MPSC apura comentários racistas contra vereador de São José
Núcleo de Enfrentamento aos Crimes de Racismo e Intolerância acompanha o caso
• Atualizado
Após o vereador de São José Toninho da Silveira denunciar um ataque racista enquanto discursa na sessão plenária on-line da Câmara de Vereadores, o Núcleo de Enfrentamento aos Crimes de Racismo e Intolerância (NECRIM) do Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) encaminhou, para a devida apuração por Promotoria de Justiça com atuação na área criminal da Comarca da São José, notícias do caso dando conta de que uma pessoa que assistia à sessão da Câmara em uma rede social teria enviado emoticons de macaco no chat enquanto o único Vereador negro da cidade falava na tribuna.
O ofício foi distribuído para a 9ª Promotoria de Justiça de São José, que instaurou uma notícia de fato e requisitou a instauração de um inquérito policial para apurar os fatos.
Injúria racial é crime inafiançável
O racismo é um crime previsto na legislação brasileira desde a Constituição de 1988 e é tipificado pela Lei n. 7716/89. Há uma diferença prevista em lei entre o crime de racismo e a injúria racial.
O primeiro é cometido quando uma pessoa ofende um grupo específico em razão da sua raça, cor, etnia, religião ou origem, gerando danos coletivos. Já a injúria racial diz respeito à ofensa à honra de um cidadão em virtude de sua raça ou de outros fatores sociais.
A vítima de racismo tem vários caminhos para denunciar o crime, como o registro da ocorrência na delegacia de polícia. É possível fazer o registro também pelo Disque 100, número que recebe denúncias de violações dos direitos humanos. Além disso, pode acionar a Polícia Militar no telefone 190 ou pelo aplicativo PMSC Cidadão.
O NECRIM foi instituído no MPSC por meio do Ato n. 496/2020, do Procurador-Geral de Justiça, e vem dando suporte técnico e operacional às Promotorias de Justiça que apuram casos de crimes de intolerância, crimes de ódio ou ameaças motivadas por questões de raça, gênero, ideologia e religião.
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Relembre o caso: Vereador denuncia comentário racista durante sessão on-line em São José
Ele apresentava um projeto de lei sobre a prioridade de vagas e matrículas para crianças com deficiência física ou cognitiva quando nos comentários da live uma usuária se expressou com figuras de palmas e de macacos. Nas redes sociais, o vereador se manifestou e classificou o ato como ataque racista.
“Provavelmente ela não estava concordando com minha cor e não com meu projeto. Porque o projeto faria muito bem para São José, mas minha cor para ela talvez não. Injustiça foi o sentimento que me veio na hora, afinal eu estava defendendo um projeto muito importante para a cidade. Que seria algo positivo para o município”, afirma Toninho.
A Câmara de Vereadores de São José prestou apoio ao vereador. Em nota, o legislativo afirmou que repudia qualquer manifestação racista e que defende a igualdade de raças. Um boletim de ocorrência foi registrado na Delegacia de Crimes Cibernéticos de Santa Catarina e o inquérito já foi instaurado.
De acordo com a Secretaria de Segurança Pública do Estado, 402 ocorrências de racismo foram registradas em Santa Catarina, de janeiro de 2019 a maio de 2022. Além disso, Florianópolis, Itajaí e São José são as cidades que lideram o ranking de maior registro de denúncias de racismo e injúria racial.
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