser aderida por condomínios, empresas, indústrias, restaurantes, hospitais, shoppings e outros. Atualmente, há um protótipo de composteira automatizada no centro de distribuição da Ambev em Joinville.

Fazendas verticais

Durante uma pós-graduação em varejo, Laíla Ribeiro ouviu falar de experiências internacionais de fazendas verticais. Formada em Direito, na época ela trabalhava com administração de empresas e, junto do marido, que é engenheiro, decidiu criar fazendas verticais para cultivo hidropônico de microverdes, hortaliças na fase de plântula que possuem alta concentração de nutrientes.

Ele desenhou o primeiro protótipo e eles testaram um primeiro piloto em um restaurante de Florianópolis. Com a pandemia, decidiram adaptar o produto para supermercados. Com a fazenda vertical, é possível produzir esses alimentos sem nenhum tipo de agrotóxico, com baixíssimo uso de água e de impacto ambiental. Basta um ponto de energia.

As fazendas verticais utilizam até 95% menos água do que agricultura tradicional. Também otimizam o uso de terras e espaços urbanos, tendo em vista a escassez de terras para agricultura – em 2008, 80% das terras que podem ser utilizadas para cultivo disponíveis no mundo já estavam ocupadas. Também evita diversos tipos de degradação do solo que a agricultura tradicional causa, como desmatamento, assoreamento, contaminação, degradação de nutrientes, salinização do solo, entre outros.

Entre outros pontos positivos está o fato de que uma fazenda vertical possui produtividade até dez vezes superior por metro quadrado, já que é possível controlar as condições em que as plantas crescem, e menos desperdício – no Brasil, até 55% das hortaliças são desperdiçadas, entre os processos de cultivo e consumo, segundo o Instituto Brasileiro de Horticultura.

Hoje, a Fazendas Bioma têm o cultivo em uma “fazenda” instalada dentro de um contêiner no Campeche, onde produzem e vendem para restaurantes e empórios. Em paralelo, estão adaptando uma nova fazenda vertical que vai ser instalada em um supermercado da Grande Florianópolis nos próximos meses.

Abelhas nativas sem ferrão

Engenheira sanitarista e ambiental, Stefânia Hofmann se encantou pelo universo das abelhas nativas sem ferrão após ver uma reportagem e resolveu empreender. Comprou suas primeiras colmeias, fez alguns cursos e no final de 2019 resolveu fazer um piquenique aberto para falar sobre a criação dos animais em ambiente urbano. Enviou convites para grupos de pais do colégio dos filhos e se surpreendeu quando mais de 50 famílias apareceram no encontro. Ela percebeu, então, que havia ali uma oportunidade de mercado e criou a Urbees.

Hoje, a Urbees é uma rede de regeneração socioambiental, que difunde a cultura de criação e reconexão com as abelhas nativas sem ferrão nas cidades pela sua importância ecológica no equilíbrio dos ecossistemas. Em parceria com meliponicultores de muitas regiões do Brasil, ela vende colméias para as pessoas terem em casa e oferece cursos e apoio no manejo dos animais. Também capacita escolas e profissionais a utilizarem as abelhas nativas como uma ferramenta de Educação Ambiental. Atualmente há mais de 100 enxames em cinco estados brasileiros, e mais de 50 mil hectares em regeneração graças às abelhas, que são comercializadas através da Urbees.

“Regeneração ambiental é agir positivamente para recuperar o estrago que já foi feito. A cada ano, o Dia da Sobrecarga da Terra (data em que o consumo de recursos da humanidade para o ano excede a capacidade da Terra de regenerar esses recursos naquele ano) é mais cedo. Regenerar é atrasar esse dia. Sustentabilidade é importante, mas hoje não é mais possível sustentar esse modelo de desenvolvimento. Não basta pensar em zerar o impacto, e sim positivar ele. E inovação, economia criativa, tem tudo a ver com economia regenerativa. É possível atuar em várias frentes, não apenas na questão ambiental”, diz a engenheira e empreendedora.

Em Tubarão, laboratório de ideação busca atrair projetos ligados a energias renováveis

Em Santa Catarina, o Cocreation Lab já possui turmas com foco em projetos que contemplem soluções sustentáveis. Na unidade de Tubarão, por exemplo, em parceria com o Sebrae/SC e a prefeitura da cidade, projetos com ideias inovadoras na área de energias renováveis ganham pontuação extra na etapa de avaliação.

“A região tem um grande potencial para desenvolvimento desse tipo de tecnologia. Por meio da pré-incubadora, queremos explorar ainda mais soluções nessa área e aproveitar para gerar inovações, fomentar o ecossistema e criar mais oportunidades de emprego e renda”, diz o secretário de desenvolvimento econômico Giovani Bernardo.

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