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Polêmica

Monark, apresentador do Flow Podcast, gera revolta ao defender partido nazista no Brasil

Casos chocantes com esse, também são registrados em Santa Catarina; relembre alguns

• Atualizado

Redação

Por Redação

Foto: Reprodução Youtube.
Foto: Reprodução Youtube.

O apresentador do Flow Podcast, Monark, defendeu na noite desta segunda-feira, 07, a formalização de um partido nazista junto à Justiça Eleitoral brasileira, contrariando princípios básicos da Constituição, como a promoção do “bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação”.

O programa recebia os deputados federais Tabata Amaral (PSB-SP) e Kim Kataguiri (DEM-SP). Durante uma discussão sobre regimes radicais de direita e esquerda, o anfitrião do podcast saiu em defesa do “direito” de ser antissemita. “Eu acho que tinha de ter o partido nazista reconhecido pela lei”, disse.

Tabata Amaral rebateu as afirmações de Monark (nome artístico de Bruno Aiub), classificando-as como “esdrúxulas” e citando o holocausto na Alemanha nazista durante a Segunda Guerra Mundial, período marcado pelo extermínio de mais de 6 milhões de judeus.

Kataguiri, por sua vez, queixou-se porque, segundo sua percepção, defensores do comunismo teriam mais espaço na mídia do que defensores do nazismo. Ponderando sobre a existência do PCdoB (Partido Comunista do Brasil), o deputado afirmou: “A gente não tem um partido formal fascista ou nazista com espaço no parlamento e na imprensa”.

A veiculação de símbolos, ornamentos, emblemas, distintivos ou propaganda relacionados ao nazismo é crime previsto em lei federal e descrito na Constituição como inafiançável e imprescritível.

Monark argumentou que a organização formal de um partido nazista estaria amparada pela liberdade de expressão. Fazendo um contraponto, Tabata afirmou que tal liberdade termina quando se manifesta contra a vida de outras pessoas, sublinhando que o nazismo coloca em risco a vida da população judaica, ao que o apresentador indagou: “De que forma?”.

“Se o cara quiser ser antijudeu, eu acho que ele deveria ter o direito de ser”, afirmou Monark. Segundo ele, esse posicionamento seria restrito a uma questão de “ideais” e não estaria relacionado à vida ou à morte de judeus. Respondendo à deputada, que criticou o ato de questionar a existência de alguém, Monark insistiu: “questionar é sempre válido”. Depois, em determinado momento, Kim disse achar errado o fato de a Alemanha ter criminalizado o nazismo.

Segundo a advogada criminalista Cecília Mello, ex-juíza do TRF-3, a suposta liberdade para ser nazista, como defende Monark, encontraria uma barreira na maior valoração de outros direitos fundamentais. “Existem vedações constitucionais em relação à preservação do direito do outro.

A sua liberdade é inserida dentro do contexto dos direitos coletivos. Inclusive, quando há dois direitos juntos, verifica-se qual deles tem um peso maior para a sociedade, e, seguramente, nesse sentido, os direitos de respeito, de dignidade e de consideração ao ser humano prevalecem sobre a alegada liberdade de expressão”.

Cecília ressalta que a legislação determina que a criação de partidos políticos deve atender à democracia e o respeito aos direitos fundamentais. “Portanto, por consequência lógica, proíbe a existência de grupos partidários contrários a esses valores”, observa.

O ex-advogado-geral da União Fábio Medina Osório afirma que não se pode, em hipótese alguma, comparar legendas de esquerda com a alcunha de ‘comunistas’ a um possível partido nazista. Segundo ele, tanto o PCdoB quanto as siglas socialistas carregam esses rótulos somente no nome e se inserem na estrutura democrática da Constituição brasileira. “Me surpreende algum parlamentar defender a criação de um partido nazista. Seria um retrocesso inaceitável na democracia brasileira. Importante combatermos a cultura nazista até o fim dos tempos”, disse.

Osório reforça que a liberdade de expressão tem limites constitucionais. O ex-AGU dá exemplos de manifestações que não são amparadas por esse princípio: “Não há possibilidade de se exercer a liberdade para propagar pedofilia nas redes sociais, por exemplo, ou estimular o terrorismo. A vedação aos crimes de discriminação e preconceito constituem um desses limites”.

“A prática do nazismo constitui crime de discriminação e preconceito. Não se pode criar um partido no Brasil para funcionar como organização criminosa”, completou.

Judeus pela Democracia

O grupo Judeus pela Democracia foi às redes sociais na manhã desta terça-feira, 8, se manifestar sobre as declarações do apresentador. A entidade classificou a resposta de Tabata como “perfeita” e criticou o argumento sobre a “liberdade de expressão” sem limites. “Ideologias que visam a eliminação de outros têm que ser proibidas. Racismo e perseguições a quaisquer identidades não são liberdade de expressão”, escreveu o grupo.

Pouco depois, a Conib (Confederação Israelita do Brasil) divulgou nota à imprensa para condenar “de forma veeemente” a defesa da existência de um partido nazista no Brasil e do “direito de ser antijudeu” manifestado por Monark. “O nazismo prega a supremacia racial e o extermínio de grupos que considera ‘inferiores’.

Sob a liderança de Hitler, o nazismo comandou uma máquina de extermínio no coração da Europa que matou 6 milhões de judeus inocentes e também homossexuais, ciganos e outras minorias. O discurso de ódio e a defesa do discurso de ódio trazem consequências terríveis para a humanidade, e o nazismo é sua maior evidência histórica”, diz a nota.

A Federação Israelita de São Paulo se pronunciou na mesma linha. “Monark insistiu que suas falas estariam escudadas no princípio da liberdade de expressão, demonstrando, a um só tempo, desconhecer a história do povo judeu, e a natureza de um princípio constitucional essencial, muitas vezes deturpado por aqueles que insistem em propagar um discurso que incita o ódio contra minorias”, escreveu a federação em nota.

Também começou a crescer nas redes sociais a pressão para que patrocinadores do podcast retirem recursos do programa. O Judeus pelo Brasil cobrou que o grupo Sleeping Giants tome a frente da mobilização para que as empresas que apoiam o programa encerrem os contratos.

A Mondelez Brasil, dona da marca de chocolates Bis, por exemplo, divulgou em suas redes sociais uma nota de repúdio a manifestações nazistas, racistas ou discriminatórias. A empresa também alega que patrocinou apenas dois episódios no ano passado e que já solicitou ao Flow a retirada da marca, citada entre os patrocinadores do podcast.

O Flow vem ganhando destaque no cenário político ao trazer pré-candidatos às eleições de 2022. Sérgio Moro (Podemos) e Ciro Gomes (PDT) participaram recentemente do programa. Como mostrou o Estadão, presidenciáveis e políticos em geral têm recorrido aos podcasts como alternativa para expor suas ideias num ambiente menos formal e crítico do que entrevistas a veículos tradicionais de imprensa, por exemplo.

Com informações de SBT Interior

Casos chocantes como esse, também são registrados em Santa Catarina, relembre:

Nikolai Nerling condenado por negar holocausto grava vídeo no Vale do Itajaí

Nikolai Nerling, videblogger conhecido na Alemanha por negar o holocausto, está em Santa Catarina e fez diversos vídeos em algumas cidades do estado. E um dos municípios escolhidos foi Pomerode, no Vale do Itajaí. No local, ele entrevistou moradores e removeu grafites com a frase “FCK NZS”, sigla que refere-se a “Foda-se Nazistas”.

Conforme informações, Nerling está no Brasil desde novembro de 2021, para conhecer as cidades brasileiras. Ele afirma que decidiu ficar no país por medo de ser preso na Alemanha.

Vídeo: alunos fazem saudação nazista em escola de Criciúma

Um vídeo divulgado em uma conta do Twitter, em agosto de 2021, tem causou repercussão no Sul de Santa Catarina. A imagem mostra alunos de uma escola particular de Criciúma fazendo uma saudação nazista dentro da sala de aula.

No vídeo que circula nas redes sociais é possível ouvir o sinal da escola enquanto os alunos de uma turma de nono ano permaneciam em sala. Com a chegada de uma pessoa na porta, os adolescentes levantam das cadeiras com os braços estendidos.

Objetos que referenciam o nazismo são apreendidos em SC

Em setembro de 2021, objetos referentes ao nazismo, inclusive um quadro em que Adolf Hitler aparece como figura central. Também foram encontrados moldes para fabricação de objetos ilícitos, como a águia sobre a cruz suástica e o busto de Adolf Hitler, em tamanho médio. A polícia também encontrou uma série de objetos para fabricação de munição para armas de fogo.

Os objetos foram apreendidos em cumprimento a um mandado de busca e apreensão na casa do principal suspeito, que está em viagem de férias para Portugal. O suspeito armazenou e fabricou os objetos em dois contêineres, que estavam em um terreno no bairro Mulde Central, em Timbó.

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