‘Nós vamos sorrir, sorriam’
As vozes silenciadas no passado foram ouvidas pela sua personagem e por um filme que retratou a história de Eunice Paiva
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A trágica cicatriz de uma recente ditadura militar, bem como a dor dos milhares que enfrentaram suas consequências e dos herdeiros de um país que ainda se esforça para dar a verdadeira força que a democracia merece, sentiram-se representados e acalentados por Fernanda Torres na madrugada desta segunda-feira (6).
Não foi só Fernanda que venceu ao levantar o Globo de Ouro de melhor atriz em filme de drama por sua atuação em “Ainda estou aqui”. As vozes silenciadas no passado foram ouvidas pela sua personagem e por um filme que retratou a história de Eunice Paiva, mãe do escritor Marcelo Rubens Paiva.
Eunice procurou por 40 anos a verdade sobre o desaparecimento do seu marido, durante a ditadura militar no Brasil. Rubens, que foi interpretado por Selton Mello, foi ameaçado e torturado. Seu corpo nunca foi encontrado. A produção dirigida por Walter Salles retrata a dor de uma família dilacerada pela opressão.
O recado do filme e de Fernanda vai além. Em um momento em que a democracia brasileira é confrontada com movimentos que chegaram a ensaiar um golpe, quando nossa maior arma política é ameaçada e questionada, é preciso compreender que qualquer movimento antidemocrático jamais será um avanço.
Que a maturidade democrática avance e que nas dificuldades sejamos persistentes. Só teremos um futuro de certezas se lutarmos por ele. Como disse Eunice, sem desistir da sua busca e da verdade: Nós vamos sorrir, sorriam!
Homenagem
No seu discurso, a atriz, que é a primeira brasileira a vencer o prêmio de Melhor Atriz no Globo de Ouro, fez referência às atuações femininas e dedicou a vitória à sua mãe, Fernanda Montenegro. Torres superou grandes nomes de Hollywood, como Angelina Jolie, Nicole Kidman, Pamela Anderson e Kate Winslet.
“Meu Deus, eu não preparei nada, porque eu já estava feliz. Este é um ano incrível para as atuações femininas. Tantas atrizes aqui que eu admiro muito. Claro que eu quero agradecer ao Walter Salles, meu parceiro, meu amigo, por essa história.
Eu quero dedicar esse prêmio à minha mãe, que esteve aqui há 25 anos. Esta é a prova de que a arte dura na vida até durante momentos difíceis na vida pelos quais a Eunice Paiva passou. E, com tanto problema no mundo, tanto medo, esse é um filme que nos ajudou a pensar em como sobreviver a tempos como esses. Então, para a minha mãe, para minha família, para o Selton, para os meus filhos, muito obrigada”, finalizou.
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