Endometriose: entenda como diagnosticar a doença
Uma em cada dez brasileiras apresentam quadro de endometriose, segundo o Ministério da Saúde
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A endometriose é uma doença ginecológica crônica e benigna, que afeta principalmente mulheres em idade reprodutiva, sendo mais frequente na faixa etária entre 25 e 35 anos. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, cerca de 180 milhões de mulheres lidam com quadros leves ou severos de endometriose, sendo que, destas, 7 milhões são brasileiras.
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A doença é causada por uma inflamação ou lesão decorrente do acúmulo das células que recobrem a parte interna do útero, o endométrio, e que são naturalmente eliminadas com a menstruação. Desta forma, sem serem expelidas junto com o fluxo menstrual, essas células endométricas se depositam na parte externa da cavidade uterina, podendo atingir órgãos como a bexiga, ovários, tubas uterinas, apêndice e intestino.
Em casos graves, esse tecido acumulado pode ainda originar nódulos que, se não forem tratados ou removidos cirurgicamente, tendem a afetar o funcionamento dos órgãos. Há ainda quadros raros em que as células endometriais aparecem em regiões distantes do aparelho reprodutor, como pulmão, cérebro e até nos olhos.
Como identificar a doença endometriose?
Caracterizada, principalmente, pela incidência de cólicas menstruais moderadas a intensas, a endometriose é considerada uma doença silenciosa. Um relatório da comissão nacional da Federação Brasileira de Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), publicado em 2019, mostra que a média estimada de tempo entre o início dos primeiros sintomas e o diagnóstico definitivo é de aproximadamente 7 anos.
Além das dores abdominais, a endometriose também pode estar associada, segundo a Febrasgo, aos seguintes sintomas: alterações intestinas cíclicas (constipação e dores na hora de evacuar), inchaço na região abdominal, incontinência urinária, desconforto durante relações sexuais e, em alguns casos, infertilidade.
O diagnóstico da doença depende de pelo menos três exames: o ultrassom pélvico e transvaginal, com preparo prévio específico para detecção de endometriose, e a ressonância magnética. Já a videolaparoscopia é indicada apenas para casos de pacientes sintomáticos, porém com exames normais, e de falhas no tratamento clínico.
Endometriose tem cura?
O tratamento, por sua vez, é na maioria das vezes feito por meio de medicamentos que têm como objetivo atenuar os sintomas da endometriose e melhorar a qualidade de vida da mulher, “não se esperando a diminuição das lesões ou a cura da doença, mas sim o controle do quadro clínico”, conforme ressalta a Febrasgo, em seu relatório.
Ou seja, não há cura, mas há cuidados que ajudam a amenizar os efeitos da doença. Uma delas é agir no processo que está diretamente ligada à natureza do problema: a formação do endométrio no período fértil.
Por isso, normalmente são prescritas substâncias que bloqueiam a ovulação, os anticoncepcionais hormonais, sendo mais comum as pílulas, DIUs (Dispositivos Intra-Uterinos) e implantes de levonorgestrel. Pode-se ainda receitar compostos de acetato de norentindrona, acetato de medroxiprogesterona, desogestrel, dienogeste e etonogestrel. Associado a esses medicamentos, os médicos costumam ainda receitar anti-inflamatórios e analgésicos, para controle da dor.
Em casos de endometriose profunda, isto é, quando os focos da doença invadem os tecidos dos órgãos por mais de 5 milímetros, é indicada intervenção cirúrgica, por meio do método de videolaparoscopia.
O protocolo de tratamento da endometriose, de acordo com a Febrasgo, também prevê o método para quadros em que o objetivo é “a remoção completa de todos os focos da endometriose, de modo a restaurar a anatomia do aparelho reprodutivo e preservar a função reprodutiva”, como foi o caso da cantora Anitta, conforme explicou o programa de variedades do SBT, Fofocalizando, à época
É possível tratar endometriose pelo SUS?
O atendimento para diagnóstico da endometriose é garantido pelo Sistema Único de Saúde (SUS) via atenção primária nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs), segundo o Ministério da Saúde. O SUS também disponibiliza às pacientes ambos os métodos de tratamento, clínico e cirúrgico.
Ainda conforme informações da pasta, desde 2016, as secretarias de Saúde dos estados, municípios e do Distrito Federal devem oferecer os tratamentos médicos estabelecidos no “Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas – Endometriose”, publicado pelo Governo Federal no mesmo ano. O documento prevê critérios de diagnóstico e de tratamento da doença, bem como mecanismos de regulação, controle e avaliação dos quadros em todo o país.
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