João Silva

Graduado em economia e relações internacionais pela Boston Univeristy. Mestre em relações internacionais na University of Chicago e mestre em finanças pela University of Miami.


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João Victor da Silva

Eleições 2022: um jogo de confiança e credibilidade

Como a eleição presidencial definirá o futuro da economia brasileira

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Reprodução / SBT News
Reprodução / SBT News

No dia seguinte ao resultado do primeiro turno das eleições, a bolsa brasileira e o Real tiveram resultados surpreendentes. O índice IBOVESPA subiu 5,5% enquanto o dólar teve uma queda de 4,6%. Esses crescimentos excepcionais demonstram que os resultados eleitorais não concretizaram as expectativas do mercado, o qual já parecia precificar a ascensão da esquerda ao poder. A perspectiva de um cenário político no qual Lula tornar-se-ia Presidente da República e teria o apoio do Congresso Nacional representava um grande retrocesso a política econômica exitosa implementada no Brasil desde 2016. Afortunadamente, o resultado eleitoral foi diferente.

A centro-direita dominará a Câmara e o Senado e terá capacidade de barrar quaisquer medidas inconsequentes de um eventual Governo Lula. Caso Bolsonaro saia vitorioso dessa eleição, podemos esperar a intensificação da agenda de reformas econômicas e a concretização de um longo período de crescimento da economia brasileira.

Em última instância, a reação positiva dos mercados de capitais e de câmbio brasileiro demonstram que a eleição presidencial de 2022 definirá o futuro da economia país. Afinal de contas, as propostas econômicas dos dois candidatos são completamente antagônicas.

Propostas econômicas de Bolsonaro e de Lula

Bolsonaro promete a continuidade da política econômica atual, a qual é baseada em propostas ortodoxas, ou seja, fundamentadas no controle das contas públicas e uma política monetária isolada de pressões políticas. Os juros sobem para combater a inflação, mesmo que isso desacelere a economia e prejudique politicamente o candidato a reeleição.

Ademais, Bolsonaro também deve continuar com as reformas microeconômicas que visam o aumento da competitividade da economia brasileira através da flexibilização do mercado de trabalho, desregulamentações, desburocratizações e implementação de novos marcos regulatórios, assim melhorando substancialmente o ambiente de negócios brasileiro. Com a aprovação das reformas administrativa e tributária, além da continuidade do programa de privatizações e concessões do governo, o país deve receber mais investimentos.

Já Lula quer reestabelecer o modelo econômico implementado durante as administrações petistas. O PT deseja revogar o Teto de Gastos e a Reforma Trabalhista, expandir o gasto público e aumentar impostos.

Futuro econômico

Como as decisões econômicas — consumo, poupança e investimento — são resultados das ações humanas, compreender as reações dos indivíduos e empresas a conjuntura econômica de determinado país se torna um exercício fundamental para visionar o futuro econômico da nação sendo analisada. Portanto, uma vez que a política determina em grande medida o ambiente econômico de um país, os governos precisam conquistar a confiança dos agentes econômicos para que sua agenda econômica consiga ser exitosa. Apenas indivíduos confiantes no futuro econômico de seus países investirão e consumirão mais, assim, fomentando um círculo econômico virtuoso. Desta maneira, a política e a economia travam um jogo de confiança e credibilidade, que determinará o futuro econômico do país.

Evidentemente, esta análise não é fruto da imaginação deste colunista. Ela está amparada em pesquisas de economistas renomados, inclusive de alguns economistas laureados com prêmios Nobel. Thomas Sargent, por exemplo, explica que governos com credibilidade farão que os agentes econômicos ajustem rapidamente suas expectativas sobre a economia. No caso da política monetária, Sargent demonstra que o êxito do controle inflacionário depende da habilidade do governo em demonstrar seu compromisso com a responsabilidade fiscal.

No caso da política fiscal, os economistas Alberto Alesina, Carlo Favero e Francesco Giavazzi, defendem que em períodos de crise econômicas, quando a dívida pública atinge níveis insustentáveis, os governos só conseguem despertar a confiança da população sobre a economia e fomentar o crescimento econômico através do controle do gasto público ao invés do aumento de impostos. Afinal de contas, todos sabem que o aumento de impostos desacelera a economia e terá efeito quase nulo sobre a dívida pública se os gastos do governo não forem controlados.

Em ambos os exemplos explicitados, observamos que apenas as propostas econômicas do candidato Jair Bolsonaro se aproximam do que a ciência econômica demonstra ser as políticas públicas efetivas para salvaguardar o equilíbrio macroeconômico do país. Nos últimos meses, já virou praxe observar o noticiário econômico anunciar que os dados da economia brasileira superaram positivamente as expectativas do mercado.

Afinal de contas, os modelos econométricos não conseguem capturar a nova realidade econômica do país — o modelo econômico agora é outro. Controlamos a inflação porque temos um Banco Central independente. Estamos crescendo mais do que o esperado porque o setor público não é mais o principal agente econômico do país. O setor privado é quem está dominando os investimentos e a oferta de crédito no Brasil. O governo, agora, se dedica essencialmente as políticas sociais. O Brasil está mudando. Está mudando para melhor.

No entanto, a população pode escolher outro caminho. Pode assinar uma carta em branco ao ex-presidente Lula, que em nenhum momento anunciou quem serão os membros do seu gabinete econômico, em uma eventual vitória nas eleições. Seu programa de governo só aposta em platitudes populistas e eleitoreiras. De fato, com suas propostas de aumento do gasto e investimento público, Lula pode fazer o Brasil crescer por alguns anos. Só que a conta a ser paga no futuro será em forma de uma crise econômica tão devastadora quanto aquela experimentada por sua aliada, Dilma Rousseff. No fim, o descontrole fiscal cobrará seu preço e o capital produtivo fugirá rapidamente do país.

Assim sendo, se os brasileiros quiserem continuar no caminho do crescimento econômico sustentável, se deve escolher um governo com credibilidade. Caso quisermos continuar experimentando voos de galinha que aterrissam em buracos quase sem fim, pode-se escolher o caminho do populismo e demagogia. Será você, eleitor, que definirá se escolheremos o caminho da servidão ou o caminho da prosperidade.

  • As opiniões do colunista não refletem, necessariamente, a opinião do Portal SCC10.

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