“Poncho Miliqueiro” leva o 1º lugar na 31ª Sapecada da Canção Nativa
A melodia emocionou a plateia neste domingo (15)
• Atualizado
A 31ª Sapecada da Canção Nativa, um dos mais prestigiados festivais da música nativista, consagrou a composição “Poncho Miliqueiro” com o 1° lugar , em uma noite de muita emoção e reconhecimento. O intérprete da canção, Pirisca Grecco, conhecido por sua trajetória e talento no cenário musical gaúcho e catarinense, celebrou a vitória com grande entusiasmo, marcando um momento significativo não só para sua carreira, mas para toda a Serra Catarinense.
A canção “Poncho Miliqueiro”, com letra de Evair Suarez Gomez, música de Juliano Marciom Gomes Ávila e a interpretação marcante de Pirisca Grecco, foi a grande campeã, levando também o prêmio de Melhor Intérprete.
O segundo lugar foi para “Coxilha Pobre”, com letra de Luiz Pedro M. Zamban e música de Ricardo Oliveira. A obra, um Rasguido-Doble interpretado pelos lageanos Ricardo Oliveira, Daniel Silva e Ricardo Bergha, também garantiu Melhor Tema sobre a Região Serrana, Melhor Conjunto Vocal e Música Mais Popular.
A terceira colocação ficou com “Rabisco”, de José Maurício Rigon (letra, música e interpretação de Joca Martins), que também levou o prêmio de Melhor Melodia.
Melodia campeã
Em entrevista à Rádio Clube FM após o anúncio, Pirisca expressou sua imensa felicidade. “Muitas graças, muito feliz com essa conquista”, declarou o músico. Com 25 anos de participação na Sapecada, o artista destacou a importância de ser premiado e, especialmente, de conduzir o primeiro lugar.
“Estar sendo premiado hoje, destaque como intérprete, conduzir o primeiro lugar do festival, que a gente sabe que é um mérito muito grande de quem escreve, de quem faz a música, o arranjo. Então poder contribuir com isso é uma satisfação”, afirmou Pirisca.
Para ele, a vitória de “Poncho Miliqueiro” representa mais do que um prêmio pessoal. É um reconhecimento à força da composição e ao impacto que ela gerou. A música, que emocionou a plateia e a banda, aborda um tema universal e comovente: o esforço de um pai de família para educar seus filhos, que por vezes precisa negociar bens valiosos para garantir o futuro da prole. “É um choro bom, não é uma tristeza, é um choro de emoção que é uma verdade”, explicou Pirisca.
Veterano do movimento nativista, Pirisca ressaltou a responsabilidade de dar um bom exemplo e de se manter competitivo, buscando sempre mais foco e lucidez.
“A gente se enxerga como um veterano já do movimento, mas ao passo que surgem novos talentos a gente se senta na obrigação de não repetir o ano, mas sim dar um bom exemplo, voltar competitivo, com mais foco, com mais lucidez. Eu acho que tudo isso são ingredientes que levam ao êxito”, ponderou.
Edição histórica
A edição deste ano foi considerada histórica, marcando a retomada da Sapecada “aos braços do povo”. Pirisca celebrou seu tricampeonato no festival, além de contabilizar o sexto ou sétimo prêmio de intérprete em sua carreira. Nascido em Uruguaiana, no Rio Grande do Sul, o músico, que foi inspirado por nomes como Vitor Hugo, Leopoldo Rassier e Passarinho, expressou o desejo de ser uma inspiração para as novas gerações. “O nosso dever, eu acho que é mais que o discurso bonito, é dar um bom exemploe e ser inspiração para alguma criança”, ressalta o intérprete.
Letra da melodia
Poncho Miliqueiro
(Milonga)
Este poncho miliqueiro, dormindo por sobre a anca
Basteriado das andanças, ungido a fogão tropeiro
Desbotado o azulego, poncho véio do estado
Anda lobuno, já pardo, dando pouso pra’os “aujeros”
Este poncho miliqueiro, que entrego pra o bolicheiro
De garoas e pampeiros, tem de sobra pra contar
Foi parte do pagamento, por essas coisas da vida
Já me serviu de guarida, hoje pra o guri estudar
Este poncho miliqueiro, lhe troco por material
Um cadernito comum, desses sem o aspiral
Anda escasso o peão mensal, tudo é na volta da changa
Essa bombacha paysana, me acolhera com a alpargata
Lápis de cor, uma borracha e um tubito de tenaz
Com este poncho, quanto mais material levo por ele?
A mochila na parede, quanto falta pra eu levar?
Peão de tropa, capataz, alambrador ou caseiro
Peão pra cima dos arreios, peão por dia, tanto faz…
Este poncho miliqueiro, que ganhei faz muito tempo
Lhe entrego, seu Manoel Bento, em troca de material
Lápis de cor, borracha, caderno sem aspiral
Um tubito de tenaz, mochila, umas alpargatas
Era o que fazia falta… outro dia volto por mais!
Não viu? Confira a transmissão da 31ª Sapecada da Canção Nativa pela Rádio Clube de Lages
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