Superlotação em presídio de SC leva Ministério Público a pedir interdição; entenda
Estado deixou de cumprir compromisso firmado em 2020 para criar 384 vagas; Ministério Público pede medidas urgentes para evitar colapso no sistema prisional
• Atualizado
A superlotação do Presídio Regional de Rio do Sul ultrapassou níveis considerados toleráveis, segundo o Ministério Público de Santa Catarina (MPSC). Nesta segunda-feira (20), a Promotora de Justiça Rafaela Denise da Silveira Beal apresentou pedidos de interdição parcial da unidade e de cumprimento de um acordo judicial firmado com o Estado, destacando que a situação atual configura violação à dignidade humana e um risco iminente à segurança pública.
De acordo com o MPSC, o acordo com o Estado de Santa Catarina, firmado após a interdição parcial do Presídio Regional de Blumenau em 2020, previa a ampliação da capacidade prisional na região do Alto e Médio Vale do Itajaí. Para Rio do Sul, o pacto estabelecia duas obrigações principais:
- Construção de uma nova unidade para o regime semiaberto, com 192 vagas;
- Ampliação do Presídio Regional existente com mais 192 vagas, totalizando 384 novas acomodações.
Os empreendimentos deveriam estar concluídos até abril de 2022, mas, passados mais de três anos, apenas uma reforma parcial do antigo CASEP foi realizada, resultando em pouco mais de 50 vagas, número muito inferior ao previsto.
Diante da inadimplência do Estado, o MPSC ajuizou pedido de cumprimento da decisão homologatória do acordo e busca responsabilizar o governo pelo atraso. Paralelamente, requereu a interdição parcial do presídio, impedindo a entrada de novos detentos até que a unidade atinja uma capacidade mínima adequada.
Segundo a Promotora Rafaela Beal, o cenário atual configura um “estado de coisas inconstitucional, incompatível com a execução penal e com a integridade física e moral das pessoas privadas de liberdade”.
Ocupação quase 200% acima do previsto
Uma vistoria realizada neste mês constatou 440 detentos na unidade, cuja capacidade real é de 278 vagas 225 na estrutura principal e 53 no antigo CASEP. Apenas na ala central, a ocupação alcançou 173,78% acima do limite projetado.
O MPSC alerta que a manutenção dessa situação coloca em risco presos, servidores e a comunidade, devido à possibilidade de colapso institucional.
“O próprio Estado propôs os prazos e garantiu que possuía meios para cumpri-los. A omissão reiterada não pode mais ser tolerada, sobretudo quando impacta diretamente a dignidade de quem cumpre pena e a segurança de toda a comunidade”, reforçou a Promotora Rafaela Beal.
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