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Racismo

Professoras negras relatam histórias pessoais e desafios da vida

Em live, educadoras de Florianópolis falaram sobre o racismo ainda presente na sociedade.

• Atualizado

Redação

Por Redação

Foto: Prefeitura de Florianópolis / Divulgação.
Foto: Prefeitura de Florianópolis / Divulgação.

Como uma das manifestações da Secretaria de Educação de Florianópolis em favor de uma sociedade antirracista, professoras negras da rede municipal de ensino foram convidadas para falar sobre o atual momento do país, suas histórias pessoais e desafios. Os depoimentos foram realizados em uma live pelo Instagram.

Rosana Réus, diretora do Núcleo de Educação Infantil Paulo Michels, disse que teve e tem uma vida difícil, como a de qualquer outro negro. “O nosso país é racista de forma escancarada, preconceituoso. Temos que sair da invisibilidade, ter mais voz, mais espaços. Nós negros somos fortes, podemos ser professores, médicos, advogados, engenheiros”, afirma.

No entanto, para que isso aconteça, Réus acreditar ser necessário políticas públicas que auxiliem, como a das cotas raciais. “Isso impulsiona para diminuir um pouco a desigualdade racial e o racismo estrutural, a naturalização de pensamento e situações de que negro é inferior.

Foto: Prefeitura de Florianópolis / Divulgação.

Em meio aos depoimentos, a diretora do Neim Rosa Maria Pires, Ana Lucia de Souza, desabafa: “Nós temos que gritar o mais alto que pudermos: eu tenho esse direito. Gritar para essa sociedade que ainda não reconheceu o povo de raça negra, indígena, o culto religioso. Temos que gritar que somos iguais e livres para sermos aquilo que desejarmos”.

Professora Daniela Cristina. Foto: Prefeitura de Florianópolis / Divulgação.

Para a professora Daniela Cristina, trazer a discussão para a sala de aula é obrigação profissional. “Temos o dever de levantar essa bandeira, de ocupar e trazer a discussão, não é optativo é obrigação do profissional de educação trabalhar as questões das relações étnico-raciais nos seus espaços, de garantir que estejam nos planejamentos, na materialidade dos brinquedos, livros, paredes, nós temos este dever”, explicou.


O assessor de Comunicação da Secretaria de Educação, Ricardo Medeiros, também participou do evento. Conta que sempre viveu em dois mundos. A mãe era branca, e o pai, preto retinto. Aprendeu com o casal que se “ama pessoas, não cor”.

Medeiros carrega marcas da infância, de quando ainda morava no interior de Santa Catarina. Foi chamado diversas vezes de “macaco”, “nego do diabo” e de “fundo de panela de escoteiro”. “Particularmente, nesse atual estágio de minha vida, o racismo não chega por falas, mas com olhares”, conta. Sente olhares de quem não se conforma que aquele negro formado no ensino superior, doutor em rádio, que estudou fora do país e que agora mora na Beira-Mar Norte na Capital de Santa Catarina.

Foto: Prefeitura de Florianópolis / Divulgação.

Prestaram depoimentos ainda Jucélia Maria Gonzaga diretora do Neim Cristo Redentor, Ana Paula Pereira do Neim, Antonieta de Barros e a professora Rosilene da Silva.

A ideia da live foi do titular da Educação, Maurício Fernandes Pereira, que conta que, desde a pandemia, toda sexta-feira pela manhã há uma transmissão pela internet com o objetivo de fazer com que profissionais e crianças da rede fiquem em casa preservando e cuidando de suas vidas. Pela live são mostrados e contextualizados in loco, com o apoio de especialistas, pontos históricos de Florianópolis. “Sexta-feira, 20 de novembro, foi o dia da Consciência Negra. Convidamos guerreiras, professoras da nossa rede para contarem um pouquinho sobre a trajetória delas de vida e profissional”, relembra.

Os depoimentos foram concedidos no trajeto, pelo mar, em direção à Fortaleza São José da Ponta Grossa, entre as praias do Forte e de Jurerê.

Fizeram parte da equipe a bióloga Rosangela Teixeira Garcia, o historiador Aldonei Machado, Charles Schnorr, do setor de prevenção da Secretaria de Educação, e a intérprete de Libras Muyara dos Santos.

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