“Filme de terror”: Ataque em creche de Blumenau abala famílias e deixa moradores em desespero
Ataque deixou população em pânico
• Atualizado
por Natiele Oliveira
Na frente do hospital onde o filho está internado, em Blumenau, o homem não consegue segurar as lágrimas.
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“Dificil pra gente, meu filho só tem 5 anos… pra gente é muito difícil… é uma criança. Quando é um adulto, um adulto sabe se defender. Mas uma criança, uma criança não sabe se defender”, conta aos prantos Fábio Júnior Santos, pai de uma das crianças feridas no ataque a escola particular Cantinho Bom Pastor, no bairro Velha, em Blumenau, no Vale do Itajaí, na manhã desta quarta-feira (5).
Além do filho de Fábio, outras quatro crianças ficaram feridas e quatro morreram vitimadas pelo ataque que chocou o Brasil.
As quatro crianças foram levadas ao hospital com ferimentos no rosto e no pescoço, provocados durante o ataque com um machado.
A médica e diretora técnica Maria Beatriz Silveira Schmitt Silva fez parte da equipe de saúde que recebeu as vitimas. “Duas meninas e dois meninos. Todos os quatros foram levados à nossa equipe de cirurgia pediátrica, todas foram submetidas a procedimentos cirúrgicos, sob anestesia geral, todas estão estáveis, a exceção dos meninos, que vão ser submetidos a uma transfusão por conta dos sangramentos e dos ferimentos”, explica.
O crime ocorreu por volta das 9h da manhã e foi ouvido pela vizinhança. Quem trabalha perto da escola acompanhou o desespero.
“A gente escutou barulhos, a gente imagino que alguma criança tinha se machucado e depois a gente viu uma senhora passando na rua e gritando desesperada, olhando por cima do muro e fui lá ver o que estava acontecendo. E no que olhei em cima do muro, vi aquela cena horrível”, lembra a balconista do posto de combustíveis Andreza Karina Junge Nilsen, que estava trabalhando no momento do ataque.
Moradores vivenciaram cenas de terror
Quem estava nas proximidades da escola relata que as cenas foram desesperadoras. O empresário Anderson da Silva explica que a situação causou um grande susto a todos.
“Eu estava vivendo um filme de terror. Foi horrível, foi o desespero dos pais chegando ali e berrando. O pessoal na fila esperando qual é o filho que vai sai da escola. Uns com choro de desespero, outros de alívio”, explica o empresário.
Anderson conta que mudou os filhos de escola no ano passado. “Nossos filhos iam pra creche até o final do ano, esse ano optamos por não ir, era pra eles estarem ali, eu e a minha esposa choramos porque a gente se coloca no lugar dele. Eu vi o cara chegando, o cara saindo, a gente se sente travado, e ver os pais chorando, como não fiz nada? Como não consegui fazer nada. Mas quando a gente viu, já tinha acontecido. Estamos sem acreditar. esperando que a gente acorde e que seja só um pesadelo.”
Crianças mortas em ataque tinham entre quatro e sete anos
As quatro vítimas mortas no ataque a escola tinham entre quatro e sete anos de idade. Enzo Marchesini Barbosa tinha quatro anos. Três dias atrás, a mãe dele publicou uma foto com o filho e escreveu: “meu coração fora do peito”.
Bernardo Pabst da Cunha também tinha quatro anos. Bernardo Cunha Machado, também apenas cinco. Larissa Maia Toldo, sete anos de idade.
Muro da creche recebeu homenagens às crianças
O cantinho bom pastor funciona em Blumenau há pelo menos dez anos. O espaço recebe crianças de um a doze anos. Na tarde desta quarta-feira (5), muitos moradores da cidade vieram prestar solidariedade deixando cartas e flores nos muros da creche.
A escola divulgou uma nota: “estamos desolados com a tragédia ocorrida no dia hoje, sofrendo terrivelmente e sentindo as dores que afeta cada criança, familiar e amigo. Ainda estamos tentando entender o ocorrido, que atinge o que nos é mais sagrado: a integridade de nossas crianças, que sempre foram recebidas com amor e carinho”.
Ataque em Blumenau lembra catarinenses da chacina de Saudades
Um pesadelo que os catarinenses vivenciaram há dois anos. na cidade de Saudades, a 500 quilômetros de Blumenau, parece se repetir. No dia 4 de maio de 2021, Fabiano Kipper Mai, então com 18 anos, invadiu a creche Aquarela e matou três crianças, uma professora e uma funcionária com golpes de facão.
Em janeiro deste ano, o Tribunal de Justiça de Santa Catarina manteve a decisão de levar o acusado a júri popular. Ele responde por 14 tentativas de homicídio e pelas cinco mortes. Fabiano ainda aguarda julgamento.
“O próprio estado, desde a tragédia de Saudades, tem trabalhado na melhoria do acesso às escolas e no cuidado em relação a isso. varias ações já foram feitas, inclusive em reuniões com diretores de escolas. E esse trabalho vai ser reforçado agora pra que a gente possa ter o maior encaminhamento”, lembrou o delegado-geral da Policia Civil de Santa Catarina Ulisses Gabriel.
Confira as reportagens sobre o caso
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