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Investigações

PF apura interferências no caso da prisão do ex-ministro Milton Ribeiro

Operação investiga Milton Ribeiro e também os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura

• Atualizado

SBT News

Por SBT News

Da esquerda para a direita, Presidente Jair Bolsonaro, o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro e os pastores Arilton e Gilmar | Reprodução/Catarina Chaves/MEC
Da esquerda para a direita, Presidente Jair Bolsonaro, o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro e os pastores Arilton e Gilmar | Reprodução/Catarina Chaves/MEC

A Polícia Federal abriu na quinta-feira (23) uma apuração sobre “eventual ocorrência de interferência” indevida na Operação Acesso Pago, que resultou, na quarta-feira (22), na prisão do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro e de dois pastores aliados do governo Jair Bolsonaro (PL). 

“Considerando boatos de possível interferência na execução da Operação Acesso Pago e objetivando garantir a autonomia e a independência funcional do delegado de Polícia Federal, conforme garante a Lei nº 12.830/2013, informamos que foi determinada a instauração de procedimento apuratório para verificar a eventual ocorrência de interferência, buscando o total esclarecimento dos fatos”, informa nota divulgada hoje.

O jornal Folha de S. Paulo informou na quinta-feira (23) que o delegado Bruno Calandrini, que conduz as investigações de corrupção, prevaricação e tráfico de influência no Ministério da Educação na liberação de recursos para municípios, enviou mensagem aos demais policiais alegando “interferência na condução da investigação”. A informação foi confirmada pelo SBT News. A mensagem circulou ao longo do dia nos grupos de mensagens de delegados da PF.

Na mensagem, o delegado reclama da dificuldade para transferir Ribeiro da sede da PF em São Paulo para Brasília, como havia determinado o juiz da 15ª Vara Federal Criminal do Distrito Federal, Renato Borelli. 

“O deslocamento de Milton para a carceragem da PF em SP é demonstração de interferência na condução da investigação, por isso, afirmo não ter autonomia investigativa e administrativa para conduzir o inquérito policial deste caso com independência e segurança institucional.”

Entenda a prisão do ex-ministro

Na quarta-feira (22), Ribeiro – que deixou o cargo em março, após o escândalo se tornar público – foi preso pela PF em sua residência, em Santos (SP). Foram presos ainda os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura, que tinham livre acesso ao governo.

Santos e Moura são peças-chave nas investigações. Seriam eles que atuariam como espécie de lobistas, agilizando e cobrando propinas para liberação de recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) para prefeituras.

A ordem do juiz para a PF era conduzir os alvos para a Superintendência da PF no Distrito Federal na quarta-feira (22), para serem ouvidos na quinta-feira (23) em audiência de custódia. Borelli chegou a negar pedido da defesa do ex-ministro para que ele fosse ouvido de São Paulo, por videoconferência.

No final da tarde da quarta-feira (22), a PF informou que não poderia fazer a transferência. Hoje, o desembargador Ney Bello, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), determinou que Ribeiro e os demais presos fossem soltos.

A defesa do ex-ministro afirma que ele é inocente e que a prisão é indevida.

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Leia a íntegra da mensagem do delegado aos colegas:

“Muito obrigado a todos pelo empenho na execução da Operação Acesso Pago.

A investigação envolvendo corrupção no MEC  foi prejudicada no dia de ontem em razão do tratamento diferenciado concedido pela PF ao investigado Milton Ribeiro.

Vejo a operação policial como investigação na essencia e o momento de ouro na produção da informação/prova.

O deslocamento de Milton para a carceragem da PF em SP * é demonstração de interferência na condução da investigação, por isso, afirmo *não ter autonomia investigativa e administrativa para conduzir o Inquérito Policial deste caso com independência e segurança institucional.

Falei isso ao Chefe do CINQ  ontem, após saber que, por decidão superior, não iria haver o deslocamento de Milton Ribeiro para Brasília, e, manterei a postura de que a investigação foi obstaculizada ao se escolher pela não transferência de Milton à Brasília à revelia da decisão judicial.

As equipes de Gyn, Brasília, Belém e Santos, que cumpriram a missão de ontem, trabalharam  com obstinação nas ruas e no suporte operacional, um trabalho hercúleo para o cumprimento dos mandados durante a Operação Acesso Pago, literalmente se esforçaram 24/7 e foram aguerridos em capturar todos os alvos. Faço referência especial às equipes de GYN que, mesmo após a prisão, ainda escoltaram os presos via terrestre, para a SR/PF/DF, incontinenti.

No entanto, o principal alvo, em São Paulo, foi tratado com honrarias não existentes na lei, apesar do emoenho operacional da equipe de Santos que realizou a captura de Milton Ribeiro, e estava orientada, por este subscritor, a escoltar o preso até o aeroporto  em São Paulo para viagem à Brasília, 

Quantos presos de Santos, até ontem, foram levados para a carceragem da SR/PF/SP? 

É o que tinha a manifestar em lealdade a vocês que cumpriram a missão de ontem com o espírito do verdadeiro policial feceral (sic).

Abraço.

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