Piloto e organizadores são indiciados por homicídio doloso após acidente em evento automobilístico em SC
Delegada entendeu que o piloto assumiu o risco ao acelerar acima de 100 km/h em área urbana. Seis organizadores também foram indiciados por falta de segurança
• Atualizado
A Polícia Civil concluiu o inquérito sobre o atropelamento que matou uma mulher e feriu outras duas durante um evento automobilístico em Grão-Pará, no Sul de Santa Catarina, em 22 de agosto deste ano. O relatório final aponta o piloto do carro e seis organizadores como responsáveis pelo crime de homicídio doloso, quando há intenção ou assunção de risco de matar.
Entre as vítimas estava Patrícia Oening Foss, de 38 anos, que não resistiu aos ferimentos. Ela assistia à exibição de carros ao lado de duas amigas, quando foi atingida por um Porsche 911 Carrera que perdeu o controle e invadiu a área onde o público estava. As outras duas mulheres ficaram feridas uma delas precisou passar por cirurgia na clavícula.
O veículo era conduzido por um médico de 39 anos, natural de Santa Maria (RS). Ele prestou socorro imediatamente após o acidente e tentou reanimar Patrícia até a chegada do resgate. O teste do bafômetro deu negativo para ingestão de álcool. Mesmo assim, a delegada Jucinês Ferreira, responsável pela investigação, entendeu que o condutor assumiu o risco de provocar o acidente.
De acordo com o inquérito, a rua onde as manobras eram realizadas tinha limite de 50 km/h, mas os laudos técnicos indicaram que o carro estava a mais de 100 km/h no momento do impacto. A delegada destacou ainda que o piloto tinha plena ciência da potência do veículo e da falta de estrutura adequada de segurança no local.
“A opção deliberada por acelerar em tal contexto, somada à presença de público vulnerável e à limitação física do espaço, traduz uma assunção voluntária do risco de produzir resultado letal”, afirmou Jucinês no relatório.
Além do piloto, seis organizadores do evento foram indiciados. Um dos elementos utilizados pela polícia foi um vídeo em que parte da equipe aparece orientando os pilotos a atingirem altas velocidades. Em um dos trechos, um dos organizadores afirma que “não era necessário chegar a 300 km/h, mas que 150 km/h estaria ok”.
Segundo a investigação, a organização não tinha autorização da Polícia Civil para realizar a exibição na sexta-feira, dia do acidente a liberação era apenas para as provas oficiais do fim de semana. A delegada também apontou omissão na segurança, já que não havia ambulâncias ou profissionais de saúde preparados para atendimentos de emergência.
Os investigados não tiveram prisão solicitada e seguem em liberdade. O inquérito foi encaminhado ao Ministério Público de Santa Catarina (MPSC), que agora deve decidir se apresenta denúncia à Justiça.
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