Estudante de medicina suspeita de desvio milionário volta a frequentar aulas na USP

A estudante de medicina suspeita de desviar quase um R$ 1 milhão do fundo de formatura da sua turma voltou a frequentar as aulas na USP, mas cumpre estágio afastada dos colegas de classe. Os alunos foram informados de que Alicia não terá contato com os demais estudantes, mas que fará atividades com a mesma equivalência.

Alícia Muller — que será interrogada novamente nesta semana — também é investigada por aplicar golpe contra uma casa lotérica.

“Ela ia lá diversas vezes por semana pra poder jogar e ganhar confiança de quem está ali. Como foi várias vezes que ela foi, ela acabou ganhando essa confiança. Ela mandava um Pix de R$ 50 mil e fazia as apostas, mandava R$ 70 mil e fazia as apostas. Ela prometeu que ia jogar R$ 900 mil e a funcionaria, sabendo que em tese Alicia pagaria, começou a fazer os jogos e foi fazendo. A gerente percebeu que o dinheiro não estava caindo na conta naquele lapso temporal e foi perguntando: cadê o dinheiro? Cade o dinheiro? E ela respondia: oh, o pagamento está agendado”, afirma o delegado Fabio Daré.

O prejuízo — segundo a polícia — foi de quase R$ 200 mil reais. O dinheiro usado para realizar os jogos saiu do fundo de formatura da turma de medicina da USP. No total, quase R$ 1 milhão pagos por 115 alunos.

Alicia Muller foi intimada novamente e será interrogada na quarta-feira (8), em uma delegacia de São Paulo. Desta vez, no inquérito que investiga o golpe na lotérica. Além do estelionato, a polícia avalia a possibilidade da estudante responder por outros crimes, como lavagem de dinheiro.

“Eu quero entender o dinheiro, o que ela ia fazer com esse dinheiro, se ela ganhasse na loteria, porque ela ganhou R$ 200 mil, R$ 300 mil, o que ela ia fazer esse dinheiro?”, afirma o delegado.

Nesta segunda-feira (6.), a delegacia que apura as denúncias que envolvem o fundo de formatura recebeu de volta o inquérito encaminhado pelo Ministério Público. O MP entendeu que Alicia não cometeu o crime de apropriação indébita, e sim estelionato, quando há intenção, desde o início, de aplicar o golpe.

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