Amigos, amigos; negócios à parte
A importância de um Conselho de Administração Independente.
• Atualizado
Quando via a empresa XYZ, com mais de 20 anos de idade, consolidada no mercado, que resolvia implantar a governança corporativa, formar o conselho de administração e aí não resistia e acabava tendo problemas com a sua perenidade, eu me assustava.
Pensava, como assim? A governança corporativa não é um dos pilares do ESG, e não seria a garantia de sustentabilidade da organização?
Sim e não, pequeno gafanhoto. Vamos lá.
A governança corporativa tornou-se relevante no início do século 21 quando, em função dos escândalos envolvendo grandes organizações, surgiu a necessidade de que empresas adotassem boas práticas de gestão ou governança para assegurar não somente os interesses dos donos e das partes interessadas (stakeholders), mas também a sustentabilidade da empresa. É o conjunto de processos, costumes, políticas, leis e instituições usados para fazer a administração de uma empresa.
Para o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa, o famoso IBGC, Governança Corporativa é o sistema pelo qual as empresas e demais organizações são dirigidas, monitoradas e incentivadas, envolvendo os relacionamentos entre sócios, conselho de administração, diretoria, órgãos de fiscalização e controle e demais stakeholders. Quer saber mais sobre Governança Corporativa, clique e leia Governança corporativa: por que a sua empresa precisa dela?
Governança da empresa
Para uma Governança Corporativa cumprir seu papel a principal ferramenta é estabelecer o Conselho de Administração (CA) da empresa. De acordo com o IBGC, o CA é um órgão colegiado encarregado das decisões e direcionamentos estratégicos da organização. Exercendo o papel de guardião dos princípios, valores, objeto social e sistema de governança da empresa, sendo seu principal componente.
Os membros do conselho são eleitos pelos sócios e são o elo entre eles e os gestores, orientando e supervisionando a gestão e prestando conta aos sócios.
É o conselho que decide o futuro da empresa.
Tá Melissa, mas não entendi o que os amigos têm a ver com isso tudo?
Pois é aí que mora o perigo.
As boas práticas nos falam que os conselheiros, uma vez eleitos tem responsabilidade para com a empresa, independentemente do sócio, grupo acionário ou demais stakeholders. Eles devem atuar de forma técnica primando pela sustentabilidade da organização, com isenção emocional, financeira e sem nenhuma influência de quaisquer relacionamentos, profissionais ou pessoais.
Acontece que quando a empresa começa a implantar a governança, em muitos casos quando a pessoa que fundou a empresa está pensando em se aposentar. E é aí que os acionistas cometem o erro.
Ao invés de procurar pessoas com diversidade de competências, comportamentos, gênero etc., conselheiros certificados ou com vasta experiência, que seriam de grande valia para compor o conselho de administração, procuram amigos, conhecidos e até parentes de longe que pensam como eles, agem como eles e não tem a independência requerida aos conselheiros.
Conselho de amigos
Deste modo, o Conselho de Administração vira um conselho de amigos, que bate nas costas, chancela caminhos não tão corretos que podem desembocar em prejuízo da companhia. É nesse momento que os fundadores criticam a Governança Corporativa e dizem que não funciona. Lendo autores renomados ou se bebermos da fonte, ou seja, formos nos aconselhar lá no IBGC veremos que o problema não é a Governança Corporativa e sim, como ela foi feita. Fazer uma governança para inglês ver ao invés de pensar na sustentabilidade do negócio não funciona mesmo.
Mais uma vez um ditado correto que diz o que essas pessoas não querem ouvir:
Amigos, amigos; negócios a parte.
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