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Caminhos para a Liberdade

A ressocialização do sistema prisional catarinense

Atualmente, o CASE abriga 12 internos do sexo masculino e 13 do sexo feminino

• Atualizado

Redação

Por Redação

Na luta pela ressocialização de adolescentes infratores, o Centro de Atendimento Socioeducativo da Grande Florianópolis, o CASE, se destaca pela abordagem educacional no processo do processo. Com a prioridade de proporcionar uma abordagem didática coletiva, a equipe da unidade busca promover um ambiente de cooperação e aprendizado mútuo entre os internos e os agentes.

No local, além da aulas para conclusão dos estudos, são oferecidos cursos profissionalizantes de barbeiro, instalador de ar condicionado, pintor, servente de pedreiro, mecânico de moto e padeiro, assim como informática, auxiliar administrativo e costura industrial. Atualmente, o CASE abriga 12 internos do sexo masculino e 13 do sexo feminino, com capacidade para 12 e 14 vagas, respectivamente. Em Santa Catarina, além do CASE, há 19 unidades socioeducativas. Juntas, as unidades realizam atendimento de 300 internos, em média.

“O começo do interno nunca é fácil, porque ele vem da rua totalmente sem regras. Mas a unidade oferta toda a oportunidade para que o interno trace outra trajetória, mas isso depende dele. O sucesso do interno depende dele próprio. Nós plantamos a semente. Não vamos ter 100% de sucesso, mas o sucesso de alguns é uma grande vitória”, pontua a pedagoga, Flávia Silva Pedro.

Na unidade, além dos cursos profissionalizantes, os internos estudam durante as manhãs e tem a oportunidade de realizar o Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja) e o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). Segundo Flávia, há casos de jovens que após deixarem o CASE realizaram cursos em institutos federais e abriram o próprio negócio.

“Focamos muito na escolarização e nos cursos profissionalizantes, porque sabemos que para eles mudarem o estilo de vida, eles precisam ter alguma ideia do profissional que desejam ser ou da área em que desejam atuar.”

Flávia Silva Pedro

Além da parte educacional, os internos recebem atendimento de psicólogos e de assistentes sociais, assim como recebem alimentação balanceada. Na unidade, os internos e agentes também participam de atividades coletivas, jogando bola em times mistos e cuidam da horta. Tudo sem deixar a segurança de lado.

“A unidade é mais ressocializadora do que apenas de internação, prezamos pela liberdade e por tentar deixar o interno o máximo de tempo solto. Fazemos questão do acolhimento com toda a equipe técnica e tentamos não deixar um interno deslocado, chamando ele para a ressocialização e para o convívio com os agentes, com a equipe técnica, com os instrutores”, pontua Milton Otávio, chefe de segurança do CASE/CIF.

O atendimento prestado, assim como a proposta do CASE, tem como objetivo que o interno passe pelo período de restrição de liberdade e retorne para a sociedade preparado para viver dentro da legalidade. Para isso, a equipe técnica conta com a integração com as famílias.

“O interno chega com muitos vícios e tentamos o acolhimento com a equipe técnica, junto com a família, o que facilita muito o processo. Trabalhamos com a ressocialização, mas temos muitas regras que os internos precisam se adequar”, destaca o chefe de segurança. Caso o interno não siga as regras, ele pode deixar de participar de atividades e de cursos oferecidos por voluntários.

“Ao longo de sua estadia, oferecemos oportunidades de trabalho e aprendizado, sempre respeitando sua liberdade de escolha. Nosso objetivo é criar um ambiente onde se sintam incentivados a mudar e a se reintegrar à sociedade”, conclui Milton.

A vida fora do CASE

Após 18 meses detido no CASE, Michel Junior de Freitas colocou os conhecimentos aprendidos na unidade em prática. Liberado em dezembro de 2023, o jovem para trabalhar como servente de pedreiro.

“Eu fiz coisas que nem eu sabia que tinha capacidade para fazer. Os agentes ajudam quem quer sair dessa vida, mesmo; eles te dão apoio moral, te colocam para cima, te ajudam com os estudos. Eu trabalho e quero ser tão bom no trabalho que faço ao ponto de falarem para me chamar porque sou bom no que faço. Eu quero conquistar estabilidade financeira do jeito certo”, afirma o jovem.

Enquanto permanece interno, outro interno já está com o futuro planejado. “Eu vou me dedicar bastante, conseguir uma vaga de jovem aprendiz e voltar a estudar. Ficar de boa”, afirma o jovem, que só quer voltar para o CASE se for como professor.

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