Vereadores lavaram a roupa suja na cassação de Maikon Costa
Parlamentar é o primeiro da história a perder o mandato no exercício do cargo em Florianópolis
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A sessão que cassou o mandato do vereador Maikon Costa (PL) foi um festival de acusações mútuas entre o parlamentar que respondia à decisão da Comissão de Ética, dos quatro vereadores que defendiam outra punição e os demais 17 vereadores que aproveitaram para levantar todos os comportamentos que nunca concordaram. Passava das 20h30 quando o resultado foi divulgado no painel, depois de uma rápida discussão se deveria ser em voto nominal ou no painel.
Maikon caiu atirando, e, quando não o fez, passou a missão para a advogada contratada, a ex-delegada da Polícia Federal Julia Vergara, que coordenou a Operação Moeda Verde, que atingiu vereadores e empresários, um rumoroso episódio que investigou, em 2007, irregularidades na liberação de licenças ambientais e alvarás de funcionamento em diversos órgãos municipais. A escolha foi a dedo, pois a palavra mais usada por Maikon, durante a sessão desta segunda-feira (4), foi “corrupto”. Vergara já atuou como advogada do vereador em outro episódio pela menos.
Se Maikon bateu, também não foi perdoado pelos pares, como Carla Ayres (PT), João Paulo Pereira (Bericó, do União Brasil) e Maryanne Mattos, do mesmo partido que o vereador que estava em uma espécie de julgamento, o PL. Todos fizeram questão de lamentar o convívio com Maikon, dispararam pesadas baterias, assim como Pri Fernandes (Podemos), que, mais adiante virou alvo da ira de Maikon. Circunstancialmente, foi do PSOL, de Tânia Ramos, de Cíntia Mandata Bem Viver e de Afrânio Boppré, que, aliados a Manu Vieira (Novo), vieram as defesas, mais no sentido de que a cassação era muito forte para o que continha a decisão da Comissão de Ética.
A denúncia que fundamentou a perda do mandato
Partiu do segundo suplente do PL, Sargento Mário Mattos, a denúncia contra Maikon, baseada no cerceamento do trabalho na Câmara, onde ficou sem gabinete e sem assessores, durante a substituição, no ano passado. Maikon rebateu com o fato de que não estava vereador à época da denúncia, de que não houve vias de fato na visita à sala onde o Sargento Mattos despachava, sobre o qual mostrou um vídeo.
O jogo era de aparente execução. De um lado quem já decidiu punir um vereador que fez muito barulho, mas também denúncias relevantes. De outro, os poucos que o tinham como companheiro na hora de propor CPIs e demais investigações. Ao final, o placar deliberou pela cassação de Maikon, que já havia escapado de outras duas denúncias intacto: 17 votos a favor, uma abstenção e quatro contra.
O vereador se emocionou ao subir à tribuna. Ao final do último pronunciamento, mais uma vez chorou e se emocionou. “Pequei pelo excesso, mas não pela omissão. Obrigado, Florianópolis! Obrigado, Carianos, bairro que tanto amo! Obrigado, Cris! Pedrão (Pedro Silvestre, ex-vereador e atual pré-candidato à prefeitura pelo PP – que reclamou de não deixarem o povo ter acesso à sessão), vida longa!” Nas redes sociais, Maikon disse que, o próximo passo, é buscar a reversão da perda do mandato no Judiciário, porque as denúncias “são pífias”.
Como votaram os vereadores
João Cobalchini (União) | SIM |
Carla Ayres (PT) | SIM |
Afrânio Boprré (PSOL) | NÃO |
Tânia Ramos (PSOL) | NÃO |
Cíntia Mandata Bem Viver (PSOL) | NÃO |
Manu Vieira (Novo) | NÃO |
Roberto Katumi (PSD) | SIM |
Gui Pereira (Podemos) | SIM |
Maryanne Mattos (PL) | SIM |
Diácono Ricardo (PSD) | SIM |
Pri Fernandes (Podemos) | SIM |
Adrianinho (Republicanos) | SIM |
João Paulo Pereira (Bericó, União) | SIM |
Claudinei Marques (Republicanos) | SIM |
Dalmo Meneses (União) | SIM |
Edinon Manoel da Rosa (Dinho, União) | SIM |
Gilberto Pinheiro (Gemada, Podemos) | SIM |
Jeferson Backer (PSDB) | SIM |
Gabriel Meurer (Gabrielzinho, Podemos) | SIM |
Josimar Pereira (Mamá, União) | SIM |
João Luiz da Bega | SIM |
Renato Gesser (da Farmácia, PSDB) | AUSENTE |
PL decide quem assume
O Partido Liberal, que detém a cadeira na Câmara, decidiu que o primeiro suplente Bruno Becker (foto), que garantiu 1.017 votos, em 2020, tomará posse na cadeira que era de Maikon Costa. Sargento Mattos, o autor da denúncia que levou à cassação, é o segundo suplente.
Maikon Costa era oposição ao prefeito Topázio Neto (PSD), que agora deve ganhar mais um aliado em plenário.
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