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neuralgia do trigêmeo

‘Pior dor do mundo’: entenda doença que faz jovem brasileira querer eutanásia na Suíça

A dor é descrita como choque, facada ou pontada no rosto e o paciente pode apresentar de 10 a 50 episódios por dia, segundo o médico especializado em dor, Bruno Miranda

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SBT News

Por SBT News

Foto: SBT News
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A jovem brasileira Carolina Arruda, de 27 anos, sofre com uma doença rara que afeta o nervo responsável pela mastigação e sensibilidade: a neuralgia do trigêmeo, que causa uma dor considerada “a pior do mundo” em uma região que vai desde o topo da cabeça, atinge todo o rosto, além da boca e língua.

Ela é descrita como choque, facada ou pontada no rosto e o paciente pode apresentar de 10 a 50 episódios por dia, segundo o médico especializado em dor, Bruno Miranda.

“A rotina com a “maior dor do mundo” começou. São duas doses de morfina tomadas antes de ir para o hospital e esperar ser atendida por um médico que entenda da minha doença”, disse Carolina, em um dos vídeos divulgados no Tik Tok

Por isso, a estudante de veterinária, que recebeu o diagnóstico há 10 anos e compartilha em suas redes sociais a rotina com a doença, pretende realizar eutanásia ou suicídio assistido. No entanto, o procedimento, que consiste basicamente na administração de medicamentos que levam à morte sob supervisão médica, não é permitido pela lei brasileira. Por isso, Carolina pretende viajar para a Suíça, um dos países em que a legislação nacional permite a realização do procedimento.

Para atingir esse objetivo, Arruda, que mora em Bambuí, no interior de Minas Gerais, criou uma vaquinha online para arrecadar dinheiro suficiente para arcar com os custos do procedimento e da viagem.

A palavra eutanásia significa “boa morte”, e vem do grego “eu” (bem) e “thanásia” (morte) e ainda é um debate controverso que divide opiniões entre os especialistas da área médica e jurídica do país e do mundo.

Apesar não ser tipificado como crime no Código Penal brasileiro, a pessoa responsável que realizar o método pode responder por homicídio doloso, segundo a advogada Daniela Vespucci, com a pena que vai até 20 anos de reclusão.

No entanto, há uma resolução publicada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), em 2012, que permite a ortotanásia e basicamente autoriza o médico (mediante autorização de familiares ou do próprio paciente) a limitar ou suspender tratamentos, no caso de doença grave sem possibilidades de cura.

O que causa?

Segundo a Rede D’Or São Luiz, a condição é causada após o deslocamento de uma artéria, seja por aneurisma ou outras causas, que acaba comprimindo o nervo do trigêmeo e a dor, geralmente, é desencadeada por um estímulo sensorial. É mais comum que, no caso de pessoas mais jovens, seja uma consequência de uma lesão nervosa causada pela esclerose múltipla.

Ainda de acordo com Bruno, após o diagnóstico a dor inicia-se apenas pelo toque em um ponto específico (um “ponto gatilho”) da face, dos lábios ou da língua ou por atividades como escovar os dentes ou mastigar e é mais comum em mulheres e pacientes acima de 40 anos.

Primeiros sintomas e sinais de atenção

Geralmente, o primeiro sintoma da neuralgia é uma forte pontada facial, que pode aparecer de forma súbita. A crise dura poucos segundos, mas costuma surgir de novo instantes depois. A doença é detectada pela ressonância de crânio (RMC)

É possível tratar?

Como é uma doença sem cura, o tratamento geralmente incluem o tratamento contra dor. Os mais usados são os medicamentos anticonvulsivantes, segundo Bruno, como Carbamazepina obtendo a melhor resposta contra a dor.

Há também abordagens cirúrgicas e percutâneas, que são intervenções minimante invasivas feitas sob orientação de raio-x.

Eutanásia é diferente de cuidados paliativos

A prática é confundida por algumas pessoas com cuidados paliativos. Inclusive a confusão foi feita alguns senadores durante CPI da Covid-19, em 2021, e criticada por entidades médicas.

“Ouvi muitos médicos dizendo, confirmando que tiravam da UTI, botavam na enfermaria e faziam a ‘paliatização’. O seu hospital criou uma nova especialidade: ‘paliatistas’”, disse Otto Alencar (PSD) na ocasião.

Na verdade, cuidados paliativos são princípios e protocolos focados em prevenir e controlar o sofrimento das pessoas que convivem com doenças crônicas e graves.

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