V Planeta.doc conferência discute futuro da humanidade em Florianópolis
Evento começa nesta segunda (22), às 14h no Centro de Eventos da UFSC
• Atualizado

O Planeta.doc Conferência vai reunir especialistas, ativistas, pesquisadores, estudantes e sociedade civil nas universidades federal e estadual de Santa Catarina, UFSC e Udesc, para debater os desafios socioambientais às vésperas da COP30.
Leia Mais
De 22 a 25 de setembro, cerca de 50 convidados nacionais e internacionais vão falar ao público no Planeta.Doc, em palestras no formato de TED-talks. Uma carta-manifesto assinada pelos participantes e com suas proposições e reflexões também será enviada à COP30. As inscrições são gratuitas. Os ingressos podem ser antecipados no portal Sympla.
“Estamos muito próximos de um ponto de não retorno na Amazônia, e isso pode afetar também o Pantanal, o Cerrado e a Caatinga. A mudança climática já está transformando nossos biomas de forma acelerada”, alerta o climatologista Carlos.
Nobre, um dos principais cientistas brasileiros a confirmar participação no V Planeta.doc Conferência. O evento reúne pesquisadores consagrados em universidades e centros de pesquisa do Brasil e do mundo, ao lado de lideranças dos movimentos socioambientais e de inovação social.
Entre os nomes confirmados para estar presentes no evento, estão o jurista Antonio Wolkmer, a professora Belinda Cunha, o teólogo Leonardo Boff, o economista Ladislau Dowbor, o historiador Célio Turino e a antropóloga Leticia Merino.
Por meio de falas gravadas em vídeo, o evento também contará com personalidades como a ativista canadense Maude Barlow, o cientista Antonio Donato Nobre, o economista mexicano Enrique Leff, o jurista italiano Ugo Mattei e o próprio Carlos Nobre. A programação completa da Conferência Planeta.Doc está no site do evento.
Durante quatro dias, especialistas e sociedade civil estarão reunidos nas sedes das duas maiores universidades de Santa Catarina para debater as principais ameaças à humanidade e também trazer um novo olhar para as soluções.
A conferência está organizada em três grandes eixos articuladores: Bens Comuns e a Virada Biocêntrica, Cidades Sustentáveis, Florestas e Água, Inovação Social, Impacto e Economia Regenerativa. “Não se trata apenas de diagnosticar a crise, mas de articular caminhos para a regeneração, para a construção de novas economias, novas cidades, novas relações com os bens comuns e com todas as formas de vida. A proposta da Conferência é catalisar essa virada, chamada de Virada Biocêntrica, colocando o valor da vida no centro das decisões políticas, econômicas e culturais”, destaca a diretora do evento e do Festival Planeta.doc, Mônica Linhares.
O evento começa na tarde de 22 de setembro, com a presença de nomes importantes como o teólogo Leonardo Boff; a doutora em Antropologia pela UNAM Letícia Merino; uma das vozes mais incisivas da ecologia política na América Latina; a filósofa, jurista e socióloga Camila Moreno; o diretor do departamento de educação ambiental e cidadania do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marcos Sorrentino; e o engenheiro agrônomo Marcos José de Abreu (Marquito).
O mesmo acontece nos outros dias de conferência, com presenças como o economista e professor da PUC-SP Ladislau Dowbor; o criador dos pontos de cultura no Brasil, Célio Turino; o professor da USP especializado em transição energética justa, Célio Bermann, para citar mais alguns desses profissionais.
Crise ecológica e crise social
Pesquisadores, artistas, ativistas, professores, estudantes e todos os interessados vão desenhar futuros possíveis e fortalecer ações concretas frente à crise climática e ambiental a partir da ideia de regenerar o planeta e alterar a forma como olha para a natureza e para o lugar do ser humano nela.
O sociólogo português, Boaventura de Sousa Santos, é conferencista e enviou sua participação em vídeo, em que relaciona a crise climática às sociais e do capitalismo.
“A destruição do ambiente e a crise ecológica são a outra face das crises sociais e políticas que estamos a enfrentar e que as políticas convencionais são cada vez menos capazes de resolver”, afirma o professor em declaração feita ao Planeta.doc.
Ele lembra que diversas correntes de pensamento têm procurado compreender o vínculo entre crise ecológica e crise social. “A maioria aponta para a necessidade urgente de uma mudança de paradigma, o que, por si só, indica tanto a gravidade da crise que estamos a atravessar como a magnitude do que está em jogo”.
Boaventura defende que a solução está “em substituir o dualismo humanidade/natureza por uma concepção holística centrada numa nova compreensão da natureza e da sociedade e das relações entre elas”.
O Planeta.doc propõe essa mudança de visão através do que chama de “virada biocêntrica”, um dos temas centrais do evento. É um conceito inovador que coloca a vida no centro do debate e das soluções. Não apenas a vida humana sendo mais importante que as demais.
O biocentrismo dialoga com diversas outras ideias e iniciativas. Cada vez torna-se mais comum a ideia do reconhecimento da natureza como sujeito de direitos. Por essa lógica, os recursos naturais deixam de ser considerados apenas fonte de recursos para o uso e exploração e passam a ter direitos que garantem a sua preservação. O oceano como agente de direitos, por exemplo, também é um tema que tem sido debatido e aprovado em leis.
Outro conferencista de renome, que enviou sua participação em vídeo para o Planeta.doc Conferência, é o economista mexicano e professor da Universidade Autônoma do México, Enrique Leff, um dos principais nomes da ecologia política na América Latina.
O professor Enrique Leff faz o debate sobre economia regenerativa e propõe uma nova lógica a partir da racionalidade ambiental. O conceito propõe uma reorganização da produção e do consumo com base na justiça social, no equilíbrio ecológico e na diversidade cultural. Ao invés de basear a economia somente na maximização do lucro, no crescimento contínuo e na instrumentalização da natureza.
Essa racionalidade crítica defende a democratização das decisões, a valorização de saberes locais e a construção de um novo paradigma civilizatório, orientado pela sustentabilidade e pela ética da vida. O pesquisador Enrique Leiff é considerado um pensador ambiental que compreende a complexidade no enfrentamento dos desafios ambientais atuais e que defende a necessidade de uma sociedade mais justa e equitativa para lidar com a questão.
“A racionalidade ambiental instaura os princípios de uma ética da vida que devemos assumir como humanos para a convivência pacífica da diversidade dos seus mundos de vida — que é a maior riqueza do patrimônio da humanidade”, afirma o economista em depoimento exclusivo ao Planeta.doc Conferência.
Carta-manifesto à COP30
O evento será realizado às vésperas da COP30, que acontece no Brasil em novembro, e vai produzir uma carta com reflexões, intenções e soluções, em nome de todos os palestrantes, que será enviada para o evento da ONU em Belém.
A carta-manifesto pretende ser um mosaico das vozes presentes na conferência e um chamado da ciência para a crise socioambiental. Cada cientista fará uma declaração por escrito e assinará uma carta geral para reunir as principais ideias e o consenso da conferência.
A Carta será entregue simbolicamente a representantes da COP30 na Conferência Regional da COP30 – Grande Florianópolis, no dia 25, dentro da programação do Planeta.Doc e organizado pela Comissão de Meio Ambiente da Assembleia Legislativa de Santa Catarina e da Escola do Legislativo.
Abertura do Festival Audiovisual
O Planeta.Doc Conferência também inaugura a 10º edição do maior festival de cinema socioambiental do Brasil. O Festival Internacional de Cinema Socioambiental – Planeta.Doc exibirá filmes com temática socioambiental selecionados e premiados pelo projeto.
Foram 1.300 filmes inscritos no festival, com mais de 300 filmes a serem exibidos ao longo dos próximos meses nos pontos oficiais do evento em Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, salas verdes do país e nas plataformas de streaming, Planeta na Escola e Planetadoc.org, com acesso gratuito.
A proposta foi selecionada pelo Prêmio Catarinense de Cinema, Edição Especial Lei Paulo Gustavo 2023, executada com recursos do governo federal e lei Paulo Gustavo de emergência cultural, por meio da Fundação Catarinense de Cultura.
O evento conta com apoio institucional da BRAVI (Brasil Audiovisual Independente), Instituto de Conteúdo Audiovisual Brasileiro (ICABI), Ministério do Meio Ambiente (MMA), Andifes, UFSC, Secart, Experimenta 2025, Sala Verde da UFSC, Curso de Cinema da UFSC, Labcine UFSC, Neambi, TV UFSC, UDESC,IFSC, Unicamp, Fundação Certi, Sapiens Parque, Impetu Hub, Prefeitura Municipal de Florianópolis, Secretaria Municipal de Turismo, Floripa Destino & Região, Hurbana, Santacine, Cine Bunuel, Cineclube Groovy, Cineclube Rogério Sganzerla, Museu da Escola Catarinense, FICA, SINEP-SC, Círculo Artístico Teodora, Ecomoda, IELA Aliança Francesa, Fundação Badesc, Costão do Santinho, Hotel Interclass, Mercado São Jorge, entre outros parceiros e espaços culturais de Florianópolis.
>> Para mais notícias, siga o SCC10 no Instagram, Threads, Twitter e Facebook.
Quer receber notícias no seu whatsapp?
EU QUERO