O que se sabe sobre o caso de bebê que desapareceu em SC
O pequeno desapareceu no dia 30 de abril e foi encontrado na última segunda-feira (08)
• Atualizado
A Secretaria de Segurança Pública de Santa Catarina, em Florianópolis promoveu coletiva de imprensa para detalhar a investigação que localizou o menino, de dois anos. O pequeno desapareceu em Santa Catarina no dia 30 de abril, e foi localizado na noite de segunda-feira (8), em São Paulo.
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O menino foi visto pela última vez em Florianópolis, onde a família mora, e desde sexta-feira (5), a Polícia Civil atuava para localizá-lo. Neste momento, a criança está com o Conselho Tutelar em São Paulo e a Polícia Militar e a Polícia Civil de Santa Catarina estão realizando os trâmites necessários para que ela retorne para o Estado.
Investigação segue com a polícia catarinense
O Inquérito Policial que investiga o desaparecimento segue sob responsabilidade da Polícia Civil de Santa Catarina (PCSC). A Delegada titular Delegacia de Proteção à Criança Infância, Mulher e Idoso (DPCAMI), de São José, Sandra Mara Pereira, enfatizou que os mandados de busca e apreensão foram expedidos rapidamente com a colaboração da justiça.
Inicialmente a polícia tratou o caso como desaparecimento, mas a investigação descobriu que a mãe sofreu assédio psicológico de um dos suspeitos durante dois anos. O homem se aproximou da jovem e tentava convencê-la a entregar o próprio filho.
“A mãe teria dito que os conheceu por meio de um grupo de ajuda e foi coaptada para entregar o filho”, explicou o delegado-geral Ulisses Gabriel.
Conforme a investigação, no momento da prisão, os suspeitos estavam levando o bebê para entregá-lo à justiça, mas foram interceptados pela Polícia Militar de São Paulo no caminho.
A Polícia trabalha com a hipótese de que os dois suspeitos, que estavam com a criança em um carro com placas adulteradas para dificultar a identificação, iam entregar o pequeno no Fórum de Justiça como forma de tentar se livrar da prisão.
Jovem, mãe solo e fragilizada
O tio do menino, o comediante Juliano Gaspar, contou em entrevista ao SCC10 que a irmã passou por depressão pós-parto. A jovem de 22 anos é mãe solo e preferiu não ter contato com o pai da criança. O comediante detalhou cronologicamente, como a família descobriu o desaparecimento.
Para a família, os suspeitos se aproveitaram da fragilidade emocional da jovem para conseguirem convencer que ela doasse o filho. “Ela conheceu essas, ou essa pessoa, em um grupo na internet de apoio para mães de primeira viagem. Acredito que o casal dizia estar tentando engravidar, e assim, conseguiram a confiança dela, dizendo quererem muito um filho. Desde que ela estava grávida, imagina, um trabalho de dois anos influenciando a cabeça dela”, explica o irmão.
Juliano relata que a família viveu momentos de muita apreensão. “Estávamos na expectativa de receber ele de volta. No primeiro momento, pensamos ter perdido os dois, tanto a mãe quanto o filho e hoje a gente sabe que recuperou os dois”, enfatiza.
O bebê foi visto pela última vez, com a mãe, no dia 30 abril. A mulher foi encontrada desacordada no dia três de maio, quando a família buscou amigos e parentes para tentar encontrar a criança. Juliano diz que chegou a buscar o homem que seria o pai do sobrinho, mas não encontraram nenhuma pista de onde ele poderia estar.
“Recebemos uma dica de que ele poderia estar em outro lugar, assim perdemos mais dois dias nisso. Achamos que ele pudesse estar bem, por isso o Boletim de Ocorrência foi feito somente no dia cinco”, conta o tio.
A mãe já recebeu alta e iniciou tratamento psicológico.
PRF utilizou tecnologia para rastrear veículo com o bebê
As buscas pelo bebê se concentraram no rastreamento do carro dos suspeitos que teriam levado a criança. Conforme o Delegado Geral, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) utilizou um software de identificação de placas para rastrear o veículo que estava com o menino, identificando todo o trajeto de Santa Catarina até São Paulo.
Com as informações da placa, a Polícia Militar localizou o veículo e fez a abordagem. Uma filmagem enviada pela polícia ajudou na identificação de que o bebê era mesmo o que estava desaparecido em Santa Catarina.
Durante a coletiva, o Capitão Leonardo Baccin, coordenador do SOS Desaparecidos, ressaltou a importância da integração entre as instituições na localização do menino.
Rede de tráfico de crianças deve ser apurada
Questionado sobre uma possível rede de tráfico de crianças, o Secretário de Segurança Pública Paulo Cezar Ramos de Oliveira frisou que ainda é cedo para apontar que o caso esteja relacionado a uma rede ou organização criminosa e que todas as possibilidades serão apuradas.
“As estradas são os meios mais comuns para o transporte dessas crianças”, disse o secretário ao reforçar que as forças de segurança devem intensificar a atuação para coibir este tipo de crime.
Celular foi peça fundamental na localização
A Polícia Científica de Santa Catarina conseguiu desbloquear o aparelho celular da mãe da criança para a investigação acessar os aplicativos e obter as informações que ajudaram nas buscas. “Dentro de uma hora e meia conseguimos acessar o aparelho e obter as informações e conversas”, detalha a Perita-Geral da Polícia Científica de Santa Catarina, Andressa Boer Fronza.
Menino está sob responsabilidade do Estado de São Paulo
A Justiça de São Paulo deve analisar o caso e deferir se o bebê poderá voltar para Santa Catarina. O menino está em um abrigo e deve permanecer no local até uma decisão da Justiça. O Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) ingressou com uma ação pedindo que o bebê seja transferido e acolhido em São José, na Grande Florianópolis, até que a situação da família seja analisada, para verificar se poderão garantir a segurança do menino.
“Nós não podemos impor prazo ao judiciário”, explica o Paulo Cezar. Dessa forma, ainda não há uma data para que a justiça decida onde criança deve permanecer, mas conforme o secretário, a expectativa é que o pequeno possa voltar para o estado.
“A determinação obtida pela polícia é específica que a avó materna fique com a tutela da criança ou Conselho Tutelar”, complementou também o delegado-geral Ulisses Gabriel.
Os familiares ainda não poderão ter contato do bebê por questões legais. “Nós não temos como encaminhar a família para lá, a determinação específica que a criança seja encaminhada ao Conselho Tutelar ou a avó materna”, frisou o secretário de Segurança Pública.
Em depoimento, a mãe contou que não recebeu dinheiro para entregar o filho. Conforme a delegada, a jovem de 22 anos estava fragilizada. “A mãe tem uma fragilidade emocional muito grande e isso contribuiu para ser convencida a entregar o filho”, destacou.
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