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Reconhecimento

Artesãs do Casarão das Rendeiras produzem rendas para importante marca brasileira

“Através da beleza dos produtos, conseguimos divulgar esse saber cultural, incentivando também a economia criativa”, Nice Nunes, coordenadora da marca.

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Redação

Por Redação

Foto: Acervo CNFCP fotógrafo Francisco Moreira/PMF
Foto: Acervo CNFCP fotógrafo Francisco Moreira/PMF

As mãos de pele fina evidenciam que o tempo passou. Mas, quando o assunto é a paixão pelo vai e vem dos bilros que, como um a dança sincronizada, criam formas através do conhecimento herdado, aquelas mesmas mãos também mostram a força da tradição.

Tradição essa que desembarcou em Florianópolis há quase 300 anos e, ainda hoje, é uma rotina na vida de cerca de 35 mulheres. Com idade entre 50 e 88 anos, as rendeiras do Casarão da Lagoa se dedicam não apenas a um trabalho, mas em não deixar a história se perder.

Criado em 1994, o grupo se reúne duas vezes por semana para tecer e, enquanto trabalham, também cantam ratoeira, outra herança da Ilha de Santa Catarina, e trocam experiências e confidências. Durante as conversas, produzem rendas de diferentes técnicas: tradicional, Maria Morena e Tramoia.

Em 2020, porém, por causa dos desafios que o ano impôs, as rendeiras tiveram que abrir mão dos encontros rotineiros e repletos de proximidade. No entanto, não precisaram deixar de lado o hobby, que contribui para o bem-estar e o orçamento familiar. Com uma grande encomenda de rendas, as senhoras seguiram trabalhando e, agora, meses depois, vão ver o resultado dessa dedicação exposto Brasil afora.

Ganhando formas quase que exclusivas, as rendas foram transformadas em peças de uma coleção cápsula da marca catarinense Lez a Lez. O objetivo: resgatar e fortalecer a cultura deixada pelos açorianos no Litoral do Estado.

Conforme Nice Norzina Nunes, coordenadora colaborativa junto ao grupo das rendeiras no Centro Cultural Bento Silvério, a parceria valoriza o trabalho das artesãs. “Através da beleza dos produtos, conseguimos divulgar esse saber cultural, incentivando também a economia criativa”, ressalta.

Com dez referências, a coleção cápsula chega ao e-commerce da marca na próxima semana. As peças ainda serão comercializadas nas lojas da Lez a Lez em Jurerê Internacional e na famosa Rua Oscar Freire, em São Paulo.

Rendeiras

O grupo de rendeiras do Casarão da Lagoa foi criado por causa da necessidade de repassar o aprendizado dos pontos de Tramoia e Maria Morena, que somente as artesãs do Sul da Ilha faziam. Desde então, as mulheres se reúnem para produzir, juntas, as rendas. Elas são vendidas em feiras. Esta é a primeira vez que uma grande marca de moda utiliza o material para criar peças comercializadas em todo o país.

Renda


A Renda de Bilros é uma herança açoriana em Santa Catarina. Produzida sobre almofadas, a partir dos bilros (objetos de madeira nos quais a linha fica enrolada), ganha diferentes formatos exigindo atenção, delicadeza e muita dedicação. Com foco na manutenção desse saber, o Grupo Lunelli, detentor da marca Lez a Lez, ainda doou almofadas e cavaletes novos ao grupo de rendeiras do Casarão da Lagoa

Valorização


Além de fortalecer o trabalho das rendeiras de Florianópolis, a Lez a Lez também já firmou parceria com o Mercado da Palha, com sede em Minas Gerais. Recentemente, uma coleção de bolsas foi lançada nacionalmente utilizando as matérias-primas naturais trabalhadas pelas mãos de artesãs que herdaram o dom de transformar palha em arte.

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