Equipe do SCC SBT desce em uma mina de 60 metros no município de Içara
A “Era do Carvão” já esteve ameaçada muitas vezes, mas o fim da atividade nunca pareceu tão próximo.
• Atualizado

A Equipe do SCC SBT desceu em uma mina de carvão da empresa Rio Deserto, no município de Içara. Acompanhamos uma troca de turno, onde quinze mineiros acessaram a área de extração. A descida, em um elevador, dura menos de um minuto e tem 60 metros. A escuridão e a umidade chamam a atenção, assim como o tamanho dos equipamentos usados na frente de trabalho. Máquinas enormes se deslocam pelos túneis, que formam praticamente um labirinto.
O local é supreendentemente bem ventilado, graças aos potentes exaustores que garantem a retirada da poeira e uma temperatura agradável no local. O brilho nas paredes mostra bem o potencial de extração que ainda existe na unidade. O carvão está por toda a parte. Os impactos da extração do carvão no Sul do Estado são os mais variados. Seja na história de avós, pais e filhos que atuaram na mineração, ou ainda no impacto ambiental causado por décadas de exploração. Agora, a preocupação também está por toda parte.
Será o fim de uma era?
A mineração em Santa Catarina teve início por volta de 1913, mas o auge do setor foi entre as décadas de 1940 e 1970. Foram anos de forte desenvolvimento econômico, em especial na região de Criciúma, Sul do Estado. A “Era do Carvão” já esteve ameaçada muitas vezes, mas o fim da atividade nunca pareceu tão próximo.
A preocupação dos Mineiros de Santa Catarina teve início quando a Engie, empresa que comanda a Usina Termoelétrica Jorge Lacerda, em Capivari de Baixo, anunciou um processo de descarbonização em suas unidades de todo o mundo. Com isso, ainda em 2018, a Usina, que fica no Sul do Estado, foi colocada a venda. Até o momento, apesar de alguns interessados, ainda não há compradores.
A Usina usa o carvão mineral extraído no Sul do Estado para produção de energia elétrica. A possibilidade que mais preocupa o setor é de que a termoelétrica não seja vendida e, assim, encerraria as atividades até 2023. A estimativa é de que o mercado carbonífero movimente cerca de 6 bilhões de reais por ano no Estado.
Além das mineradoras, que vendem 99% do carvão para a Engie, outras centenas de empresa ficariam sem condições de manter suas atividades. A estimativa é que mais de 20 mil pessoas sejam impactadas, direta ou indiretamente, com o fechamento. A Ferrovia Tereza Cristina, por exemplo, conta com quase 400 profissionais trabalhando em uma malha férrea de mais de 160 quilômetros. Hoje, o transporte de carvão representa 90% da atuação da empresa.
Veja imagens:
A preocupação está no olhar dos mineiros
Conversamos com alguns profissionais e o discurso é muito parecido. Marcos Pedro Martins é funcionário há 12 anos, ele ainda não sabe o que vai fazer caso a Usina encerre as atividades. “Temos medo, minha mulher não pode trabalhar e sou eu quem traz o pão de cada dia”, diz o Operador de Máquinas. Outro profissional relatou que ainda não sabe o que fará se ficar desempregado.
O fim inevitável
Para o historiador Carlos Renato Carola, os prejuízos sociais e ambientais não compensam a arrecadação do setor. “Milhares de pessoas morreram, muitos ficaram mutilados. Eu cresci ao lado de um rio poluído pela mineração, brincando em rejeitos de carvão. Acompanhei de perto o desenvolvimento da indústria carbonífera”, diz o professor.
O professor defender que seja feita uma transição que ponha fim a atividade carbonífera na região, “há anos nós estudamos isso, é preciso fazer uma transição gradativa, com subsídios aos trabalhadores e incentivo a novos mercados, como o turismo ou até mesmo a energia renovável”, conclui Carlos.
Confira matéria completa:
>> Para receber as informações mais importantes do dia pelo WhatsApp, gratuitamente, basta clicar AQUI!
>> PARA MAIS NOTÍCIAS, SIGA O SCC10 NO TWITTER, INSTAGRAM E FACEBOOK
Quer receber notícias no seu whatsapp?
EU QUERO