Tradição, economia e impasse judicial marcam início da safra da tainha em SC
A expectativa para a temporada é alta entre os pescadores
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Com o mês de maio se aproximando, a movimentação nos ranchos de pesca e a ansiedade nas comunidades litorâneas de Santa Catarina anunciam a chegada da safra da tainha 2025. A expectativa é alta entre os pescadores, mas uma disputa judicial ainda coloca incertezas sobre a pesca artesanal no Estado.
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A pesca da tainha é muito mais do que uma atividade econômica, é uma herança cultural catarinense, símbolo de cooperação, saberes tradicionais e conexão com o mar.
Em praias como a Brava, em Itajaí, pescadores como Nildo Vilmar dos Santos já estão nos preparativos. “Já estamos aqui no rancho de pesca da Praia Brava arrumando as redes e consertando a rede de pesca. Temos que deixar tudo pronto porque semana que vem começa a nossa safra desse ano”, contou. “Somos em mais de 20 pescadores aqui desse rancho e a gente se reveza para estar aqui à espera das tainhas.”
A temporada movimenta a economia e representa o sustento de milhares de famílias. As condições climáticas, como a temperatura da água e a formação dos ventos sul, são acompanhadas de perto.
“Já é possível observar a presença de cardumes em diversos pontos do nosso litoral”, afirma Tiago Bolan Frigo, secretário de Estado da Aquicultura e Pesca.
Segundo ele, a expectativa é de uma boa safra, como a de 2024, e o trabalho conjunto com o governo estadual tem garantido incentivos como o desconto no óleo diesel para embarcações.
Cota de pesca da tainha ainda gera impasse em Santa Catarina
Apesar do clima de otimismo, a imposição de uma cota de pesca que limita, pela primeira vez, a captura da tainha por embarcações artesanais — e que atinge exclusivamente Santa Catarina, gera tensão entre os pescadores.
A medida está sendo contestada no Supremo Tribunal Federal (STF) pela Procuradoria-Geral do Estado, que aguarda uma decisão do ministro Gilmar Mendes.
“O governador Jorginho Mello determinou que a PGE entrasse na justiça para reverter essa decisão de impor uma limitação do volume de pesca para os pescadores artesanais de Santa Catarina”, declarou o secretário Frigo.
“Entendemos que somente os pescadores catarinenses serão afetados por essa medida arbitrária, discriminatória e ao nosso ver inconstitucional”, acrescenta Frigo.
A indefinição preocupa as comunidades pesqueiras, que temem prejuízos caso a liminar não seja julgada a tempo. “Está indefinição está gerando uma grande apreensão entre os pescadores”, reforça o secretário.
As datas para a pesca em 2025 variam conforme o tipo de técnica usada:
- Arrasto de praia: de 1º de maio a 31 de dezembro
- Emalhe anilhado: de 15 de maio a 31 de julho
- Emalhe de superfície até 10 AB: de 15 de maio a 15 de outubro
- Emalhe de superfície acima de 10 AB: de 15 de maio a 31 de julho
- Cerco/traineira: de 1º de junho a 31 de julho
Vale lembrar que a pesca da tainha é reconhecida por lei como Patrimônio Cultural de Santa Catarina desde 2019.
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