Veja os cinco alimentos que mais encareceram nos últimos meses
A inflação avança sobre produtos que compõem as refeições dos brasileiros.
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Por: Ariane Ueda e Guilherme Resck
Batata-inglesa, queijo, hortaliças e verduras, frango, pão francês e carnes são alguns exemplos de alimentos que ficaram mais caros nos últimos 12 meses, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com a valorização das commodities – matérias-primas – no mercado internacional, desvalorização do real frente ao dólar e escassez de chuvas, a inflação avança sobre produtos que compõem as refeições dos brasileiros e aparece como mais um obstáculo para as pessoas conseguirem se alimentar de forma saudável e, em muitos casos, ter o que comer.
Na última quarta-feira (15), o Indicador de Inflação por Faixa de Renda, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), apontou que, somente no mês passado, as famílias mais carentes sentiram no bolso os aumentos de preços do frango (4,5%), dos ovos (1,6%), da batata (20%), do açúcar (4,6%) e do café (7,6%). Ainda no período, alimentos e bebidas deram a segunda maior contribuição (1,39%) para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que teve a maior variação para o mês em 21 anos. Já de agosto de 2020 a agosto de 2021, diz o IBGE, os cinco itens que mais encareceram tiveram altas de dois dígitos: pimentão (59,47%), açúcar refinado (37,74%), tomate (31,41%), carnes (30,77%) e frango inteiro (25,94%).
Na avaliação da doutora em ciência de alimentos Gláucia Pastore, professora da Faculdade de Engenharia de Alimentos da Universidade Estadual de Campinas (FEA/Unicamp), “a situação é dramática”. Em suas palavras, “com o agravamento do desemprego, mais a questão da pandemia e a inflação, subindo [o valor dos] alimentos, a expectativa é a pior possível. Porque de fato as pessoas de baixa renda já não têm possibilidade de comprar os alimentos necessários para o seu dia a dia, para sua alimentação saudável. Tomara ter algum alimento para comer. Parece que estamos voltando a 2002 quando a tratativa sobre segurança alimentar começou a ser intensificada”.
Insegurança alimentar
Levantamento da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede PENSSAN), afirma a professora, mostra que 116,8 milhões convivem com algum grau de insegurança alimentar, 43 milhões não possuem alimento em quantidade suficiente e 19 milhões enfrentam a fome. Confrontadas com o encarecimento de determinado alimento, muitas procuram uma segunda opção, mas, desta vez, reforça a professora, a alta afeta até mesmo o principal substituto: “A alternativa que a gente primeiro pensa é a questão do frango. Porque a carne de frango é muito rica em substâncias importantes para a saúde, em proteína de boa qualidade, ela confere certas propriedades até de relaxamento para as pessoas. O problema é que também está caro. Começou a ficar mais caro até do que a gente podia prever. Então a saída é na verdade passar para as partes do frango”.
“Hoje você tem inclusive os pés de galinha sendo buscados para fazer a sopa. E que na verdade é até uma coisa boa, porque o pé de galinha é rico mesmo em proteínas boas também. Não tão ricas quanto a carne de frango, mas ainda assim fornece algum tipo de nutriente bom”, completou. Os miúdos do frango, como coração, fígado e moela também são apontados por ela como alternativas, devido ao fato de terem ferro e vitaminas, por exemplo. Segundo a nutricionista Andrezza Botelho, as propriedades e equivalências nutricionais dos alimentos são os principais fatores a serem considerados no momento de substituir um alimento por outro.
“Sempre que possível, escolher alimentos da mesma classe como proteína animal optando entre o peixe, ovo, frango, carne de porco, cortes bovinos mais baratos podendo usufruir de outras técnicas de cocção facilitando a mastigação e aproveitamento. Tubérculos temos batata, batata doce, inhame, cará, mandioca. Se atentar com os rótulos também, o primeiro ingrediente é aquele que está em maior quantidade no produto. No final da lista aparecem nomes poucos familiares. Na maioria das vezes, aditivos químicos, emulsificantes, corantes e conservantes industriais”, acrescenta.
Brasileiros recorrem a alimentos mais baratos
Para não passar fome, brasileiros recorrem ainda a ossos. A professora da FEA/Unicamp reforça que, nesse caso, a pessoa terá “parte dos nutrientes e alguns minerais. Mas não vai ter proteína. Não vai ter a parte lipídeos boa, gordura voa. Não é o ideal, mas entre isso e entrar no estado de carência nutricional, que é a primeira porta para a internação, a gente tem que orientar as pessoas próximas que a gente conhece”. Alimentação, pontua Gláucia, é um elemento central para a saúde.
Confira dados sobre a inflação dos alimentos e os hábitos alimentares AQUI.
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