Médicos alertam sobre risco do consumo de álcool na gravidez
No Brasil, estima-se que 15% das gestantes bebem
• Atualizado
No Dia Mundial de Prevenção à Síndrome Alcoólica Fetal (SAF), na última sexta-feira (09), médicos alertam: um em cada 1000 bebês nascidos vivos na Europa e nos Estados Unidos é portador da SAF porque a mãe consumiu bebida alcoólica durante a gravidez.
O consumo de álcool na gestação é a principal causa de deficiência mental não congênita e pode afetar sistemas de todo o corpo, como complicações cardíacas, renais, malformações faciais e neurológicas. A SAF é a forma mais grave da doença. A neuropediatra e conselheira do CISA Conceição Segre diz que, como a ciência não sabe qual o nível seguro de álcool no sangue da gestante que afeta a formação do feto, a ordem é não consumir nada. “Qualquer dose por atingir o feto, porque o álcool vai direto para o sistema central e pode lesar qualquer órgão”, explica.
Embora não haja no Brasil estatísticas sobre o uso de álcool na gravidez, estima-se que 15% das gestantes bebem. Esse índice é superior ao registrado em outros países, onde a prevalência é de 11%. A preocupação de especialistas é de que esse cenário possa ser agravado em razão de mais brasileiras em idade fértil terem começado a consumir álcool na última década e ter aumento do consumo abusivo de bebida por mulheres desta faixa etária. Levantamento feito pelo Cisa aponta que, entre 2010 e 2020, houve tendência de alta, com variação média anual de 4,2% nesse padrão de consumo entre as brasileiras.
Diagnóstico difícil
Uma das grandes preocupações hoje é que a SAF é uma doença difícil de ser diagnosticada porque falta treinamento aos profissionais da saúde e, em média, apenas 1% das crianças afetadas são diagnosticadas. Bebês com a síndrome têm alterações características, como microcefalia (cabeça e crânio pequenos), olhos pequenos, lábio superior fino, face plana e fissuras palpebrais curtas. Em regra, podem apresentar baixo peso ao nascer devido à restrição de crescimento intrauterino, bem como comprometimento do sistema nervoso central com distúrbios de aprendizagem, de memória e da atenção, dificuldades socioemocionais e comportamentais.
Uma das consequências da doença, mas ainda pouco associada ao consumo do álcool na gestação, é o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), que está presente em 50% a 80% das crianças afetadas.
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