Semana de Mobilização Nacional para Doação de Medula Óssea
No período de 14 a 21 de dezembro entidades e órgãos lembram da importância da doação de medula óssea para salvar vidas.
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O período de 14 a 21 de dezembro marca a Semana de Mobilização Nacional para Doação de Medula Óssea, estabelecida por lei com o objetivo de orientar e incentivar atividades de esclarecimento para a doação de medula óssea e captação de doadores. Neste período, órgãos públicos e entidades privadas lembram da importância da doação de medula óssea para salvar vidas e sobre o armazenamento de dados no Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome).
O Hospital Universitário Professor Polydoro Ernani de São Thiago (HU-UFSC) trata pacientes com doenças onco-hematológicas, e algumas dessas pessoas são candidatas ao transplante de medula. É o caso de Fabrício Rebello, que foi encaminhado para transplante durante o tratamento de leucemia. Os pacientes fazem o teste de compatibilidade com parentes e, se não encontram um doador na família, entram para um banco de dados de doadores. “Eu tenho quatro irmãos e tive 50% de compatibilidade com todos. Os médicos ficaram confiantes e, após avaliação, optaram por um dos meus irmãos”, relata Fabrício, que vai completar, em janeiro de 2021, um ano de transplante, está fazendo todos os acompanhamentos médicos e se sente renovado. “Tenho todos os cuidados médicos, ainda preciso fazer exames periódicos para acompanhar, mas um resumo de meu estado hoje é este: estou perfeitamente bem”, disse.
Segundo ele, o processo de doação é simples e traz vantagens não somente para o paciente, mas também para o doador. “O que eu tenho a dizer para as pessoas que puderem doar é isso: doem, doem vida, porque para quem passa por uma luta contra a leucemia a doação é um presente de Deus, como a vida. Você está dando uma segunda oportunidade, uma esperança de vida para que a gente possa continuar a jornada aqui”, diz Fabrício.
As pessoas que, diferente do caso de Fabrício, não encontram um doador compatível na família, podem contar com o Redome, criado em 1993 e coordenado pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca) desde 1998. Desta forma, com as informações do receptor que não disponha de doador aparentado, busca-se no Redome um doador cadastrado que seja compatível com ele e, se encontrado, articula-se a doação. A medula óssea é um tecido líquido-gelatinoso que ocupa as cavidades dos ossos. E é exatamente na medula óssea que são produzidos os componentes do nosso sangue, como: leucócitos (glóbulos brancos), hemácias (glóbulos vermelhos) e plaquetas.
Pessoas em tratamento de doenças relacionadas com a fabricação de células do sangue e com deficiências no sistema imunológico podem ter o transplante como única esperança de cura. As principais são leucemias originárias das células da medula óssea, linfomas, doenças originadas do sistema imune em geral, dos gânglios e do baço, e anemias graves (adquiridas ou congênitas), dentre outras.
Para que se realize o transplante de medula é necessário haver uma total compatibilidade entre doador e receptor. Caso contrário, a medula será rejeitada. A análise de compatibilidade é realizada por meio de testes laboratoriais específicos, a partir de amostras de sangue do doador e do receptor, chamados de exames de histocompatibilidade. Com base nas leis da genética, as chances de um indivíduo encontrar um doador ideal entre irmãos (mesmo pai e mesma mãe) é de 25%, enquanto entre indivíduos não aparentados, é, em média, de 1 em 100 mil.
Quem pode doar
Há alguns critérios definidos pelo Ministério da Saúde para o processo de doação de medula óssea, como por exemplo, ter entre 18 e 55 anos de idade, estar em bom estado de saúde, preencher uma ficha com informações pessoais e coletar uma amostra de sangue com cinco ml para testes de compatibilidade. As informações pessoais são inseridas no banco de dados Redome e o cadastro ficará ativo até os 60 anos de idade do doador. Antes da doação, o doador faz um rigoroso exame clínico, incluindo exames complementares para confirmar o seu estado de saúde. Não há exigência quanto à mudança de hábitos de vida, trabalho ou alimentação.
A medula óssea do doador se recompõe em apenas 15 dias. Nos primeiros três dias após a doação, pode haver desconforto localizado, de leve a moderado, que pode ser amenizado com o uso de analgésicos e medidas simples. Já o receptor deve se submeter a um tratamento que destrói as células sanguíneas doentes de sua medula óssea, e recebe as células sadias como se fosse uma transfusão de sangue.
Com mais de 3 milhões e 700 mil doadores cadastrados, o Redome é o terceiro maior banco de doadores de medula óssea do mundo. Reúne todos os dados dos voluntários à doação para pacientes que não possuem um doador na família. A chance de se identificar um doador compatível, no Brasil, na fase preliminar da busca é de até 88%, e ao final do processo, 64% dos pacientes têm um doador compatível confirmado.
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