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Expansão de marketing digital é plano de mais da metade das PMEs

Segundo pesquisa da EY-Parthenon, os negócios que entraram na crise mais digitalizados foram menos impactadas.

• Atualizado

Estadão Conteúdo

Por Estadão Conteúdo

Foto: 200 Degrees por Pixabay
Foto: 200 Degrees por Pixabay

A transformação digital é uma realidade. Em meio à crise causada pela pandemia do novo coronavírus, muitas empresas não encontraram outra saída a não ser se adaptar para o meio digital, seja por meio de plataformas disponibilizadas ou pelo próprio e-commerce. Segundo pesquisa da EY-Parthenon, realizada com 300 PMEs (pequenas e médias empresas) brasileiras, os negócios que entraram na crise mais digitalizados foram menos impactadas. Os dados também indicam que 58% elas esperam utilizar mais canais de vendas online e 66% planejam expandir o marketing digital pós-pandemia.

Para Ivo Godoi, sócio-líder de estratégia e transações da EY-Parthenon, esse é um dos fatores que não vai mudar. “Obviamente existem alguns setores em que a tecnologia não vai poder ser usada dessa forma, mas para a maioria são muitas vantagens que ficaram claras. Há uma conveniência para os dois dados: para o consumidor, reduz a dor de cabeça de movimentação, enquanto para as PMEs amplia a janela de compra e venda.”

A Casa Santa Luzia, empório na capital paulista, é um desses negócios que sentiram a mudança no comportamento do consumidor após o decreto do isolamento social em São Paulo, ainda em março, e passou a investir fortemente no marketing e no relacionamento com o cliente.

O estabelecimento passou a fazer publicações diárias de conteúdo em redes sociais como Facebook, Instagram e Twitter, com foco também na comunicação e no relacionamento com o cliente. Também intensificou o contato com a clientela via e-mail marketing e ampliou os canais de venda online. Além de site próprio, com entrega para todo o Brasil, ainda mantém um canal de pedidos por e-mail e vendas por aplicativo de entregas, como Rappi.

Apesar de ter visto cair o faturamento nas vendas presenciais, como todo o comércio, o empório registrou um aumento de 350% nas vendas online. Hoje, são 5 mil itens disponíveis para compra no site e a expectativa é expandir para 19 mil até o primeiro semestre de 2021.

Essa mudança de modus operandi também levou a uma reconfiguração da atuação da equipe. Com aumento de 80% do ticket médio de compra nos últimos quatro meses, foi criado um setor para atender ao e-commerce e ao delivery. De 15 funcionários, agora são 40.

Queda no faturamento e busca por crédito

Mesmo com a alta digital e a retomada gradual do comércio, a pesquisa da EY-Parthenon registrou que 80% das PMEs entrevistadas, em julho, tiveram redução no faturamento. Dentre as áreas mais afetadas, o turismo se destaca com 94% das empresas atingindo uma diminuição de 25% ou mais no faturamento, seguido pelos setores imobiliário e de educação, nos quais 50% viram seu faturamento cair mais de 25%.

Foram poucas as empresas que conseguiram amenizar o impacto de outra maneira, conforme aponta o levantamento. Somente 1 em cada 4 PMEs cortou despesas e renegociou dívidas, enquanto 1 em cada 5 renegociou contratos com fornecedores.

“O ponto é que, normalmente, os fornecedores das PMEs também são PMEs. Não existe tanto a possibilidade de postergação dos pagamentos”, explica Ivo Godoi. Ele também fala que, de acordo com a pesquisa, foram poucas as PMEs que foram atrás de renegociação e de revisão das estruturas de custos.

“Muitos pequenos empresários já trabalham com uma estrutura financeira muito enxuta, sendo a maior despesa a folha de pagamento. Existe uma margem de manobra muito menor.”

Contudo, apenas 1 em cada 5 empresas optou pela Medida Provisória que permitia a redução da jornada de trabalho e de salários. Ainda assim, 28% acabaram demitindo funcionários e, entre essas, 50% demitiram entre 11% e 25% do total de empregados.

A busca por crédito para driblar o momento também foi registrada na pesquisa. Durante a crise, 26% delas buscaram novas linhas de crédito, principalmente por meio de bancos tradicionais (45%), seguido por bancos digitais (20%) e fornecedores ou parceiros comerciais (20%). Das empresas que contraíram crédito, 23% relataram que o processo está mais difícil do que antes da pandemia e 27% acreditam que o procedimento continua tão difícil como antes.

“A burocracia e a dificuldade para obter crédito são uma realidade. Muitas vezes envolve a garantia de sócios e/ou da pessoa física, e isso fez com que as PMEs ficassem mais relutantes e preocupadas quanto ao obter o financiamento”, completa Ivo.

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