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Impunidade

Traficantes usam mergulhadores para esconder drogas em navios no porto de Santos

Só em janeiro de 2023, já foram apreendidos 293 quilos de droga

• Atualizado

SBT News

Por SBT News

Foto: reprodução/SBT News
Foto: reprodução/SBT News

Mais de meia tonelada de cocaína escondida no casco de navios foi apreendida no porto de Santos, o maior da América Latina, só no ano passado. A droga iria para a Europa e a África. Porém, mesmo com a apreensão recorde, a polícia tem dificuldade de flagrar os traficantes que atuam na área.

Reportagem exclusiva do SBT News mostra a participação de mergulhadores, aliciados por traficantes, no esquema. Eles enfrentam a escuridão da noite para colocar os pacotes de cocaína em compartimentos dos navios que ficam debaixo d’água.

Um dos registros da ação foi feito durante uma inspeção a um navio atracado em Santos, no litoral paulista. Em uma profundidade de cerca de 10 metros, o mergulhador da polícia encontra diversos pacotes de cocaína, todos amarrados com corda e cabos à embarcação.

A droga estava escondida em um compartimento conhecido como ‘Sea Chest’, ou ‘caixa de mar’. Casos como este, que eram esporádicos, estão em claro crescimento no porto de Santos, e se tornaram a mais nova preocupação das autoridades no litoral.

“Já há, sim, uma tendência a buscar mais esse meio de colocação de droga para o exterior, de cocaína. As organizações envolvidas nesse transporte de cocaína para o exterior têm buscado, aparentemente, mais esse meio”, observa o auditor da Receita Federal, Richard Neubarth.

Segundo dados da Receita Federal, foram apreendidos, em 2022, 611 quilos de cocaína que estavam em cascos de navios. O dobro do ano anterior, quando foram encontrados 313 quilos da droga. Outro dado importante: só este ano, em pouco mais de um mês, os agentes já apreenderam 293 quilos de cocaína na mesma situação.

Só que ninguém foi preso. As investigações, que começaram depois da apreensão da droga, não chegaram aos responsáveis. A própria Polícia Federal admite uma dificuldade maior em comparação com os casos em que a cocaína é localizada em contêineres, em meio a produtos que serão exportados.

“O crime acontece, a droga é encontrada, mas você não tem um ponto de partida. Ela cria uma dificuldade a mais devido ao fato dela não ter imagem para iniciar a investigação ou, às vezes, uma documentação para ser analisada, uma sistema de rastreamento”, explica o delegado da PF, Marcel Fernandes Barbara.

Outro detalhe que chama a atenção das autoridades é que a colocação da droga nos cascos dos navios não é um processo simples. “Colocar a droga submersa na embarcação, você vai precisar de gente especializada, bastante pessoas que estão preparadas para fazer esse tipo de trabalho”, afirma o auditor

A droga é sempre colocada durante a noite. Na maioria das vezes, os tripulantes não sabem de nada. Um pequeno barco se aproxima do navio – o que é proibido.

A grande maioria das embarcações têm duas ‘caixas de mar’, uma na lateral e outra na parte de baixo. Dentro delas, funcionam bombas que sugam água do mar usada, por exemplo, para resfriar os motores. O mergulhador desce e abre a grade da caixa que estiver com a bomba desligada. Ele amarra os pacotes de cocaína com cordas e cabos, fecha a grade e vai embora.

A única forma efetiva de combater o aumento desse tipo de tráfico de drogas é o uso de um equipamento que a Polícia e a Receita Federal não têm. É um drone que funciona debaixo d’água. Com apenas um, os agentes poderiam fiscalizar, em média, 5 navios, por dia. Hoje, com o uso de mergulhadores, são inspecionadas apensa 3 embarcações, por semana.

O drone funciona assim: o agente controla o equipamento de uma lancha e, com o uso das câmeras, consegue vasculhar, em minutos, todos os compartimentos dos navios atracados no porto.

Os 16 quilômetros de extensão do canal portuário têm outros graves problemas no quesito segurança. Apesar das rondas feitas pela Polícia, Receita Federal e até Marinha.

O controle de quem navega pelas águas é difícil. Comunidades que são dominadas pela facção criminosa Primeiro Comando da Capital, o PCC, chegam até às margens do porto. Não há nenhuma separação ou controle de quem se aproxima.

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