Familiares das vítimas de ataque a creche em Blumenau já se encontram no Fórum Central
Famílias das vítimas buscam por “encerramento de ciclo”
• Atualizado
Os familiares das vítimas de ataque a creche em Blumenau já se encontram no Fórum Central, na manhã desta quinta-feira (29), para o julgamento do acusado pelas mortes de quatro crianças e de outras cinco feridas. Conforme os advogados das famílias das vítimas, todas buscam por esclarecimentos, uma condenação justa, mas acima de tudo por um “encerramento de ciclo”.
Expectativa para o julgamento
O advogado Rodolfo Warmeling espera demonstrar aos presentes, em especial para os jurados, a gravidade do crime que ocorreu em Blumenau. “Nosso intuito é de demonstrar isso, trazer o anseio das famílias para que o réu receba uma pena exemplar para que isso nunca mais volte a acontecer”, disse.
“Não esperamos uma pena específica, mas queremos que ele pegue o máximo possível dentro dos parâmetros da lei. Mas se trabalharmos uma pena máxima e uma mínima, seria mais de uma centena de anos de prisão. Nossa missão é trazer esse aporte para que a magistrada possa decidir a sentença”, completou.
Caso será julgado pela comunidade de Blumenau
Antes da data do julgamento ser marcada, a defensoria pública, que representa o réu, havia solicitado o desaforamento do julgamento, ou seja, o deslocamento do júri da cidade de origem para outra próxima, por questão segurança. O que foi negado pela Justiça.
Conforme os advogados, assim como no Massacre em Saudades, a Justiça manteve o julgamento na cidade onde o crime ocorreu.
O caso será julgado a partir das 8h, desta quinta-feira (29), no salão do Tribunal do Júri do Fórum Central de Blumenau. Sendo que apenas os familiares das vítimas e do réu terão acesso ao julgamento, sem a presença do público externo.
A rua em frente ao fórum, será temporariamente fechada no início e no término do julgamento. Além disso, um forte esquema de segurança será implementado no local.
Creche não abrirá
Por motivo de segurança, a creche Cantinho Bom Pastor não funcionará no dia do julgamento. A decisão foi tomada pela diretoria da escola, juntamente com a polícia e pais dos alunos. “É uma questão de precaução, pois o medo sempre existe”, comentou o Obregon sobre o fechamento da unidade no dia do júri, o filho dele já estudou na unidade.
“As duas últimas semanas têm sido muito angustiantes para a creche. Nós intensificamos o contato com as professoras, então elas estão revivendo aquele momento, tendo que falar sobre o dia. E isso, infelizmente é inevitável. Somente agora elas estão encaixando as peças e entendendo o que realmente aconteceu”, revelou Vanieli.
“É função de todos nós, tanto como advogados e imprensa, quanto como comunidade, não tornar esse caso ‘normal’, digamos assim. E de novo entramos na questão da pena, que tem que ser exemplar, o mais exorbitante possível, para que possamos mostrar que situações assim não são toleradas”, destacou Warmeling. “Esse não é um caso de homicídio simples, estamos falando de um homem frio, que foi atrás de crianças e que atacou uma creche, então isso é sem precedentes, esse não é um processo qualquer”, concluiu.
Warmeling também comentou sobre a similaridade entre os casos de Saudades e Blumenau, ambos atentados em unidades de ensino de Santa Catarina. “Todo crime trás consequências para a sociedade. Confesso que acho que o massacre em Saudades foi um pouco negligenciado. Pois Santa Catarina teve esse precedente com muitas vítimas fatais, mas foi somente quando ocorreu uma situação similar em Blumenau, que o Estado tomou providências mais enérgicas, como por exemplo seguranças em escolas”.
Os três advogados representam oito famílias das vítimas, sendo que somente uma optou por outra defesa.
O que diz a defesa do réu:
O SCC10 também entrou em contato com a equipe do advogado Arthur Albuquerque da Defensoria Pública de Santa Catarina, que irá defender o réu durante o julgamento. Em nota, eles informaram que a defesa irá trabalhar para que o acusado tenha um julgamento justo.
Leia a nota na íntegra:
“O defensor público que irá atuar no julgamento do réu Luiz Henrique pelo tribunal do júri está cumprindo com o seu dever legal e irá realizar a sua defesa a fim de que ele tenha um julgamento justo, pois todas as pessoas que cometem um crime serão atendidas obrigatoriamente pela Defensoria Pública caso elas não contratem um advogado particular.”
O réu será acusado por quatro homicídios qualificados e cinco tentativas de homicídio qualificado. As qualificadoras analisadas serão motivo torpe, meio cruel, uso de recurso que dificultou a defesa das vítimas e crime contra menores de 14 anos.
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