Afastamento de funcionários por Covid e gripe impactam funcionamento da indústria no Brasil
Setores de veículos automotores e o de materiais de construção são os mais afetados.
• Atualizado
Não é apenas o setor de serviços e o comércio que vêm notando os avanços da gripe e da variante Ômicron do coronavírus impactando o funcionamento de empresas neste início de ano, no Brasil. Ao menos dois segmentos da indústria registraram quantidades significativas de afastamentos de funcionários por problemas de saúde nas últimas semanas devido às doenças. São eles o de veículos automotores e o de materiais de construção.
Segundo a Associação Nacional das Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), “o absenteísmo nas empresas cresceu muito neste início de ano por conta das ondas de Covid e influenza”. “Todas as companhias reforçaram seus protocolos de segurança sanitária, com medição de temperatura várias vezes ao longo do dia, distanciamento, máscaras, álcool em gel e higienização constante de ambientes, equipamentos e postos de trabalho. A maioria dos funcionários não ligada à linha de montagem retornou ao sistema de home office”, completou a entidade em nota enviada ao SBT News.
A associação pontua que há uma “grande” preocupação entre as fabricantes no atual cenário da crise sanitária, tanto em relação à saúde dos colaboradores e familiares quanto “com problemas na cadeia de fornecedores que possam piorar ainda mais a crise de oferta pela qual o setor automotivo passa desde a metade do ano passado, quando se intensificou a falta de semicondutores usados nos itens eletrônicos”. A escassez de suprimentos para a indústria no país é provocada, por exemplo, por uma paralisação na produção de componentes em decorrência de medidas restritivas adotadas para conter o avanço da covid-19 na China.
Protocolos robustos de saúde
Por enquanto, diz a Anfavea, não é possível avaliar o impacto na produção provocado pela pandemia e surto de influenza neste início de ano, pois várias fábricas encerrarão as férias coletivas e retomarão as atividades nesta segunda-feira (17); a previsão é que sejam produzidos 9,4% mais veículos neste ano, em comparação com 2021.
Entretanto, o Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças) também afirma estar recebendo informações, de empresas associadas, sobre “aumento significativo de profissionais com sintomas de covid-19 e gripe, aumentando bastante o número de afastados”. A entidade pondera que as fábricas e escritórios do setor seguem “protocolos robustos de saúde”.
No caso da indústria de materiais de construção, nas primeiras semanas de janeiro, coronavírus e influenza levaram a afastamentos de funcionários e, em algumas empresas, adiamento da migração, para as atividades presenciais, dos colaboradores que estavam em home office. Isso é o que fala Rodrigo Navarro, presidente executivo da Associação Brasileira do segmento (Abramat).
Construção civil deve superar os desafios
Por outro lado, a entidade acredita que a cadeia da construção civil superará esses desafios relacionados à saúde, “com o aprendizado adquirido no enfrentamento da pandemia em 2020, seguindo todos os protocolos, e a aceleração da vacinação em 2021”. A previsão é que a indústria de materiais de construção fature 1% mais em 2022, em comparação com 2021. Também de acordo com Navarro, “a evolução da pandemia é uma das externalidades que foi considerada no planejamento das empresas do setor para este ano”.
Segundo a Confederação Nacional (CNI), a indústria teve 20,5% de participação no Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2020, enquanto a de transformação, da qual fazem parte a de veículos automotores e a de materiais de construção, por exemplo, teve 11,2%. Os resultados de 2021 deverão ser divulgados após o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) anunciar o PIB do quarto trimestre, o que está previsto para 4 de março de 2022.
Impacto nas companhias aéres
Na última segunda-feira (10), o Procon-SP notificou as companhias aéreas Azul, Gol e Latam para que expliquem à fundação de proteção e defesa do consumidor os cancelamentos de voos, promovidos nos dias anteriores, em decorrência do aumento de casos de covid-19 e gripe entre funcionários. Em comunicado, a última empresa havia dito que mais de 100 voos domésticos e ao exterior foram cancelados por causa de crescimento no número de infectados.
Em relação ao comércio, entidades representativas afirmam que o cenário de disseminação das doenças, em janeiro, tem prejudicado a receita das empresas, seja pelo afastamento de funcionários seja pelo temor de consumidores em irem aos espaços físicos.
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