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DEZEMBRO VERMELHO

Florianópolis registra queda nos casos de HIV e Aids com foco na prevenção e tratamento adequados

Iniciado em 29 de novembro, o Dezembro Vermelho combina prevenção, tratamento imediato e combate ao preconceito

• Atualizado

Redação

Por Redação

Florianópolis registra queda nos casos de HIV e aids com foco na prevenção e tratamento adequados | Foto: Allan Carvalho/PMF
Florianópolis registra queda nos casos de HIV e aids com foco na prevenção e tratamento adequados | Foto: Allan Carvalho/PMF

Com uma oferta variada de ferramentas para a prevenção e tratamento ao HIV, a Secretaria Municipal de Saúde de Florianópolis tem conseguido inverter a curva de casos no município: entre 2019 e 2023, houve redução de 30% nos novos casos de infecção pelo vírus e 33% nos casos de aids. As ações se pautam na Prevenção Combinada, uma estratégia de saúde pública que integra múltiplos métodos de prevenção ao HIV, adaptados às necessidades específicas de diferentes populações e contextos. 

Essa abordagem inclui o uso de preservativos, testagem regular para HIV e outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), profilaxia pré-exposição (PrEP), profilaxia pós-exposição (PEP), tratamento antirretroviral para pessoas vivendo com HIV visando à supressão viral, além de ações de redução de danos e intervenções comportamentais e estruturais. O objetivo é ampliar as formas de intervenção para atender às necessidades e possibilidades de cada pessoa e evitar novas infecções pelo HIV, hepatites virais e outras ISTs.

Dados de outubro de 2024, mostram que, desde 2018, 4.866 pessoas iniciaram o uso da PrEP na Capital, um medicamento que reduz as chances de infecção pelo HIV em 99%. Atualmente, 2.681 pessoas estão em uso regular da profilaxia. “Com esse número, Florianópolis tem uma taxa de 465 usuários da PrEP a cada 100 mil habitantes, mais que o dobro da taxa da cidade de São Paulo, por exemplo, que é de 223 usuários. Um indicador que coloca Floripa na vanguarda pela luta por uma geração livre de HIV/aids”, explica o Coordenador do Departamento de Gestão da Clínica da Secretaria Municipal de Saúde e médico de família, Ronaldo Zonta. 

Em relação aos cuidados com o pré-natal e saúde infantil, a taxa de transmissão vertical de HIV – passagem de mãe para filho – vem reduzindo progressivamente, chegando a zero em 2023 e se mantendo em 2024. O panorama reflete que cuidados adequados nesta fase da vida podem permitir gestações saudáveis nestas mulheres.

Adicionalmente, houve redução de 7% na taxa de mortalidade por aids em Florianópolis no período. “Embora se observe tendência de redução, esta queda ainda é discreta e sinaliza que o desafio no enfrentamento da doença continua, apesar dos bons resultados dos últimos anos”, pontua Zonta.

Campanha Dezembro Vermelho

A campanha Dezembro Vermelho começou em todo o Brasil, em 1º de dezembro. O objetivo é chamar atenção para as medidas de prevenção, tratamento e o combate ao estigma do HIV/Aids, além dos cuidados necessários com outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). A data foi instituída em 1988 pela Organização Mundial da Saúde (OMS), como a primeira data internacional dedicada à saúde global.

As atividades em Florianópolis começaram nos dias 29 e 30 de novembro, com ações de abordagem e orientação sobre prevenção combinada de HIV e outras ISTs, distribuição de preservativos e informativos no Centro Leste, no Centro da Capital. A atividade é organizada pela organização da sociedade civil ‘ACONTECE’, em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde e outras organizações com atuação no combate ao HIV/Aids.

Profissionais de saúde, representantes de organizações sociais, instituições de ensino e ativistas dialogaram na primeira segunda-feira do mês (02), no Centro, em frente ao Terminal de Integração do Centro (Ticen). O público participou de um diálogo acerca das medidas de prevenção, levando em consideração a metodologia da Prevenção Combinada, que preconiza, entre outras coisas, a testagem regular, o uso de preservativos e a Profilaxia Pré-Exposição – PrEP como ferramentas essenciais no enfrentamento ao vírus.

Os envolvidos, durante do mês, estão fazendo jogos interativos com os interessados para estimular e disseminar informações corretas sobre o HIV/Aids e outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs). A ideia é abordar todos os tipos de público, já que qualquer pessoa está sujeita à infecção pelo HIV. Kits de prevenção com preservativos e autotestes de HIV serão distribuídos durante a ação, junto com cards informativos.

“Mesmo com os avanços, a luta contra o HIV/Aids ainda enfrenta diversas barreiras e desafios, principalmente relacionadas ao estigma, preconceito e desinformação. Apesar da aids ter sido estigmatizada como ‘doença de gays e travestis’, atualmente tem tido um aumento de novos casos de HIV e mortalidade por aids entre  heterossexuais, um público que ainda precisa ter mais informações sobre os novos e mais modernos métodos de prevenção e tratamento. Conhecer esses novos métodos de prevenção para impedir a infecção, assim como testar-se regularmente para descobrir  a infecção  precocemente e iniciar o tratamento, são aspectos essenciais para garantir a qualidade da saúde. Sensibilizar os diferentes públicos impacta nesses resultados“, finaliza Zonta.

Cenário da prevenção e tratamento ao HIV e outras ISTs na Capital

Com uma variedade de iniciativas, desenvolvidas durante todo o ano, Florianópolis ocupa posição de destaque na luta contra o HIV/Aids, sendo município pioneiro em diversos projetos. Essas medidas são realizadas por meio da iniciativa “Pare o HIV Floripa” e contam com o fundamental apoio e parceria do Projeto A Hora é Agora.

Testagem para HIV/outras ISTs e disponibilidade de materiais

A testagem de HIV, sífilis, hepatites B e C é indicada como rotina para todas as pessoas que possuem vida sexualmente ativa, devendo ser realizadas pelo menos uma ou duas vezes por ano. Em casos de práticas de risco, como relações sexuais sem preservativo, esses exames devem ser feitos com mais frequência.

É possível realizar esses testes através de testes rápidos ou exames laboratoriais. Estão disponíveis nos Centros de Saúde e podem ser agendados por meio do Alô Saúde Floripa 0800 333 3233 ou diretamente com a equipe de Saúde da Família na unidade de referência.

Também é possível realizar os testes nos três Centros de Testagem e Resposta rápida (CTRr) que se localizam nas respectivas Policlínicas. Eles podem ser agendados preenchendo o formulário, clicando aqui. Ou entrando em contato pelo WhatsApp: CTRr Centro (48) 99121 5517 ou (48) 99111 7102), CTRr Continente (48) 99959 3242, CTRr Norte (48) 98849 4499.

Preservativos externos e internos e gel lubrificante estão disponíveis gratuitamente e de fácil acesso em qualquer unidade de saúde do município. 

Comunicação de parcerias sexuais

A partir do diagnóstico de HIV, os enfermeiros que atuam no CTRr ofertam ao paciente um serviço anônimo e sigiloso de aviso de suas parcerias sexuais. O paciente é livre para escolher opções diversas de comunicação com essas parcerias para que elas façam o teste de HIV.

Autoteste de HIV

Residentes de Florianópolis podem solicitar autotestes de HIV para receber pelos Correios pelo site.

Além disso, os autotestes de HIV podem ser retirados gratuitamente nas farmácias de todos os Centros de Saúde e Policlínicas. Cada pessoa pode levar até 5 autotestes para si e para entregar para parcerias, amigos e familiares.

Em menos de 11 meses, 2024 já superou significativamente o total de autotestes distribuídos ao longo de todo o ano de 2023. A distribuição de autotestes de HIV aumentou em aproximadamente 60% em comparação com o mesmo período do ano passado, saltando de 13.504 unidades distribuídas, para 21.600 até a última semana de novembro de 2024. 

Tratamento para HIV

Pessoas vivendo com HIV podem iniciar o tratamento e realizar cuidados de rotina no Centro de Saúde com médicos de família e enfermeiros devidamente qualificados, sendo possível escolher em qual unidade realizar o acompanhamento. Situações de maior vulnerabilidade e complexidade contam com apoio da equipe de enfermeiros e infectologistas dos CTRr/Policlínicas, após encaminhamento do Médico de Família.

Em Florianópolis, a diretriz é que uma pessoa que vive com HIV, recém diagnosticada, pode iniciar o tratamento no mesmo dia ou até 7 dias, se a avaliação clínica dela permitir. Para conhecer os serviços dos CTRr, clique aqui.

Tratamento de HIV pelos Correios

Outra ação inovadora, desenvolvida em parceria com o Projeto A Hora é Agora, é a entrega de medicamentos para pessoas vivendo com HIV pelos Correios, de forma sigilosa no endereço escolhido. Florianópolis foi a primeira cidade do país a oferecer esse serviço de forma oficial pelo SUS.  Para acessar o serviço a pessoa pode entrar em contato pelo WhatsApp com o número (48) 9 9177 2669.

Desde o início do projeto, cerca de 2.000 pessoas vivendo com o HIV usaram o programa. Atualmente, em torno de 110 recebem o tratamento pelos correios a cada mês.

Resgate de pessoas vivendo com HIV que interromperam ou não iniciaram o tratamento

Enfermeiros e psicóloga do CTRr também fazem busca ativa das pessoas vivendo com HIV que interromperam o tratamento ou ainda não iniciaram e oferecem agendamento de consulta para iniciar/reiniciar o acompanhamento.

Atualmente, em torno de oito mil pessoas estão em tratamento para HIV no município e cerca de 1000 pessoas sabem que têm o vírus, mas não estão em tratamento. Muitas vezes, isso ocorre pela desinformação e estigma em relação ao HIV. Os tratamentos atuais são modernos, simples, eficazes e com poucos ou nenhum efeito colateral. Uma pessoa que vive com HIV, que inicia o tratamento logo que descobre a infecção e tem boa adesão, se torna indetectável, isso significa que ela deixa de ter o vírus circulando no sangue o que faz com que tenha qualidade de vida, viva a mesma quantidade de anos de uma pessoa que tem o vírus. Além disso, ela tem ZERO chances de transmissão do vírus para outras pessoas.

O início ou reinício do tratamento para HIV também pode ser agendado pelo Alô Saúde Floripa no 0800 333 3233 para consultas com médico de família e enfermeiro no centro de saúde. 

Desde o início de 2024, foram contactadas 1.634 pessoas vivendo com HIV que haviam interrompido o tratamento. Em virtude das ações de busca ativa, 676 dessas pessoas, ou seja, 41% delas, retomaram a terapia antirretroviral. 

Fácil acesso à Profilaxia pós-exposição (PEP)

Se uma pessoa tiver uma relação sexual desprotegida, seja porque não usou o preservativo ou porque o preservativo rompeu, ela pode fazer uso da PEP (Profilaxia Pós-Exposição ao HIV) em até 72 horas para prevenir de se infectar pelo HIV. O tratamento é comprimido, realizado durante 28 dias, e está disponível nos Centros de Saúde ou UPAs 24h. Para informar-se onde buscar o mais rápido possível a PEP, a pessoa pode ligar no Alô Saúde Floripa 0888 333 3233.

Grande oferta de Profilaxia pré-exposição (PrEP)

Outra medida importante de prevenção combinada é a PrEP, medicamento que previne o HIV e está disponível pelo SUS (Sistema Único de Saúde) desde 2018. A PrEP, que pode ser usada a partir de 15 anos de idade, garante a proteção contra o HIV, mas não contra a sífilis e outras IST. 

Para iniciar a PrEP, é preciso agendar o atendimento através do site: bit.ly/agendamentoprep. Florianópolis se destaca na oferta de consultas virtuais por médicos e enfermeiros que facilitam e dão comodidade para quem usa PrEP. 

É destaque a participação da Secretaria Municipal de Saúde de Florianópolis no projeto ImPrEP CAB Brasil, estudo de implementação da profilaxia pré-exposição (PrEP) ao HIV injetável, utilizando o cabotegravir injetável de longa duração (CAB-LA). Coordenado pelo Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, da Fiocruz, o projeto visa gerar evidências científicas para a possível inclusão do CAB-LA como uma opção adicional de PrEP no Sistema Único de Saúde (SUS). 

A Policlínica Centro é um dos seis serviços de saúde pública no Brasil que participam do estudo, oferecendo essa modalidade de prevenção. Essa parceria é fundamental para ampliar as opções de prevenção ao HIV no município, atendendo às necessidades específicas das populações mais vulneráveis e contribuindo para a redução das infecções pelo vírus.

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