Com cirurgia, câncer de tireoide como a de João Neto é altamente curável, diz médico
Os últimos dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA) apontaram 13.780 novos casos em 2020
• Atualizado
O câncer de tireoide se tornou um assunto bem comentado no último mês após o cantor João Neto ser diagnosticado com a doença e realizar a cirurgia. Conversamos com o médico e cirurgião de cabeça e pescoço do Hospital de Caridade, Dr. Acklei Viana, para esclarecer dúvidas sobre a doença. Segundo o médico, a cirurgia costuma ser bem sucedida e altamente curável.
Apesar de pouco agressivo em relação a outros tipos de câncer, o câncer de tireoide acomete três vezes mais mulheres do que homens. Os últimos dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA) apontaram 13.780 novos casos em 2020, sendo 1.830 homens e 11.950 mulheres. Já os dados do Atlas da Mortalidade por Câncer do INCA demonstraram que, em 2019, foram 869 mortes por câncer de tireoide em brasileiros, sendo 298 homens e 571 mulheres.
“Se pararmos para analisar, o risco do câncer de tireoide ser maligno nas mulheres possui a mesma porcentagem dos homens, de 5%. Ser mulher também pode ser algo a ser analisado com atenção, não por ser um fator de risco, mas por ser mais comum. Normalmente são mulheres jovens, entre 30 e 40 anos”, aponta o cirurgião. São definidos como fatores de risco quando há exposição do paciente à radiação e histórico familiar da doença na família.
Menos agressivo e alta chance de cura
O médico aponta que o câncer de tireoide costuma ser menos agressivo e com a cirurgia tem alta chance de cura. “Na maioria dos casos o tumor é identificado por um nódulo na tireoide. Mas, se for analisar a estatística, cerca de 5% dos pacientes com nódulos na tireoide é que vão ter nódulos malignos, e cerca de 95% dos nódulos vão ser nódulos benignos. É por esse motivo que costumamos dizer que o câncer de tireoide não é tão frequente, e quando diagnosticado, é altamente curável”, afirma.
Apesar do exame de ultrassom ser a melhor forma de detecção do câncer de tireoide, não existe uma recomendação para que sejam realizados exames anuais de prevenção, como nos casos de câncer de mama. Normalmente, esse tumor é identificado a partir de alguma alteração no formato da tireoide, e posteriormente, a consulta com um endocrinologista para avaliação ou realização do exame de ultrassom.
“Não existe hoje indicação formal de rastreio como existe para a mama, por exemplo. A indicação é de que se há suspeita o paciente deve consultar com o médico especialista, e realizar exames como o de ressonância magnética e tomografia, e, então, a investigação mais a fundo a doença”, afirma.
O cirurgião explica que o tratamento consiste basicamente na realização da cirurgia. “Além da cirurgia, temos outros tratamentos surgindo, como a radiofrequência, que não está bem estabelecida, mas é uma possibilidade de tratamento para o futuro, e também a vigilância ativa, que seria o acompanhamento dos nódulos, sem a cirurgia”, explica.
Entre as opções da cirurgia estão a retirada parcial da tireoide ou a retirada total, que pode ser por via aberta (corte no pescoço) ou via endoscópica, sendo um procedimento que pode levar em torno de 1 a 2 horas, dependendo do tipo de cirurgia e da complexidade do caso.
Baixo risco de complicações
“Costuma ser uma cirurgia tranquila, com baixo risco de complicações ou de vida. Eu costumo recomendar 30 dias sem exercício físico após a cirurgia. Os hormônios da tireoide são fundamentais para garantir o bom funcionamento do metabolismo, e, se for realizada a tireoidectomia total, o paciente precisa ter acompanhamento médico para repor o hormônio que a tireoide produz, e tomá-la para o resto da vida”, conclui o cirurgião.
Ainda que seja uma cirurgia tranquila, o Dr. Acklei alerta que o paciente precisa realizar o acompanhamento do pós-operatório com o cirurgião de cabeça e pescoço, oncologista e endocrinologista.
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