Caso de abuso em Lages: a importância do acompanhamento psicológico, segundo especialista
Família e amigos jamais devem duvidar de qualquer sinal
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A Rádio Clube de Lages segue acompanhando o caso do adolescente de 13 anos que teria sido vítima de abuso por um padre na cidade. Diante da seriedade do tema, a rádio busca novas informações sobre a investigação e, principalmente, sobre a importância do acompanhamento psicológico e da identificação de sinais em situações como essa.
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A Polícia Civil continua com as investigações, enquanto os advogados da família buscam acesso ao laudo do Instituto Geral de Perícias (IGP) e a outros detalhes do caso.
O adolescente está recebendo apoio psicológico. Para entender a importância desse suporte, a repórter Schaina Marcon conversou com a psicóloga Vivian Oliveira. A especialista ressaltou que, além das marcas físicas, as marcas emocionais merecem total atenção. Sinais como mudanças bruscas de comportamento, dificuldades para dormir ou se alimentar e queda no rendimento escolar podem ser indicativos de um trauma profundo.
A importância do acompanhamento psicológico
Vivian destaca que, além das marcas físicas, as marcas emocionais de um abuso são profundas e podem se manifestar de diversas formas. “Existem mudanças muito bruscas de comportamento. Eles podem mudar de um comportamento mais calmo para um agressivo, ou se fechar, não querer ir mais à escola por vergonha, misturando sentimentos em que podem até mesmo se sentir culpados pelo que aconteceu”, explica a psicóloga.
Ela enfatiza que a família e amigos jamais devem duvidar de qualquer sinal ou informação dada pela criança ou adolescente.
“Qualquer sinal que a criança ou o adolescente deem, a pessoa precisa ir em busca, precisa ir atrás e, principalmente, de profissionais especializados, porque a família muitas vezes, devido ao emocional ali envolvido, não consegue dar conta sozinha”, orienta Vivian.
Serviços como o Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) e o Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) contam com equipes multiprofissionais especializadas para lidar com essas questões de violação de direitos humanos.
Em Lages, inclusive, o menino vítima do caso em questão está sendo acompanhado pelo CRAS e CREAS. A Secretaria de Assistência Social de Lages revela que há até uma fila de espera para crianças e adolescentes que passaram por algum tipo de abuso, sendo acompanhados por psicólogos do município, através da Secretaria de Saúde.
Consequências do trauma
A psicóloga alerta que a falta de acolhimento e escuta qualificada pode levar a consequências graves. “Se ele não for acolhido, se ele não for ouvido, ele pode não aguentar viver esse sofrimento sozinho, porque em muitos casos há ideação suicida”, afirma Vivian, destacando também a possibilidade de transtorno do estresse pós-traumático.
Vivian ressalta que o abusador, na maioria das vezes, não é um estranho, mas sim uma pessoa de confiança da família, um líder, tio, avô ou padrasto. “O silêncio vai proteger o abusador e a escuta vai proteger a vítima”, ressalta.
Sinais de Mudança no Comportamento
Para identificar possíveis vítimas, a psicóloga lista os principais sinais que pais e responsáveis devem observar:
- Mudanças bruscas de comportamento: De calmo para agressivo, ou de agitado para introspectivo.
- Dificuldade para dormir ou se alimentar.
- Queda brusca no rendimento escolar.
- Retraimento social: Medo de pessoas que antes conviviam normalmente, medo de sair de casa.
- Regressão de comportamento: Voltar a urinar ou evacuar na cama, por exemplo.
“As crianças e adolescentes apresentam ingenuidade, e nós, adultos, é que temos mais conhecimento e sabemos os sinais existentes. Nunca duvidar. Na dúvida, procure um recurso, procure uma equipe especializada”, finaliza Vivian. Ela também menciona o “semáforo do toque”, ferramenta lúdica que pode ser pesquisada online e usada em escolas para ensinar sobre as partes do corpo que não devem ser tocadas.
A negação por parte da família, por não acreditar que alguém próximo seria capaz de tal ato, é um fator que pode encobrir o crime. “A criança não iria mentir por algo tão grave, o adolescente também. Deixem essa negação de lado e escutem a criança, a pessoa”, conclui a psicóloga.
Veja a entrevista
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