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Bolo de chocolate gera discussão sobre racismo e acaba com polícia em sala de aula de SC

Discussão iniciou após estudante utilizar termo "nega-maluca" para se referir ao bolo de chocolate

• Atualizado

Redação

Por Redação

Foto: Polícia Militar | Divulgação
Foto: Polícia Militar | Divulgação

Na noite de segunda-feira (03), a Polícia Militar precisou ser acionada para controlar uma discussão envolvendo suspeita de racismo entre estudantes dentro de uma sala de aula na Universidade Regional de Blumenau (FURB). Alunos iniciaram uma discussão após uma colega usar a expressão “nega-maluca” para se referir ao bolo de chocolate.

Após a fala da estudante, uma discussão teria começado dentro da sala de aula. Os alunos teriam expressado o que entenderam sobre a fala da colega e a estudante que sentiu injuriada não teria conseguido falar.

“Foram ouvidas diversas testemunhas, de ambas as partes, e todas relataram que a fala não foi direcionada a pessoa da possível vítima, e sim no sentido de colocar em discussão um termo usualmente utilizado em nosso cotidiano”, afirmaram os policiais. Já a aluna que teria utilizado o termo disse para os policiais não teve má-fé ao utilizar o termo “nega-maluca” e apenas quis levar o assunto para discussão construtiva entre os alunos do curso.

O advogado da aluna que se sentiu lesada informou para os policiais militares que uma estudante teria cometido atos racistas ao usar a expressão. “Segundo o advogado, sua cliente já teria explicado que essa expressão teria em sua essência etimológica racista”, disse a Polícia Militar (PM).

“No local não foi constatada materialidade do delito para que fosse dado voz de prisão, visto que os relatos das partes bem como os das testemunhas não tinha em sua substância indícios suficientes de autoria e materialidade do delito”, informou a Polícia Militar.

Aluna precisou ser escoltada

Para garantir a segurança da estudante que utilizou a expressão, o comandante do policiamento acompanhou os procedimentos, e auxiliou na escolta da acadêmica até o veículo. Segundo a PM, muitas pessoas gritavam com a jovem. “Foi solicitado por diversas vezes que se afastassem e se retirassem, ordens não acatadas pelos manifestantes. Após diversas tentativas se sentaram ao chão, se acalmaram e se comprometendo apenas a se manifestarem, sem agressões verbais ou físicas”, consta no relato dos policiais.

Entretanto, na saída da universidade, a aluna foi chamada de “racista nojenta”. Os policiais não conseguiram identificar a pessoa que fez as declarações. O advogado da FURB, o Reitor, duas assistências sociais da Universidade, bem como o advogado da aluna estiveram presentes durante o atendimento policial. Em nota, a FURB informou que irá investigar, avaliar e responsabilizar eventuais infratores a fim de coibir atos de racismo.

“No entendimento de sua responsabilidade comunitária, a FURB prontamente iniciou um processo de sindicância para apuração interna do caso que objetiva a plena investigação dos fatos. (…) A FURB manifesta seu repúdio ao preconceito e ao racismo. Uma vez mais, destaca-se que não mediremos esforços na devida investigação e devida aplicação de penalidades.”, se manifestou em nota a FURB.

Confira nota da FURB na íntegra:

A Universidade Regional de Blumenau, como espaço plural, democrático, de discussão de ideias e construção de conhecimentos, não admite atos de discriminação e racismo, e acredita que os mesmos devam ser punidos com o rigor da lei. Para tanto, também dispõem de regulamentos próprios que permitem investigar, avaliar e responsabilizar eventuais infratores, e lançará mão de todos os recursos disponíveis a fim de coibir atos de racismo em seus campi.

Trabalhamos em ações contra o preconceito racial por meio de grupos de pesquisa, projetos de extensão e atividades de ensino. Valorizamos profundamente o conceito de igualdade, traduzido em 2010, pela Lei nº 12.288, o Estatuto da Igualdade Racial, legislação que visa garantir que a população negra tenha seus direitos assegurados efetivamente e prevê a defesa dos diretos étnicos e o combate à discriminação e à intolerância étnica. Adicionalmente, somos a única universidade do sul do Brasil envolvida na Cátedra UNESCO, Educação Superior e Povos Indígenas e Afrodescendentes na América Latina, que visa a realização de ações de enfrentamento junto à comunidade acadêmica sobre questões raciais.

Na noite da última segunda-feira (03), ocorreu um fato lamentável em sala de aula entre estudantes. No entendimento de sua responsabilidade comunitária, a FURB prontamente iniciou um processo de sindicância para apuração interna do caso que objetiva a plena investigação dos fatos. O resultado da sindicância permitirá que ações sejam tomadas no âmbito interno.

A Universidade de Blumenau, hoje e sempre, adotará todas as medidas necessárias na luta contra todos os tipos de preconceito. A FURB manifesta seu repúdio ao preconceito e ao racismo. Uma vez mais, destaca-se que não mediremos esforços na devida investigação e devida aplicação de penalidades.

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