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“São trabalhadores participando das propostas para os trabalhadores”, diz Leandro Brugnago, pré-candidato a prefeito de Lages

O pré-candidato participou de uma entrevista na Rádio Clube nesta quarta-feira (26)

• Atualizado

Alessandra Simionato

Por Alessandra Simionato

Leandro Brugnago, pré-candidato à Prefeitura de Lages | Foto: Alessandra Simionato
Leandro Brugnago, pré-candidato à Prefeitura de Lages | Foto: Alessandra Simionato

O entrevistado desta quarta-feira (26) na série de entrevistas com os pré-candidatos à Prefeitura de Lages, foi Leandro Brugnago Borges (PCO). Morador do bairro Novo Milênio, tem 33 anos, é marceneiro, músico e sonoplasta.

Na eleição passada, em 2022, disputou pela primeira vez ao um cargo público, com chapa pura, e buscou o cargo de governador de SC. Agora retorna a política colocando o nome como pré-candidato à prefeitura de Lages pelo PCO (Partido da Causa Operária).

O que motivou o pré-candidato a colocar o nome a disposição  à Prefeitura de Lages? 

O que motivou é o que motiva a existência do Partido da Causa Operária. Trazer a política para os trabalhadores. Porque a gente vê a política brasileira, não só de Lages, mas a política catarinense e nacional, sendo feita por empresários, de vários ramos, doutores, mestres, mas o trabalhador, aquele pessoal que tá lá na sua casa, não faz parte. Essas pessoas têm que trabalhar também na política, elas têm que participar da política, para que as pessoas se sintam representadas. Para o trabalhador dos bairros, aquela pessoa que trabalha na fábrica. É isso que me motivou e é isso que motiva a existência do Partido da Casa Operária. 

O pré-candidato está a quanto tempo na política, há quanto tempo no partido? 

Eu estou no partido há cerca de 10 anos. Eu participo ativamente do partido, sou militante. Já fui presidente do diretório do partido. A gente traz essa nossa luta política em todas as esferas, para não ficar só aquele negócio de política sinônimo de eleição. Para gente, a política não é sinônimo de eleição e o nosso partido está ativo também nos sindicatos, nos movimentos sociais, participando. Eu participei da última campanha como candidato a governador do estado, onde a gente também teve a mesma proposta e levou essa luta dos trabalhadores e nossas reivindicações junto a todo o veículo de mídia também.

O que o pré-candidato identificou em relação a Lages na causa operária que não está sendo atendido e que realmente fez o senhor se propor a trazer o partido da causa operária nessa disputa?

Em certos momentos, a cidade de Lages, mesmo a infraestrutura, ela não suporta e parece que ela não valoriza o trabalhador. Um bom exemplo disso é o transporte público da cidade. No bairro onde eu moro, Novo Milênio, o ônibus não consegue pegar os trabalhadores e levar até as fábricas. Ou você acorda muito cedo, vai até um ponto que é muito longe, ou você nem consegue um emprego porque a maioria das fábricas da cidade de Lages, por exemplo, elas não contratam pessoas que não têm o transporte próprio. Os horários [de ônibus] são muito insuficientes e não condizem com os horários das empresas. Isso é um grande problema.

E como fazer para melhorar esse transporte público no dia a dia?

Eu acho que a Prefeitura de Lages não pode mais aceitar a empresa que faz o transporte público do jeito que está. Tanto que a gente vai propor uma certa municipalização desse transporte. Mais para frente a gente vai construir essa ideia junto com nossos técnicos. Durante a pandemia, como era a regra para tentar brecar a pandemia, era a redução dos horários dos ônibus. Pós-pandemia esses horários não retornam. E eles aproveitaram a fragilidade que tiveram, nesse momento crítico, para simplesmente cortar certos horários de ônibus. A gente vai levar para nossa campanha uma defesa da municipalização do transporte público.

No caso da administração pública, qual a experiência do senhor para administrar Lages, se caso, confirmar nas convenções o seu nome pelo partido da causa operária e vencer a eleição e assumir a prefeitura a partir de 2025?

A gente sabe que a caminhada é muito difícil. Também estamos usando o nosso espaço para também levar as nossas reivindicações. Eu, particularmente, nunca fui um servidor público, nunca tive um mandato, assim como outras pessoas também não tiveram. Eu também sou novo, sou uma pessoa de 33 anos, não tem como cobrar de mim que eu tenha 10 anos de administração num lugar, 15 anos de outro, porque a minha vida política começou faz pouco tempo .

O pré-candidato se sente preparado para administrar o município como Lages e teria já também em planejamento uma equipe caso fosse eleito prefeito?

Essa equipe ainda está sendo estudada, ela não é uma equipe pronta. Até porque a gente também tem que estudar as demandas da cidade. Mas assim, eu me sinto preparado e me sinto também preparado para fazer a defesa do que a gente entende. Mesmo que a gente não seja eleito, a gente vai fazer uma campanha para levar as nossas reivindicações também que o Partido da Causa Operária acredita. As eleições também podem ser uma tribuna de defesa para reivindicações dos trabalhadores.

Na visão do pré-candidato, qual seria a prioridade de Lages hoje?

A prioridade de Lages, eu acredito que é uma reformulação da Prefeitura. Existe um gasto exorbitante da Prefeitura, porém o número de servidores efetivos da Prefeitura não é tão grande. E o número de terceirizados da prefeitura é gigante. É muito cargo político dentro da prefeitura. Praticamente todos os comissionados fazem parte do partido, tanto do prefeito quanto do vice-prefeito, ou dos partidos satélites que estão ali. Então, eu acho que isso aí não é uma administração pública, é uma administração política. Na minha opinião, o prefeito tem que escolher, o alto clero da prefeitura; seus secretários e cargos mais centrais. O restante, tem que ser servidor público. Pessoas efetivadas, pessoas técnicas que têm essa capacidade para exercer tal função.

Quais seriam os partidos que têm uma ideologia parecida com o Partido da Causa Operária e que poderia estar junto nesse projeto?

A gente tem vários partidos com afinidades, mas também tem diferenças. A diferença é que o Partido da Causa Operária, não vai deixar de ser o que é, às vezes, por uma aliança política. Tanto na direita, quanto na esquerda, quanto no centro. Cada partido têm o seu estatuto, que é obrigatório pela lei brasileira. E nessas coligações, muitas vezes, eles vão com um partido que é contra aquilo que eles pregam. Só para ganhar um cargo aqui, um cargo ali, e de repente conseguir eleger mais pessoas. A gente não tem problema nenhum em ter um candidato de outro partido na cabeça de chave como vereador e ter a nossa chapa como executivo. E a gente pode apoiar as pessoas nos nossos bairros também. Tudo isso vai ser construído coletivamente com o partido.

Nessa questão da causa operária que o pré-candidato prega. Como é a sua visão em relação ao empresário? Como seria a política pública caso o senhor vença a eleição?

O pessoal não pode colocar a gente como se fôssemos um inimigo do empresário. No sistema financeiro que a gente vive, a gente sabe que as empresas contratam os trabalhadores. A gente valorizando o trabalhador, a gente também está valorizando o empresário. Um trabalhador bem empregado, um trabalhador com boas condições, ele favorece muito o dono do mercado, que é um empresário, e todos os seus entornos. É uma economia de giro. Mas o que sustenta tudo isso, que é o pilar da sociedade, são os trabalhadores. Até porque os trabalhadores também pagam impostos, esses impostos podem ser usados também.

Qual a opinião do pré-candidato sobre o emprego em Lages? 

Uma pessoa andando na rua, vê que a economia da cidade está mais ativa, como se fosse há 15 anos. Só que também a gente não pode só ter uma cidade que tem emprego e esses empregos são subempregos. Tipo, muita informalidade, e a gente tem que colocar um parâmetro, o que é um emprego e o que é uma pessoa fazendo bico e dizendo que é emprego.

Não é difícil o poder público conseguir colocar o dedo dentro de uma empresa privada? Como seria feito isso? Como seria feita essa ação da prefeitura dentro de uma empresa privada, sendo que a gente tem um mercado livre?

Em nenhum momento eu falei que tinha que colocar o dedo na empresa. Mas existem leis que podem dar um incentivo. Isso acontece muito, por exemplo, incentivo financeiro, incentivo de treinamento, incentivo de várias formas. O poder público pode sim, incentivar as empresas a terem um melhor rendimento. E é o rendimento que vai fazer as empresas crescerem.

Teria que melhorar, então, o apoio a essas pequenas empresas no município?

O apoio e a comunicação. Tem empresas que nunca ouviram falar de um programa da prefeitura de incentivo, que tem. Só que isso ainda é insuficiente, não atinge. Não chega em quem mais precisa que é o empresário que tá começando. 

Nesse momento dessa política de negociação o senhor falou que o partido da causa operária tem diretrizes muito fortes, uma ideologia muito forte na luta pelos direitos dos trabalhadores. Mas se caso um outro partido chegar com um outro projeto e querer que você seja vice?

É possível desde que ele faça o nosso programa, seja coincidente com o nosso programa. Caso não seja, a gente prefere não participar. A gente não pode entrar em contradição nesse momento. A gente é um partido pequeno e a gente é um partido que preza por essa nossa ideologia.

Qual é o seu conhecimento sobre os bairros da cidade, o senhor tem visitado, tem conversado com as pessoas, o que o senhor sabe sobre a situação dos bairros?

Olha, na minha caminhada, se tem um lugar que eu conheço na cidade, é bairro. Eu vim de bairro, eu sou de bairro. Sempre conheci os bairros, sempre fui dos movimentos sociais, apoiei as associações de moradores. Tem lugares das cidades de Lages, que são intransitáveis, não conseguem sair de casa. Tem lugares aí que não passam nem carros e que o pessoal tem que andar pulando valeta. A Constituição Brasileira diz que todo mundo tem direito de ir, vir, ter saúde e lazer. Tudo isso com cultura, emprego, moradia, que também já entra numa outra questão sobre o programa habitacional da cidade, que é praticamente inexistente.

Segundo o balanço apresentado na Câmara de Vereadores, referente ao ano 2023, Lages teria uma dívida a longo prazo de quase 110 milhões de reais. Esses números foram apresentados este ano, no primeiro quadrimestre, na Câmara de Vereadores pela própria Prefeitura. Como o pré-candidato pensa em administrar a cidade, sabendo o tamanho dessa dívida, que é considerada maior em dez anos?

Qualquer prefeitura que vá assumir no Brasil, tem dívidas. Tem que fazer um levantamento. O problema não é ter as dívidas em si, mas saber se esse dinheiro que veio dessas dívidas foi bem empregado. Porque há muitas dívidas que as prefeituras acumulam, que é só por má administração. Também por muita corrupção. Muitas são provenientes de contratos, tipo superfaturados, acordos de gabinete. Entra no nosso propósito de coleta de lixo também da cidade, que boa parte dessa dívida entrou, com tudo isso que aconteceu com as últimas empresas. Por isso que, inclusive, para conter essas dívidas, tanto o nosso partido quanto outros partidos de esquerda defendem um serviço público mais forte. Muita parte dessas terceirizações, elas fazem nada mais do que corrupção, compra de voto, Caixa 2, onde essas terceirizadas entram e fazem o que querem, ganham dinheiro e colocam um serviço bem abaixo do esperado, como é o caso das empresas que fazem a coleta de lixo na cidade, tanto a anterior quanto a nova, que é praticamente a mesma empresa. A gente tem uma proposta de criação de uma autarquia de coleta de lixo para a cidade, porque é impossível uma cidade que pagou tanto por uma empresa como foi a Serrana anteriormente, e se eu não me engano é Versa agora. Com tantos casos de corrupção dentro dela, e gastando todo esse dinheiro.

Pré-candidato, nessa questão da causa operária que o senhor prega bastante, o que seria a primeira ação caso o senhor vença a eleição? 

A primeira ação seria a criação da autarquia de coleta de lixo da cidade. E a questão da municipalização do transporte público. E a partir disso entraria em um planejamento total que como um transporte público mais forte na cidade, ele também teria que ter uma infraestrutura de mobilização melhor na cidade, porque também não adianta encher a cidade de ônibus e as ruas não ter essa condição de suportar. 

Sobre a questão dos animais, tem alguma proposta para melhorar isso, para que o animal seja mais bem cuidado e não tenha tantos cães abandonados pelas ruas?

Esse tipo de trabalho já existe. O que é principalmente a castração dos animais, esse controle de zoonoses. O que também entra em uma parte da saúde pública. O descaso com os animais traz doenças para as pessoas, então boa parte do controle dos animais quem faz é o centro de zoonose. Só que esse serviço tem que ser ampliado, tem que chegar em todos os lugares. Então talvez a ampliação e uma reformulação desses programas que já existem, a gente não vai ter inventado a roda, a gente sabe como é que faz esse controle desses animais. É uma castração para que eles não comecem a se reproduzir de forma exagerada e também dêem pelo menos uma vida digna para esses cachorros, até porque eles são seres vivos, eles não podem estar ali passando fome , passando frio na rua.

Muito se fala sobre uma gestão enxuta e bem funcional. Na sua fala do partido da causa operária, a Prefeitura iria abraçar mais serviços, aumentaria essa máquina pública?

Muitos candidatos que vêm aqui, muitos partidos, eles defendem enxugar a máquina pública na parte do servidor, na parte dos comissionados nunca querem enxugar. Uma forma de não gerar um gasto tão grande é ter mais servidores na prefeitura, servidores mesmo. A máquina pública está inflada por conta do tanto de cargo político que tem nela. Você coloca uma pessoa comissionada que ganha cinco vezes ou que um servidor ganha. E sempre na hora de vamos enxugar, vai se falar sobre déficit de previdência, vai sempre se falar de funcionários que não fazem nada, concurso público é sempre o mínimo de pessoas. Enquanto isso, secretários de partidos, tesoureiros de partidos, têm toda a sua família trabalhando na prefeitura, porque têm um certo vínculo forte com a prefeitura ou com os partidos satélites.

E na área da saúde? O pré-candidato conhece a realidade da cidade, conversa com as pessoas no dia a dia, o que elas comentam sobre a saúde?

A prefeitura tem que estar mais presente na saúde. O Sistema Único de Saúde, traz para gente essa proposta. Esse dinheiro é repassado muitas vezes para a prefeitura, que não cumpre. Por exemplo, em muitos bairros não tem postinho de saúde, não tem profissionais. Se você tomar cuidado com a saúde no bairro, a UPA não ficará lotada toda hora. Porque o controle de saúde que o posto de saúde faz, que a saúde da família traz para as pessoas, é uma certa prevenção de problemas. Claro que uma UPA, um pronto-socorro vai estar cheio, se metade dos bairros da cidade não tem posto de saúde. Muitas dessas coisas não precisam ir para uma emergência. 

Com a ideologia tão forte do partido, como seria essa relação com o governo do estado, que é uma outra sigla partidária, uma outra ideologia, e até mesmo com o governo federal?

A ideologia é forte, mas o que a gente busca é muito mais. É obrigação do poder público. Não podem negar recursos ou, além disso, isolar uma prefeitura por causa de um outro partido. Inclusive, o laço que o governo Lula tem com Santa Catarina em questão de verbas do Sul é muito maior do que o Bolsonaro tinha. Que era um governo mais conciliado com o governo, na época, estadual. Porém, Santa Catarina recebeu muito mais recursos nesse governo Lula do que no último governo Bolsonaro. A ideologia com certeza vai influenciar, mas tem que influenciar de uma forma que não chegue a atrapalhar. 

Leandro Brugnago em entrevista para a Rádio Clube de Lages | Foto: Alessandra Simionato

Para assistir a entrevista completa com Leandro Brugnago, acesse nossa live no youtube:

Ao todo, Lages tem nove pré-candidatos. As entrevistas estão sendo transmitidas ao vivo e com imagens no programa Clube Comunidade, a partir das 10h. Para assistir acesse o Facebook da Rádio Clube de Lages ou no YouTube pela Clube TV.

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