EUA podem negar visto por obesidade, ansiedade e diabetes; entenda novas regras
A orientação lista uma série de enfermidades que podem pesar contra o candidato
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O governo de Donald Trump voltou a apertar o cerco contra estrangeiros que desejam entrar ou permanecer nos Estados Unidos. Uma nova diretriz, distribuída pelo Departamento de Estado às embaixadas ao redor do mundo, determina que solicitantes de visto com determinadas condições de saúde deverão passar por avaliações mais rigorosas, um movimento que acende o alerta entre especialistas em imigração.
A orientação lista uma série de enfermidades que podem pesar contra o candidato, incluindo obesidade, diabetes, doenças cardíacas, distúrbios metabólicos, problemas neurológicos, doenças respiratórias, câncer e até transtornos depressivos e ansiosos. A regra também afeta quem tem dependentes com deficiências ou condições crônicas que demandem cuidados especiais.
Segundo a diretriz, essas condições costumam exigir tratamentos caros e contínuos, o que poderia sobrecarregar o sistema de saúde norte-americano. A preocupação central está no conceito de public charge, quando o estrangeiro se torna financeiramente dependente do governo dos EUA. “A política norte-americana permite negar um visto quando há indícios de que o solicitante pode, no futuro, depender de assistência pública. Com essa diretriz, passa a existir uma associação direta entre condições de saúde e risco financeiro futuro, mesmo que a pessoa nunca tenha usado benefícios governamentais”, explica Marco Lisboa, CEO da Legale, rede especializada em assessoria para vistos.
Quem deve ser mais afetado
De acordo com Lisboa, os casos mais sensíveis serão os de processos de imigração e vistos de trabalho, que podem evoluir para residência permanente. Para vistos temporários, como turismo e negócios, o impacto deve ser menor, já que não existe expectativa de uso prolongado do sistema de saúde americano.
Com o aumento do rigor, a tendência é que os consulados passem a pedir mais evidências médicas, financeiras e documentais, além de haver maior risco de negativas caso o oficial interprete que há possibilidade de custos médicos significativos no futuro.
O especialista também chama atenção para outro ponto crítico, o potencial aumento de discriminação. “Muitas das doenças citadas são comuns e, em muitos casos, totalmente controláveis. Delegar a oficiais consulares a interpretação de diagnósticos e a estimativa de custos médicos futuros é extremamente complexo até mesmo para profissionais de saúde”, destaca.
Como se preparar para a nova regra
Para quem pretende solicitar um visto nos próximos meses, Lisboa recomenda uma preparação cuidadosa:
- Apresentar laudos médicos recentes, comprovando estabilidade ou controle da condição de saúde.
- Demonstrar capacidade financeira sólida, mostrando como eventuais tratamentos seriam custeados.
- Contratar um seguro de saúde robusto, adequado ao período de permanência.
- Ter clareza sobre seus planos nos EUA, articulando de forma objetiva o motivo da viagem e o tempo de estadia.
- Buscar assessoria especializada, principalmente quem estiver envolvido em processos de imigração, vistos de trabalho ou renovação de documentação em categorias sensíveis.
Lisboa reforça que, apesar do foco na saúde, os EUA continuam avaliando o conjunto da obra: idade, formação, experiência profissional, inglês, vínculos com o país de origem e capacidade financeira continuam no centro das análises.
Parte de uma política mais ampla de endurecimento
A diretriz divulgada agora se soma a uma série de medidas restritivas adotadas no segundo mandato de Donald Trump. Em agosto, o presidente proibiu a entrada de cidadãos de 12 países, sob alegação de riscos à segurança nacional. Estão na lista: Afeganistão, Birmânia, Chade, Congo-Brazzaville, Guiné Equatorial, Eritreia, Haiti, Irã, Líbia, Somália, Sudão e Iêmen.
O decreto também impôs restrições parciais a cidadãos de outros sete países: Burundi, Cuba, Laos, Serra Leoa, Togo, Turcomenistão e Venezuela. Para esses, a suspensão atinge vistos de turismo, negócios, estudo, intercâmbio e até tratamento médico.
Enquanto isso, o Serviço de Imigração e Alfândega (ICE) segue reforçando operações de deportação. De acordo com o Departamento de Segurança Interna, mais de 500 mil imigrantes ilegais já foram deportados desde janeiro, quando Trump iniciou seu segundo mandato.
A escalada de medidas endurece ainda mais o clima para quem deseja viver nos EUA, especialmente aqueles que dependem de processos migratórios longos, enfrentam condições médicas ou possuem familiares com necessidades especiais.
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