Gustavo Maresch

Bacharel em Gastronomia e mestre em Turismo e Hotelaria. Atualmente é chef de cozinha do Kraft Wine Bar.


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Gustavo Maresch

Gran Reserva(do): afinal, que vinho estou tomando?

Vinho Reserva, Gran Reserva ou Reservado. Aprenda a diferença entre as diversas informações contidas no rótulo de um vinho.

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Fonte: Pixabay
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É muito provável que até o menos atento dos consumidores tenha se deparado com um vinho que, além de um nome de produtor e/ou marca, traga alguma expressão com expectativa de melhor qualidade.

Não faltam opções, que vão desde Reserva, Seleção, Reservado, Gran Reserva, Seleção de Família, Garrafeira e mais uma infinidade.

Mas afinal, o que elas significam no vinho?

O primeiro a se saber é que o regramento legal do vinho, bem como praticamente todos os outros, tem pátria.

Determinada classificação no Brasil pode ser diferente do que na Alemanha, por exemplo, e mesmo sendo igual, precisa estar prevista, embora algumas exceções aconteçam.

Pode não ser um assunto tão fácil, e nem quero, aqui, destrinchá-lo, mas é importante saber que Reserva, por exemplo, significa uma coisa no Brasil, outra no Chile, e ainda outra na Argentina e na Espanha, todas diferentes entre si.

Ficou confuso?

Bom, nem tenho a pretensão de conseguir responder todas as confusões possíveis com este texto, e apesar de não ter vindo para confundir, mas para tentar explicar, ao contrário do Velho Guerreiro, esse é um assunto bem complexo.

Claro está que, se fôssemos desvendar o regramento de todos os países, vários de vocês sequer chegariam até este ponto do texto, e talvez nem eu mesmo teria aguentado escrever, e estaríamos quase que em uma formação de Sommelier.

Vamos nos restringir à legislação brasileira, e lembrar que todo produto que aqui chega precisa cumpri-la.

Mesmo que a definição de uma categoria possa variar de país a país, o vinho importado precisa satisfazer ao requisito determinado no país de chegada.

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Se uma categoria hipotética superstar significasse no Brasil um vinho de mínimo um ano de amadurecimento em madeira e na Moldávia significasse mínimo de dois anos em madeira, não haveria conflito nenhum ao entrar no nosso país, diferente se, naquele país, a definição fosse de mínimo meio ano em madeira.

Dadas as condições, vamos às definições brasileiras.

Reserva

Reserva se aplica a vinhos com graduação alcoólica mínima de 11 %, dos quais apenas 1 % pode ser corrigido. Se são tintos precisam envelhecer por, no mínimo, 12 meses, e se são brancos e rosados a metade desse tempo. Detalhe importante é não haver obrigação de passagem por madeira.

Diferente do que acontece na maior parte do mundo onde é obrigatória a passagem por madeira e também o envelhecimento mínimo em garrafa.

Gran Reserva

Gran Reserva se aplica a vinhos com graduação alcoólica mínima de 11 %, não permitida a correção. Se são tintos precisam amadurecer por, no mínimo, 6 meses em recipiente de madeira de, no máximo, 600 L, somados de, no mínimo, mais 12 meses de envelhecimento. Se são brancos e rosados tem os tempos reduzidos, respectivamente, para 3 e 12 meses.

Assim como acontece no Reserva, não há nenhuma determinação de envelhecimento em garrafa, já que isso não está especificado e mesmo atingindo os tempos mínimos em cada categoria dentro da vinícola, não importa se foi engarrafado ou não, usa-se o respectivo termo.

Vinho Reservado

Reservado é o menos definido e mais nebuloso de todos os termos. Herdamos do Chile, onde é tão simplesmente tomado como uma menção complementar de qualidade, sem ser definido.

No Brasil foi definido como: vinho jovem pronto para consumo com graduação alcoólica mínima de 10 %, sem objeção quanto à sua correção. Foi, com clareza, uma necessidade comercial para fazer frente aos homólogos chilenos.

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É interessante notar que não é obrigatório que um vinho que tenha requisitos para determinada categoria tenha de declarar isso no rótulo. Na prática ninguém perderia de usar uma classificação superior.

Determinados critérios mínimos, que embora não se sobreponham, como acontece no Chile, não trazem diferenças tão substanciais assim, nem mesmo uma profunda seleção de matéria-prima.

Hoje é menos comum que um vinho tenha menos de 11 % de álcool vindo da própria uva, o que fica ainda menos raro se, para essa graduação, 1 % possa vir de correção. Na mesma direção, nada acrescento sobre o mínimo de 10 % sem vedação de correção.

Expressões clássicas

Há previsão legal de que outras expressões clássicas mundialmente também possam ser usadas se corresponderem ao que se preconiza na sua origem, tais como Blanc de blancs e Blanc de noirs, que significam, respectivamente, branco de uvas brancas e de uvas tintas.

Outra possibilidade seria um acordo que proteja e reconheça uma expressão típica de algum produto tradicional do mundo que gozará livremente do direito de uso em território nacional.

A esta altura o leitor talvez já tenha percebido que talvez o caminho mais acertado seja selecionar produtores de confiança e beber mais o vinho do que as expressões nele contidas.

Desejar sucesso nesta tarefa.

Santé!

por Jucelio K. Medeiros


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