Segurança Compartilhar
JULGAMENTO EM BLUMENAU

“A gente sabe que independente da pena, nossos filhos não vão voltar”, diz mãe de vítima do ataque a creche em Blumenau

Nesta quinta-feira (29) ocorre o julgamento do acusado pelas mortes em Blumenau

• Atualizado

Mariana Pedrozo

Por Mariana Pedrozo

Olga Helena de Paula

Por Olga Helena de Paula

Foto: Giovanna Pacheco/ SCC10 e Olga Helena /SCC10
Foto: Giovanna Pacheco/ SCC10 e Olga Helena /SCC10

Pouco mais de um ano após o ataque a creche Cantinho Bom Pastor, em Blumenau, nesta quinta-feira (29) ocorre o julgamento do acusado das mortes. O ataque aconteceu em abril de 2023 e vitimou quatro crianças, deixando outras cinco feridas.

Nesta manhã, os familiares das crianças chegaram ao fórum da cidade para acompanhar o julgamento do acusado. Ao Portal SCC10, Jennifer Pabst, mãe do Bernardo, de 4 anos, uma das vítimas do ataque, disse que hoje ocorre o “fechamento de um ciclo”.

“Hoje é um dia muito importante, o fechamento de um ciclo, de todo esse processo que a gente vem passando. Na realidade, o que a gente espera é que sim a justiça seja feita, é o mínimo que se pode esperar, diante desse massacre, dessa crueldade, afinal a gente sabe que independente da pena que venha ser aplicada, nossos filhos não vão voltar. Nada pagará tudo que foi interrompido por nós, tudo que foi impedido da gente viver com os nossos filhos”, desabafou.

Jennifer é uma das idealizadoras do projeto Vamos Salvar o Dia, que foi criado 15 dias após o ataque, e busca que esse tipo de crime seja considerado hediondo. Conforme Jennifer, o projeto está hoje em votação, já passou por aprovação do Congresso e, agora, segue para o Senado.

“Nosso projeto traz a palestra “Não terceirize o amor”, que ele busca despertar pais, educadores e sociedade para a importância do amor sobre seus filhos, de ser presente na vida deles, e de toda segurança e cuidado que cabe a nós pais. O projeto também tem o grupo de atendimento a elutados, que busca dar todo suporte terapêutico e psicológico para pais que têm dificuldade de sobreviver ao luto”.

Confira o relato

Famílias das vítimas de ataque a creche em Blumenau buscam por “encerramento de ciclo”

Expectativa para o julgamento

O advogado Rodolfo Warmeling espera demonstrar aos presentes, em especial para os jurados, a gravidade do crime que ocorreu em Blumenau. “Nosso intuito é de demonstrar isso, trazer o anseio das famílias para que o réu receba uma pena exemplar para que isso nunca mais volte a acontecer”, disse.

“Não esperamos uma pena específica, mas queremos que ele pegue o máximo possível dentro dos parâmetros da lei. Mas se trabalharmos uma pena máxima e uma mínima, seria mais de uma centena de anos de prisão. Nossa missão é trazer esse aporte para que a magistrada possa decidir a sentença”, completou.

Foto: SCC10

Caso será julgado pela comunidade de Blumenau

Antes da data do julgamento do ataque a creche em Blumenau ser marcada, a defensoria pública, que representa o réu, havia solicitado o desaforamento do julgamento, ou seja, o deslocamento do júri da cidade de origem para outra próxima, por questão segurança. O que foi negado pela Justiça.

Conforme os advogados, assim como no Massacre em Saudades, a Justiça manteve o julgamento na cidade onde o crime ocorreu.

O caso será julgado a partir das 8h, desta quinta-feira (29), no salão do Tribunal do Júri do Fórum Central de Blumenau. Sendo que apenas os familiares das vítimas e do réu terão acesso ao julgamento, sem a presença do público externo.

A rua em frente ao fórum, será temporariamente fechada no início e no término do julgamento. Além disso, um forte esquema de segurança será implementado no local.

Creche não abrirá no dia do julgamento

Por motivo de segurança, a creche Cantinho Bom Pastor não funcionará no dia do julgamento. A decisão foi tomada pela diretoria da escola, juntamente com a polícia e pais dos alunos. “É uma questão de precaução, pois o medo sempre existe”, comentou o Obregon sobre o fechamento da unidade no dia do júri, o filho dele já estudou na unidade.

“As duas últimas semanas têm sido muito angustiantes para a creche. Nós intensificamos o contato com as professoras, então elas estão revivendo aquele momento, tendo que falar sobre o dia. E isso, infelizmente é inevitável. Somente agora elas estão encaixando as peças e entendendo o que realmente aconteceu”, revelou Vanieli.

“É função de todos nós, tanto como advogados e imprensa, quanto como comunidade, não tornar esse caso ‘normal’, digamos assim. E de novo entramos na questão da pena, que tem que ser exemplar, o mais exorbitante possível, para que possamos mostrar que situações assim não são toleradas”, destacou Warmeling. “Esse não é um caso de homicídio simples, estamos falando de um homem frio, que foi atrás de crianças e que atacou uma creche, então isso é sem precedentes, esse não é um processo qualquer”, concluiu.

Warmeling também comentou sobre a similaridade entre os casos de Saudades e Blumenau, ambos atentados em unidades de ensino de Santa Catarina. “Todo crime trás consequências para a sociedade. Confesso que acho que o massacre em Saudades foi um pouco negligenciado. Pois Santa Catarina teve esse precedente com muitas vítimas fatais, mas foi somente quando ocorreu uma situação similar em Blumenau, que o Estado tomou providências mais enérgicas, como por exemplo seguranças em escolas”.

Os três advogados representam oito famílias das vítimas, sendo que somente uma optou por outra defesa.

O que diz a defesa do réu:

O SCC10 também entrou em contato com a equipe do advogado Arthur Albuquerque da Defensoria Pública de Santa Catarina, que irá defender o réu durante o julgamento. Em nota, eles informaram que a defesa irá trabalhar para que o acusado tenha um julgamento justo.

Leia a nota na íntegra:

“O defensor público que irá atuar no julgamento do réu Luiz Henrique pelo tribunal do júri está cumprindo com o seu dever legal e irá realizar a sua defesa a fim de que ele tenha um julgamento justo, pois todas as pessoas que cometem um crime serão atendidas obrigatoriamente pela Defensoria Pública caso elas não contratem um advogado particular.”

O réu será acusado por quatro homicídios qualificados e cinco tentativas de homicídio qualificado. As qualificadoras analisadas serão motivo torpe, meio cruel, uso de recurso que dificultou a defesa das vítimas e crime contra menores de 14 anos.

>> Para mais notícias, siga o SCC10 no TwitterInstagram e Facebook.

Quer receber notícias no seu whatsapp?

EU QUERO

Ao entrar você esta ciente e de acordo com os termos de uso e privacidade do WhatsApp.

Fale Conosco
Receba NOTÍCIAS
Posso Ajudar? ×

    Este site é protegido por reCAPTCHA e Google
    Política de Privacidade e Termos de Serviço se aplicam.