“Ele é vítima do sistema”: professora esfaqueada por aluno diz sentir dó
Ana Célia foi uma das quatro professoras atacadas pelo adolescente de 13 anos
• Atualizado
A polícia ouviu nesta quinta-feira (30) o depoimento de uma das professoras esfaqueadas por um aluno durante um ataque a uma escola em São Paulo
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Ela afirma que sente pena do adolescente e acredita que ele seja uma vítima do sistema.
No depoimento de cerca de 30 minutos, a professora Ana Célia Rosa relatou o que se lembra do dia do ataque. Contou que não conhecia o adolescente, porque não era um dos alunos dela, e quando entrou na sala onde foi atacada, chegou a pedir ajuda a ele para socorrer a outra professora que havia acabado de ser esfaqueada.
“Entrei na sala porque um dos alunos saiu gritando que era pra ajudar a professora Elizabete. Eu não sabia o que tinha acontecido. Até então, pra mim, ela tinha passado mal na sala de aula. Ele veio na minha frente, eu pedi ajuda a ele, foi quando ele me deu a primeira facada. Então foi aleatório mesmo. Quem ele pegasse, machucaria. Infelizmente fui eu”, disse a professora.
Ana Célia foi uma das quatro professoras atacadas pelo adolescente de 13 anos, na última segunda-feira (27) na Escola Estadual Thomazia Montoro, na zona oeste de São Paulo. Ele ainda feriu outro aluno e matou a professora Elisabete Tenreiro, de 71 anos.
A professora Ana Célia foi a única testemunha a prestar depoimento nesta quinta. O delegado que comanda as investigações entregou ao departamento responsável pelas delegacias da capital, o computador usado pelo estudante. O Decap tem um equipamento capaz de recuperar imagens e informações armazenadas na memória do aparelho, mesmo que tenham sido deletadas.
Outro avanço foi a autorização da Justiça para a quebra do sigilo telefônico do adolescente, o que dará à polícia acesso a mensagens de texto, áudio e vídeo enviadas e recebidas por ele.
As polícias Civil e Militar conversaram com representantes de oito escolas que ficam na mesma região da Thomazia Montoro e ouviram reivindicações e sugestões para melhorar a segurança da comunidade escolar.
Cuidados que a professora Ana Célia espera encontrar no próximo mês, quando pretende voltar a dar aulas. Sobre o autor do ataque, ela disse o que sente: “acho que é dó. Ele é só uma criança, ele é vítima do sistema. Eu quero que ele encontre na vida dele um anjo de guarda que nem eu tenho na minha”.
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