Ataque de torcida organizada termina com condenações somando mais de 100 anos em SC
A ação criminosa teve como alvo torcedores do Remo e do Paysandu, que assistiam a um jogo das equipes do Pará
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A noite de 20 de fevereiro de 2022 ficou marcada pela brutalidade no bairro Aventureiro, em Joinville. Integrantes da torcida organizada do Joinville Esporte Clube (JEC) invadiram um bar e atacaram torcedores rivais com pedaços de pau, tacos de beisebol e barras de ferro. A ação criminosa teve como alvo torcedores do Remo e do Paysandu, que assistiam a um jogo das equipes do Pará.
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Dois anos e meio depois, os 10 acusados foram levados a julgamento. O Tribunal do Júri ocorreu entre os dias 25 e 27 de agosto e terminou com a condenação de todos os réus pelos crimes de tentativa de homicídio duplamente qualificada por motivo fútil e recurso que dificultou a defesa das vítimas além de associação criminosa e constrangimento ilegal. Somadas, as penas ultrapassam 100 anos de prisão, todas em regime inicial fechado.
Quatro dos acusados receberam penas individuais de 10 anos, seis meses e 18 dias de reclusão; três foram condenados a oito anos, quatro meses e 18 dias; e os demais a 15 anos, dois meses e 23 dias; 13 anos, 11 meses e nove dias; e 12 anos, oito meses e 25 dias. Nenhum dos réus poderá recorrer em liberdade.
“Não foi rixa, foi ataque planejado”
Durante os debates, a promotora de Justiça Júlia Wendhausen Cavallazzi destacou a gravidade do caso. “O que se julga aqui não é uma simples briga de bar. Não é rixa. Rixa é quando dois ou mais grupos se enfrentam, em confusão generalizada. Aqui tivemos outra coisa: um ataque planejado, armado e direcionado. Os réus não entraram no bar para participar de uma briga. Entraram para impor medo, subjugar torcedores rivais e, sobretudo, para ferir e matar”, afirmou.
Os jurados acolheram integralmente a versão da acusação e validaram as provas apresentadas pela Promotoria. Após o anúncio da sentença, os condenados foram imediatamente encaminhados à prisão.
Para o Ministério Público de Santa Catarina (MPSC), a decisão reforça a separação entre paixão esportiva e violência. “O Tribunal Popular desta comarca deu uma resposta à altura da brutalidade praticada. A condenação dos réus deixa claro que violência não se confunde com paixão esportiva. O veredito reafirma que em nossa comunidade não há espaço para a covardia organizada”, declarou a promotora.
Relembre o caso
De acordo com a denúncia, cerca de 30 integrantes da torcida União Tricolor se reuniram no bairro Aventureiro e seguiram até o bar “Sabores do Pará”, onde torcedores do Remo e do Paysandu acompanhavam a partida. Armados com barras de ferro, pedaços de madeira e tacos de beisebol, os agressores invadiram o local, obrigando clientes a retirar as camisetas dos clubes. Quem se recusava era ameaçado de morte.
Diante da resistência de uma das vítimas, o grupo iniciou um ataque indiscriminado contra homens, mulheres, crianças e até uma gestante. Um cliente que tentou socorrer o torcedor acabou sendo espancado com chutes, socos, uma barra de alumínio e até uma cadeira, mesmo após cair desacordado. Ele só sobreviveu graças à intervenção da proprietária do bar e ao socorro médico imediato.
As câmeras de segurança registraram toda a movimentação do grupo antes e durante a ação criminosa, o que foi decisivo para as condenações.
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